O Ministério das Relações Exteriores defendeu, por meio de nota divulgada nesta terça-feira 22/2, a adoção de uma “solução negociada” para a crise entre Rússia e Ucrânia. O comunicado em questão foi apresentado um dia após o presidente russo, Vladimir Putin, ter reconhecido duas regiões separatistas da Ucrânia como independentes e ter anunciado o envio de tropas militares para o local com o intuito de “manter a paz”.
A Rússia vem mantendo militares na fronteira com a Ucrânia. Os Estados Unidos afirmam que o país governado por Putin quer invadir a Ucrânia. O governo russo, porém, nega tal intenção.
Em nota, o Itamaraty afirmou que “diante da situação criada em torno do status das autoproclamadas entidades estatais do Donetsk e do Luhansk, o Brasil reafirma a necessidade de buscar uma solução negociada, com base nos Acordos de Minsk, e que leve em consideração os legítimos interesses de segurança da Rússia e da Ucrânia e a necessidade de respeitar os princípios da Carta das Nações Unidas”.
O governo brasileiro frisou, ainda, que o Brasil tem apelado a todas as partes envolvidas para que evitem uma escalada de violência, pedindo também que estabeleçam, o mais breve possível, canais de diálogo capazes de encaminhar de forma pacífica a situação no terreno.
Rússia vs. Ucrânia – Segundo especialistas, o movimento pode inflamar ainda mais o impasse sobre uma escalada militar russa perto da Ucrânia, que tem alimentado temores do Ocidente de que Moscou possa invadir. A Rússia nega qualquer plano de invasão e acusa o Ocidente de histeria. A Rússia se opõe a entrada da Ucrânia na Otan, pois considera que a Ucrânia está na sua área de influência.
Visita de Bolsonaro à Moscou – O presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve na semana passada em Moscou, onde teve uma reunião com Putin. Na ocasião, o presidente brasileiro declarou solidariedade à Rússia e afirmou que Putin buscava a “paz”.
No mesmo dia, Bolsonaro tentou corrigir a fala ao dizer que o Brasil era solidário a quem tentasse resolver impasses de forma pacífica. Em seguida, declarou que não tomou partido “de ninguém”.
As declarações de Bolsonaro foram criticadas pelo governo americano, que viu a viagem do presidente à Rússia com maus olhos, acrescentando que o presidente brasileiro parece “estar do outro lado”.
Conselho de Segurança da ONU – A nota divulgada pelo Itamaraty reproduz a declaração do embaixador Ronaldo Costa Filho, representante permanente do Brasil na ONU, durante debate do Conselho de Segurança da Nações Unidas, realizado na segunda-feira 21/2 – o Brasil voltou a ocupar vaga temporária no colegiado.
Segundo o diplomata, o Brasil vem acompanhando os últimos acontecimentos com extrema preocupação. “Nas atuais circunstâncias, nós, neste Conselho, em representação da comunidade internacional, devemos reiterar os apelos à imediata desescalada e nosso firme compromisso de apoiar os esforços políticos e diplomáticos para criar as condições para uma solução pacífica para esta crise”, afirmou Costa Filho.
O embaixador disse, ainda, que um “primeiro objetivo inescapável é obter um cessar-fogo imediato, com a retirada abrangente de tropas e equipamentos militares” da região. “Tal desengajamento militar será um passo importante para construir confiança entre as partes, fortalecer a diplomacia e buscar uma solução sustentável para a crise”, explicou.
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Da Redação com informações do G1
Foto: Alan Santos/Planalto