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sábado, maio 18, 2024

Apoio de igrejas a pré-candidatos a prefeito de Manaus movimentam bastidores políticos

Ao O Convergente, o especialista Helso Ribeiro comentou sobre o apoio das igrejas na política em geral

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Nesta semana, o cenário político manauara foi surpreendido com alguns posicionamentos referentes a apoio a pré-candidatos a prefeito de Manaus. Um desses pronunciamentos foi do deputado federal Silas Câmara (Republicanos), que deve escolher entre David Almeida (Avante) e Roberto Cidade (UB), e o escolhido pelo parlamentar deve ganhar o apoio não somente do partido, mas também das unidades das igrejas da Assembleia de Deus.

A participação de cristãos na política têm aumentado significativamente. Nas últimas eleições, por exemplo, o apoio dessa classe foi disputado por Jair Bolsonaro e por Lula. Em 2024, o cenário de buscar apoio de igrejas deve prevalecer nas eleições municipais, o que já está sendo observado em Manaus.

Para melhor entendimento sobre a força dos evangélicos nas eleições, na Câmara Federal, por exemplo, 15% dos parlamentares eleitos são nomes de relevância dentro de igrejas. A bancada evangélica, liderada pelo deputado Silas Câmara, possui 112 parlamentares, sendo 96 deputados e 16 senadores.

De acordo com o IBGE, em 10 anos, o total de evangélicos no Brasil subiu de 26,2 milhões para 42,3 milhões em 2010. A proporção dos evangélicos em relação à população do país avançou de 15,5% para 22,2%. Já os católicos caíram de 124,9 milhões, em 2000, para 123,2 milhões em 10 anos.

Na última semana, o deputado federal e pré-candidato a prefeito de Manaus Alberto Neto (PL) recebeu o apoio do presidente do Ministério Internacional das Relações (MIR), o apóstolo Renê Terra Nova, durante um culto religioso na capital amazonense.

“Oramos pelo nosso querido deputado federal Alberto Neto e pelos plano e projetos que o Senhor tem para a vida dele em Manaus. Liga com ele pessoas que vão ajudá-lo nesse tempo. Abençoamos o Marcel  [Alexandre] abençoamos os líderes dessa igreja, as famílias desse ministério”, disse Terra Nova ao lado de Alberto Neto.

Vale lembrar que Alberto Neto é filiado e é o nome indicado pelo PL para disputar o pleito. Nas eleições de 2022, o MIR também apoiou a candidatura à reeleição do então presidente Jair Bolsonaro, que chegou a conversar com os fiéis na igreja em uma chamada de vídeo.

Outro pré-candidato que deve contar com apoio da igreja é Roberto Cidade. Informações que circulam nos bastidores políticos apontam que Silas Câmara deve formar aliança com o União Brasil no pleito 2024 e, assim, trazer a força do Republicanos e da Assembleia de Deus.

Conforme noticiou O Convergente, o deputado federal tem afirmado que o presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) Roberto Cidade, ‘possivelmente’ o prefeito de Manaus no próximo ano. O deputado federal e presidente do Republicanos do Amazonas deve decidir quem deve apoiar como pré-candidato no fim do mês de junho ou início de julho.

Tanto o MIR quando a Assembleia de Deus já são conhecidas do atual prefeito de Manaus David Almeida, que também conta com o apoio da Igreja Adventista. Ambas as igrejas declararam apoio à candidatura de David Almeida nas eleições de 2020.

Apesar das perdas, David Almeida ainda possui apoio de outras duas igrejas. Esse diálogo foi traçado pelos aliados do prefeito, o líder da prefeitura na Câmara Municipal Eduardo Alfaia (Avante), que representa a Assembleia de Deus Madureira, e Wallace Oliveira (DC), da Igreja de Deus Pentecostal do Brasil, segundo informações dos bastidores.

Uma das igrejas mais tradicionais do Brasil, a Igreja Universal do Reino de Deus, ainda não se posicionou a respeito de um pré-candidato. No entanto, informações que circulam nos bastidores apontam que a igreja deve apoiar a pré-candidatura de Roberto Cidade.

Enquanto isso, os demais pré-candidatos que colocaram o nome à disposição na disputa: Amom Mandel (Cidadania); Marcelo Ramos (PT); Maria do Carmo Seffair (Novo); Wilker Barreto (Mobiliza), ainda não informaram se serão apoiados por alguma igreja.

Especialista comenta

Ao O Convergente, o cientista político Helso Ribeiro explicou que, com o passar do tempo, as igrejas têm aproveitado a fidelização dos membros para indicar nomes ao pleito. Ele ainda explicou que esse é um movimento que se originou com sindicatos, e que também já foi aderido no campo evangélico, católico e também do candomblé.

“Não é de hoje que grupos organizados acabam indicando nomes para os cargos públicos.  As eleições de um tempo para cá, durante um bom tempo, sindicatos eram talvez os maiores fornecedores de nomes de relevo. As pessoas tinham lutas trabalhistas e dos sindicatos emergiam nomes interessantes, às vezes sindicatos patronais também eram lideranças. De um tempo para cá eu diria que as igrejas aproveitaram a fidelização dos seus membros para indicar nomes”, disse.

Ribeiro ainda explicou que as igrejas têm trabalhado a fé dos membros e fidelizado os mesmos com os candidatos escolhidos por eles. “Hoje o que é muito comum de se ver são igrejas de cunho cristão evangélico, como se auto proclama igrejas neopentecostais, indicando nomes. Elas trabalham muito com a fé das pessoas e fidelizam as pessoas com os seus candidatos e isso tem prosperado. Eu penso que todos os grupos organizados e incluem as igrejas eles têm esse papel relevante eles representam a sociedade civil organizada”, afirmou.

O especialista classificou o ato como “indústria da fé”, uma vez que os mesmos exploram a fé alheia e direcionam o membro para um candidato que segue a mesma religião. Helso Ribeiro enfatizou que o Brasil é um estado laico e que a religião não deveria ter influência na política.

“A gente tem que lembrar que o Brasil, desde a programação da República, se tornou um país laico de forma que nós não deveríamos ter influências das igrejas na política, mas não é o que ocorre. […] Essa indústria da fé às vezes utiliza fraquezas que as pessoas estão passando para fidelizá-las e a gente tem visto de certa forma isso prosperar”, destacou.

Leia mais: Sem nome definido, PSOL deve bater o martelo sobre pré-candidato a prefeito de Manaus no próximo dia 18

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Por Camila Duarte

Ilustração: Marcus Reis

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