Passados os períodos mais críticos da pandemia de Covid-19, a Prefeitura de São Sebastião do Uatumã (a 246 quilômetros de Manaus) parece ainda querer se “aproveitar” do momento pandêmico para justificar o gasto de mais de R$ 550 mil com serviços funerários. Somente com traslado fluvial, a gestão do prefeito Jander Barreto (Republicanos) pretende gastar R$ 72 mil e com 60 coroas de flores mais de R$ 21 mil.
O contrato firmado com a empresa Suely R. do Prado vai custar aos cofres públicos do município o valor total de R$ 551.260,00. Os valores dos serviços e de produtos como urnas funerárias, aluguel de capelas, carro funerário e de remoção, castiçais e velas estão descritos na Ata de Registro de Preço nº 026/2021, referente ao processo licitatório do Pregão Presencial para Registro de Preços Nº 026/2021-CPL.
O documento referente a licitação, ocorrida no mês passado, foi publicado no Diário Oficial dos Munícios do dia 10/9. Conforma ele, a licitação teve como objetivo a “Contratação para prestação de Serviços Funerários, para atendimento de falecimentos de pessoas de famílias de baixa renda, a pedido da Secretaria Municipal de Assistência Social”.
Conforme o último boletim da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto – FVS-RCP/AM, divulgado nessa terça-feira, 21/9, desde de março de 2020 até o dia de ontem, o município de São Sebastião do Uatumã registrou 19 óbitos e 1.612 casos confirmados de Covid-19.
Assim como a ata de registro de preço, o Extrato da Homologação também só foi publicado no Diário oficial dia 10 de setembro, dois meses após a empresa ter sido atestada como vencedora do certame. A homologação do contrato foi assinada pelo prefeito Jander Barreto no dia 1º de julho deste ano.
Confira os documentos:
Contestação – A licitação para contratação de serviços funerários levantou suspeita entre alguns moradores do município, já que outras licitações suspeitas foram feitas, recentemente, pelo prefeito Jander Barreto. Um dos casos lembrados pelos moradores foi a compra de produtos de informática com empresas supostamente fantasmas, em julho deste ano.
“Eu acho estranho essa contratação. Não lembro de algo parecido nem quando estávamos com casos de Covid em alta e aí agora esse valor todo por esse serviço. O mais estranho ainda é o translado dos corpos. Será mesmo necessário 60 traslados? Estranho, muito estranho. Espero que não seja mais uma pilantragem dessa gestão”, indignou-se o morador que preferiu não ser identificado.
Outra moradora que optou pelo anonimato por medo de represálias, disse que apesar de ser necessário para quem não tem condições de enterrar seus mortos com dignidade, o valor dispensado com os serviços funerários é muito alto e poderia ser dividido para ser empregado em outras melhorias para a cidade.
“Quando você vê esse valor e lembra do R$ 1 milhão que, supostamente, foi gasto com material de informática imagina que esses valores poderiam ajudar a melhorar o saneamento da cidade, nas escolas, no asfaltamento e em outras coisas importantes. Ainda mais em uma cidade pequena como a nossa. Será que vão ajudar as famílias mesmo ou será só mais uma maquiagem?”, questionou.
O Portal O Convergente tentou contato com o prefeito, Jander Barreto para mais esclarecimentos sobre os serviços funerários contratados, mas até a publicação desta matéria não obteve retorno.
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Da Redação
Fotos: Divulgação / Ilustração: Marcus Reis
