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segunda-feira, maio 20, 2024

Podcast: Especialista avalia potência da ferramenta na campanha dos candidatos à Presidência da República, mas alerta para saber usá-la

Hélida Tavares pontuou que o formato de podcast é uma ferramenta importante para o marketing de conteúdo, mas, principalmente, os políticos precisam saber utilizá-la para seu benefício próprio, caso contrário podem criar um desgaste de sua imagem pelo fato de ser um formato intimista, visual e auditivo e que pode marcar e muito o ouvinte

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A forma de se fazer comunicação por meio de áudios interativos e de fácil acesso na internet e nas plataformas de streaming vem ganhando cada vez mais força e adeptos a este formato. Os famosos podcasts, que estão em alta no momento em todo o Brasil, também ganharam destaques neste período eleitoral, principalmente na realização de entrevistas com os candidatos que disputam à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PT) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em que alguns canais tiveram elevados picos de audiências com estas entrevistas.

Em um levantamento realizado e divulgado pela plataforma cupomvalido.com.br, baseado em dados da Statista e do Ibope, mostrou que o Brasil é o terceiro país do mundo no consumo de podcasts, com mais de 30 milhões de ouvintes, entre março de 2021 a março deste ano, ficando atrás apenas da Suécia e da Irlanda. A pesquisa apontou também que mais de 40% dos brasileiros haviam escutado podcast pelo menos uma vez nos últimos 12 meses até a divulgação do levantamento.

O levantamento da Statista e do Ibope também mostrou que dentro dos podcasts ouvidos pelos brasileiros, as entrevistas aparecem em primeiro lugar entre as preferidas do público, seguidas das narrativas, mesas redondas, reportagens e resumos do dia.

Ao saber da importância desse formato de comunicação no meio político e em um processo eleitoral, no último dia 18 de outubro, o candidato Lula participou de entrevista no Flow Podcast, um dos canais mais falados no país e que tem mais de 4,95 milhões de inscritos no YouTube. Na ocasião, Lula bateu um recorde de acessos simultâneos durante a transmissão, chegando a atingir 1.015.880 milhão em pouco mais de uma hora, após o início da conversa com Igor Coelho, host do podcast. Até esta quarta-feira, 26/10, a entrevista de Lula ao Flow já teve um alcance de 9.376.878 milhões de visualizações.

Em agosto, Bolsonaro também participou do Flow, concedeu mais de cinco horas de entrevista e na ocasião teve 573 mil acessos simultâneos à live, vindo a ser superado por Lula agora em outubro. Atualmente a entrevista de Bolsonaro ao Flow Podcast tem 16.141.168 milhões de visualizações.

No dia 20 de outubro, Bolsonaro também participou de outro podcast, o Inteligência Ltda. Às 21h36, o presidente era ouvido/assistido por 1.748.268 milhões de pessoas, superando Lula no Flow. O canal Inteligência Ltda tem 2,66 milhões de inscritos no YouTube. A entrevista de Bolsonaro ao canal atraiu 16.752.681 milhões de visualizações até esta quarta-feira, 26/10.

Para a jornalista, especialista em Marketing Digital e empresária, Hélida Tavares, o formato é uma ferramenta de grande relevância para o marketing de conteúdo e quem verdadeiramente souber utilizá-la se saíra muito bem, mas é preciso saber que figuras públicas, como os dois candidatos, devem saber como essa ferramenta funciona para que ela não venha ser usada de forma errada, como no caso de Bolsonaro, que teve uma fala polêmica sobre meninas venezuelanas durante a entrevista e, após isso, foi utilizada contra ele.

A especialista, que é proprietária do Estúdio Inspiração para gravação do podcast, ressaltou que tanto Lula quanto Bolsonaro precisam ter estratégias para não causar uma crise de suas próprias imagens, pois todo o conteúdo é gravado e pode ser utilizado a qualquer momento e melhor seria para que o mesmo fosse divulgado para favorecer e não desgastar a imagem.

“O Podcast é uma ferramenta incrível de marketing de conteúdo e sabendo usar é uma ferramenta que você conecta as pessoas, que você fala de seus posicionamentos de uma forma muito tranquila sem ter aquele peso de uma entrevista de TV ou de uma live. Ele é um jeito despretensioso de você falar o que você quiser, mas ele tem que ser usado com inteligência. Não adianta ir para um podcast, ainda mais quem é uma figura pública igual os candidatos à Presidência, e falar bobagem, coisas que vão comprometer depois. E a gente tem exemplo disso, do próprio presidente Bolsonaro, que em um podcast falou das meninas venezuelanas, então ali ele não se preocupou que aquilo lá seria usado. Então o político quando ele vai para um podcast ele tem que ter essa preocupação e tudo que ele fala ali está sendo gravado, e um dia alguém vai usar. O político tem que esperar que seja usado para favorecer ele e não para ter uma crise de imagem como foi do Bolsonaro”, disse.

Hélida Tavares acredita que os candidatos já tem um público definido nestas eleições e que as entrevistas em podcasts podem sim influenciar na decisão do voto dos indecisos, mas que os candidatos precisam ter cuidado na hora da fala, porque pode despertar tanto a empatia quanto a antipatia do eleitor.

“Eu acho que pode influenciar sim, tanto para ganhar votos, principalmente dos indecisos. Perder, eu acho que nessa eleição polarizada, que está muito claro quem é Lula e quem é Bolsonaro, eu não acho que pode perder, mas reforçar a empatia ou reforçar a antipatia de quem você não gosta. Por exemplo, se você gosta do Lula ou do Bolsonaro e você vê um podcast deles falando bem, falando sobre o que eles querem para o Brasil, aí você diz: que legal, que orgulho do que meu candidato está falando bem ali. E serve também para gente que, de repente, não gosta de nenhum dos dois, vê um posicionamento muito polêmico e falar: tá vendo, por isso que eu não voto nele. Então realmente o podcast pode influenciar sim e ele pode ser um canal de influência também para os indecisos”, pontuou a especialista.

Audiência dos podcasts – Muito tem se falado o quanto a audiência em um podcast pode superar a dos meios de comunicação televisivos. No ano passado, o colunista e marqueteiro, João Branco, que é Chief Marketing Officer (CMO) de uma rede internacional de fast food, pontuou que dois canais de podcast vinham conseguindo mensalmente 50 milhões de visualizações, no caso do Flow e o Podpah, por exemplo, o que João analisou é que com esses números a audiência destes podcasts já pode ser comparada à audiência de programas de televisão.

Para Tavares, o podcast será tendência, principalmente em termos de debates políticos futuramente, mas que não acredita que o formato possa ser uma ameaça aos meios tradicionais de comunicação e sim mais um viés que tem público para consumir, considerando que alguns podcasts têm audiências maiores que a mídia tradicional.

“Eu acho que é uma ferramenta poderosa que veio na pandemia de 2020. Eu acho que futuramente o que vai se destacar, são os debates na internet. No Norte a gente ainda tem muita deficiência de internet, mas é uma coisa que deve ser resolvida nos próximos cinco anos, então os podcasts cada vez mais vão ser usados. Não acho que são uma ameaça às mídias tradicionais, mas eles são um viés de audiência que tem gente para consumir, sendo que a gente já tem podcast que tem mais audiência que a mídia tradicional”, avaliou.

A especialista ressaltou também que se o candidato for inteligente ele vai usar o formato de forma que ele pode ser beneficiado e não o contrário, pontuando que os seres humanos são visuais e auditivos, e que a fala e a imagem dessa pessoa podem mudar a forma de pensar de muitas outras, inclusive sua opinião em determinados temas.

Essa audiência pode ser observada pela possibilidade de cortes nestas entrevistas e que vão parar nas redes sociais dos respectivos candidatos à Presidência, bem como nas redes dos próprios canais de podcasts, que dependendo do contexto desses vídeos curtos, podem viralizar nas mídias digitais, tanto de forma positiva ou negativa para ambos os presidenciáveis.

Redes sociais e sua caixa de amplitude – Essa viralização dos ‘shorts’, como são chamados os vídeos curtos, é feita pelo candidato e seus seguidores, que somam os seus públicos na disseminação desse conteúdo, além das publicidades pagas e direcionadas (impulsionamento) que são feitas nestas publicações para alcançar todos os públicos, principalmente os que estão com idade de votar, entre 16 anos e 70 anos, mesmo em casos que não é obrigatório, entre 16 e 17 anos e acima de 70 anos.

Em uma análise nas redes sociais, Bolsonaro tem um total de 54,26 milhões de seguidores, somando seu público das principais plataformas, como Instagram, Facebook, Twitter e YouTube. Já o candidato Lula, possui 20,5 milhões de seguidores, nas mesmas plataformas, públicos estes que por si só já viralizam qualquer conteúdo do seu apoiado/candidato, o que é chamado de alcance orgânico.

Impulsionamento – Quando este conteúdo é impulsionado o alcance é ainda maior e dependendo dos objetivos traçados na publicidade paga, as metas podem ser facilmente alcançadas, porém tudo isso depende do quanto investir nessas campanhas e tanto Lula quanto Bolsonaro investiram pesado para divulgar suas publicações.

Na reta final das eleições em segundo turno, Jair Bolsonaro já investiu em publicidade paga o valor de cerca de R$ 14 milhões, entre a quinta-feira, 20/10, até segunda-feira, 24/10. Já a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva gastou cerca de R$ 2,6 milhões com anúncios no Google.

Estes dados foram extraídos pela big tech estadunidense em uma plataforma que trata de campanhas políticas no Brasil. As estatísticas são atualizadas em tempo real pelo Google.
Ao todo, a campanha de Bolsonaro gastou R$ 22,6 milhões em anúncios no Google, entre os dois turnos. Já a de Lula, ficou em mais de R$ 15 milhões.

 

Por Edilânea Souza

Fotos: Divulgação / Ilustração: Marcus Reis

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