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sexta-feira, maio 10, 2024

Após ida de secretário à CMM, oposição vai buscar assinaturas para instalar CPI e investigar Semcom

Com exclusividade ao O Convergente, os vereadores pontuaram que o próximo passo vai ser colher assinaturas para protocolar o requerimento

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Ao O Convergente, os vereadores de oposição da Câmara Municipal de Manaus (CMM) confirmaram que pretendem investigar a fundo a Secretaria Municipal de Comunicação (Semcom), após a repercussão de um vídeo em que mostra uma suposta entrega de propina. À reportagem, os vereadores William Alemão (Cidadania) e Rodrigo Guedes (Republicanos) comentaram, nessa quinta-feira (21), sobre os próximos passos que a oposição vai tomar.

Na quarta-feira (20), o secretário da Semcom Israel Conte esteve na CMM, onde prestou esclarecimentos aos vereadores a respeito do vídeo. De acordo com ele, a Semcom pagou uma perícia técnica para apurar o conteúdo, onde foi constatado que as imagens eram manipuladas.

Mesmo com as declarações do secretário, a oposição apresentou um requerimento para instalar uma CPI para investigar a Semcom. Com exclusividade ao O Convergente, a assessoria do vereador William Alemão pontuou que o próximo passo da oposição vai ser colher assinaturas para protocolar o requerimento, que conta com 8 assinaturas, sendo o mínimo necessário de 14 assinaturas para protocolar.

“A importância dessa CPI é porque, até o momento, depois de todo o vídeo ter rodado pelo país inteiro, a secretaria e o secretário apresentaram provas concretas. Trouxeram laudo, que não entregaram esse laudo pra ninguém ainda. Eu não recebi. Não sei se alguém da imprensa já o recebeu. Contratou uma empresa terceirizada, simplesmente desmerecendo a Polícia Civil, porque esse laudo não serve de absolutamente nada se não for comprovada a veracidade. Então, a Polícia Civil e a Polícia Federal, se chegar até a Polícia Federal, precisam fazer o seu laudo pra ter peso e ser validado”, comentou o vereador William Alemão ao O Convergente.

Para o vereador, é necessário que o laudo seja realizado por um perito imparcial para comprovar a veracidade do conteúdo. “O vídeo mostra uma situação claríssima de caixa dois e nós não podemos nos calar! O secretário subiu na tribuna e falou que os advogados dele indicaram ele a contratar uma empresa do Paraná para fazer isso [laudo]. Não, não está certo. Está totalmente errado. Por que não foi prestar a queixa na polícia? Por que demorou tanto para fazer isso? […] Não está certo os procedimentos, não estão corretos. A CPI tem que investigar sim”, pontuou.

O parlamentar de oposição ainda questionou o motivo da servidora da Semcom ter sido exonerada. Na sessão de quarta-feira, durante o esclarecimento do secretário Israel Conte, a oposição já havia questionado porquê a servidora que, supostamente, fez a entrega do envelope com dinheiro vivo se afastou do cargo. Em resposta, o secretário alegou que a mesma pediu afastamento por problemas.

“Por que agora a servidora da prefeitura está afastada? Aliás, pediu exoneração do cargo por doença. Eu nunca vi isso na minha vida, alguém pedir a conta porque está doente. Nunca vi”, disse.

Ao O Convergente, o vereador Rodrigo Guedes também defendeu a instalação da CPI para investigar a Secretaria Municipal de Comunicação. De acordo com ele, é necessário investigar como estão sendo gastos os valores repassados à pasta.

“A gente precisa apurar como que estão sendo gastos os quase 200 milhões de reais da Secretaria Municipal de Comunicação. Foram aprovados nos anos passados proposta da Prefeitura, aprovada pela Câmara, eu votei contra, e a gente tem que saber de que forma esse recurso está sendo investido”, disse.

O parlamentar ainda pontuou que existem indícios de desvio de dinheiro público, além da existência de uma ‘milícia digital’ que atuaria, supostamente, a favor da Prefeitura de Manaus. “O que a gente sabe é que, além de indícios de desvio de dinheiro público, tem também, não mais indícios mas provas inequívocas, de que esse dinheiro está servindo única e exclusivamente para que se exista uma milícia digital a favor da Prefeitura de Manaus e do prefeito, ou seja, quem falar do prefeito, quem falar da prefeitura, eles atacam em séries através de portais, blogs, influenciadores, páginas”, comentou.

Guedes ressaltou que o dinheiro público é da população e que, por essa razão, é preciso investigar que esse montante não está sendo gasto para fins políticos uma vez que, de acordo com ele, é o que estaria acontecendo.

“A gente precisa investigar e isso afinal de contas é o dinheiro da população. Dinheiro público não pode ser utilizado para fins políticos e é isso que está acontecendo. A gente tem informações de que esse dinheiro era pago sim, em espécie em algumas hipóteses, inclusive na própria Secretaria de Comunicação como o vídeo mostrou”, afirmou.

O Convergente também entrou em contato com o vereador Capitão Carpê (Podemos), mas não obteve retorno. Além dos vereadores que fazem oposição declarada à gestão municipal – os quais foram os primeiros a apresentar o requerimento -, outros parlamentares também se posicionaram a favor da CPI e se puseram ao lado da oposição.

Nas redes sociais, o vereador Diego Afonso (UB) também falou sobre um suposto “gabinete do ódio”, que seria a possível milícia digital, ele ainda enfatizou que o laudo apresentado não convenceu. “O povo precisa da veracidade dos fatos, pois laudo não é instrumento oficial de investigação. Seguiremos fiscalizando e cobrando que esta CPI seja instaurada muito em breve”, escreveu.

O vereador Lissandro Breval também foi outro parlamentar que se colocou ao lado da oposição para investigar a Semcom. “Não é um tapinha nas costas recebido do secretário, que inclusive veio à Casa cumprimentar os vereadores, que irá resolver isso. Estou sim cobrando esclarecimentos sobre esse caso”, afirmou o parlamentar.

Entenda o caso

Na última semana, o site Metrópoles divulgou um vídeo em que mostra um homem, que se identifica como motorista do dono de um portal de notícias para uma servidora da pasta, que entrega um pacote lacrado à ele. Logo em seguida, ele vai até o banheiro do prédio público e mostra cédulas de dinheiro.

Horas depois da repercussão nacional, a Semcom informou que tomou conhecimento do ocorrido através da imprensa e afirmou que desconhece a procedência do vídeo. A pasta ainda destacou que está apurando o caso.

Leia mais: Apoiado por Bolsonaro, Alberto Neto acredita que popularidade de ex-presidente possa alavancar intenções de votos

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Por Camila Duarte

Ilustração: Marcus Reis

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