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sábado, novembro 23, 2024

Retrospectiva: Investigações de gastos milionários sem transparência e até prisões marcaram o ano de 2023 das prefeituras dos municípios do Amazonas

O Convergente fez uma retrospectiva dos principais municípios que se envolveram em polêmicas durante o ano

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O ano de 2023 de algumas prefeituras dos municípios do Amazonas foi marcado por investigações de órgãos de fiscalização, como Tribunal de Contas, Ministério Público e, até mesmo, da Polícia Federal. As apurações foram motivadas por irregularidades em licitações e pela falta de transparência. Apesar de serem 62 municípios que formam o Estado, alguns deles se destacaram no que diz respeito a possíveis erros na administração.

Para relembrar os municípios que estiveram sob os olhos dos órgãos de fiscalização e do O Convergente, que noticiou supostas irregularidades das prefeituras, bem como as denúncias feitas pela população e pelos órgãos públicos, a equipe de reportagem preparou uma série de retrospectivas, na qual listou 10 prefeituras do Amazonas que ficaram em evidência pelos gastos exorbitantes e pelas possíveis irregularidades.

Borba

A Prefeitura de Borba possui uma extensa listagem de polêmicas. Entre gastos milionários, os chefes municipais protagonizaram uma briga política com direito a pedido de medida protetiva e, até mesmo, uma prisão que foi parar na esfera federal.

A principal polêmica que marcou o ano de 2023 do município foi a prisão do prefeito Simão Peixoto, por supostos crimes contra a administração pública, fraudes em crimes licitatórios e lavagem de dinheiro. A prisão ocorreu após uma investigação do Ministério Público do Amazonas.

Enquanto esteve preso, o político passou por um processo de impeachment na Câmara Municipal de Borba. No entanto, por quatro votos a três e duas abstenções, o processo de cassação contra ele foi rejeitado e arquivado.

O prefeito só conseguiu retomar ao poder do município após uma decisão do Tribunal Regional Federal (TRF-1) de Brasília. Enquanto esteve preso, quem assumiu a prefeitura foi o vice-prefeito Zé Pedro, que protagonizou uma briga política com Simão Peixoto, logo após o seu retorno.

Zé Pedro disparou críticas ao prefeito de Borba e o acusou de perseguição contra ele e servidores que o apoiaram quando ele assumiu a prefeitura do município. Após algumas semanas, o vice-prefeito solicitou uma medida protetiva contra o prefeito Simão Peixoto.

Como noticiou O Convergente, o pedido feito pelo vice-prefeito de Borba foi para assegurar a integridade física e protegê-lo das ameaças e supostos atos de violência. Ainda, conforme a solicitação, Simão Peixoto ficou impedido de manter contato com Zé Pedro, além de ter que ficar no limite máximo de até 300 metros de distância. Caso descumprisse as ordens, ele poderia ser preso.

Manacapuru

Em fevereiro, O Convergente expôs denúncias da população de Manacapuru, as quais cobravam melhorias em um cais da cidade, sendo que estava prevista uma obra no valor de R$ 5 milhões para reformar o local.

Após críticas da população, o Portal O Convergente esteve no cais de Manacapuru e, por meio de fotos e imagens aéreas feitas durante a visita, foi possível observar que o porto estava sem estrutura para receber as pessoas vindas de outros municípios ou que se deslocam de Manacapuru para outras cidades do Amazonas. Com escadas de madeiras e sem acessibilidade, as pessoas precisavam se equilibrar nas plataformas de madeira para chegar às embarcações.

A Prefeitura de Manacapuru também esteve envolvida em algumas polêmicas no decorrer do ano. Uma das mais recentes foi a contratação do artista Zé Vaqueiro para uma apresentação na cidade, que havia decretado calamidade pública. Assim, o Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM) apurou o contrato firmado entre o cantor e o município.

A contratação ocorreu quando Manacapuru passava pela estiagem histórica. Em estado de alerta por conta da vazante, o município pretendeu desembolsar R$ 490 mil pelo show do cantor.

Um mês antes da contratação, o prefeito Beto D’Ângelo havia decretado calamidade pública no município por conta dos recorrentes incêndios florestais. Segundo o decreto, a fumaça prejudicava as aulas da rede pública de ensino, além de invadir plantações, bem como prejudicar o tráfego nas rodovias e a navegação nos rios.

Em março, O Convergente noticiou que crianças do município estavam estudando no improviso por conta de obras paralisadas em uma escola. A equipe de reportagem esteve nos dois ramais (Bela Vista e Lago do Calado) no dia 24 de fevereiro e constatou o abandono em que os dois prédios estão submetidos.

Em setembro, a mesma empresa que não entregou as unidades escolares foi contratada novamente pela Prefeitura de Manacapuru por quase R$ 30 milhões. A empresa é especializada em obras e serviços de engenharia para pavimentação asfáltica em vias urbanas e vicinais, com drenagem e calçadas no município, tendo por finalidade atender as necessidades da secretaria municipal de obras e serviços públicos.

Rio Preto da Eva

O prefeito Anderson Souza, do município de Rio Preto da Eva, também foi um dos destaques no ano de 2023, quando se fala em administrações sob suspeitas de irregularidades. Em março, o Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM) acatou uma representação com pedido de medida cautelar em desfavor do município, com o objetivo de apurar e sanar possível omissão nas políticas públicas voltadas à prevenção e controle de agressões ao meio ambiente no município.

Já em julho de 2023, Anderson Sousa foi multado pelo TCE-AM por irregularidades na administração pública e dispensa de licitação. A decisão do órgão se deu por atos cometidos em violação grave às normas legais ou regulamentares relacionadas a aspectos contábeis, financeiros, orçamentários, operacionais e patrimoniais.

Também no meio do ano, o prefeito Anderson Souza anunciou que o município não tinha dinheiro para arcar com eventos culturais. Ou seja, todos os eventos que estavam no calendário de Rio Preto da Eva foram suspensos, incluindo a tradicional Feira da Laranja e a Marcha para Jesus.

Em uma das polêmicas mais recentes, o prefeito foi investigado pela Polícia Federal. Os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na operação que combate crimes de desvios de recursos públicos e fraude à licitação em contratos firmados pela prefeitura do município, relacionados à compra de medicamentos hospitalares e uma ambulância, no ano de 2020.

Durante as investigações, foram apontados indícios de conluio, visto que as propostas apresentadas pelas empresas nas licitações continham similaridades textuais e erros ortográficos idênticos, o que sugere um acordo prévio para manipular o resultado dos processos licitatórios.

Humaitá

Nos primeiros meses do ano, o prefeito de Humaitá Dedei Lobo foi intimado pelo Ministério Público a prestar esclarecimentos por não encaminhar documentos solicitados pelo órgão. O processo se deu por conta de uma investigação contra o ex-prefeito do município por possíveis atos de improbidade administrativa ainda na função em 2018, por suspeição de fraude à licitação, que, na época, seria para a aquisição de materiais de limpeza para atender as necessidades de todas as secretarias municipais de Humaitá.

Já no meio do ano, a prefeitura também apareceu em uma lista do Tribunal de Contas do Amazonas, que identificou possíveis irregularidades no município, relacionadas à falta de transparência.

Nos pontos apresentados na Manifestação Nº285/2023 da Ouvidoria, estavam a ausência de informações sobre Licitações, Compras e Folhas de Pagamentos no Portal da Transparência de Humaitá.

Também relacionada à contratação, logo nos meses finais de 2023, o município passou por uma apuração do MPAM por, supostamente, realizar uma contratação irregular com uma empresa para a aquisição de produtos hospitalares.

O contrato foi firmado entre a Prefeitura de Humaitá e a empresa para o fornecimento de insumos hospitalares. A investigação do MPAM pretende analisar se os objetos foram entregues no 1º semestre de 2020, quando o mundo enfrentava a pandemia da covid-19.

Anori

Em junho, O Convergente denunciou ações do prefeito de Anori, Reginaldo Nazaré, sobre contratos milionários firmados por ele. Um dos acordos era de apenas 12 meses no valor de R$ 1,1 milhão e tinha como finalidade a contratação de uma empresa para a manutenção da Secretaria de Administração.

No mesmo mês, o prefeito firmou um contrato de R$ 7,5 milhões para serviços de pavimentação em concreto armado em ruas da cidade. Na época, O Convergente pontuou que o contrato não informava quais ruas e bairros seriam contemplados pelos serviços.

No 2º semestre de 2023, os conselheiros do Tribunal de Contas do Amazonas aplicaram multa de R$ 13,6 mil ao prefeito de Anori após representação interposta pelo Ministério Público de Contas (MPC) com denúncia de falta de preparo mínimo por parte da Defesa Civil municipal para lidar com desastres naturais, devido a não comprovação da aprovação e divulgação dos planos de contingências para o ano de 2021, além do descumprimento da Lei 12.608/2012.

Itacoatiara

No início do ano, os professores municipais de Itacoatiara realizaram uma manifestação em frente à sede da Secretaria Municipal de Educação do município cobrando melhorias salariais. Com faixas e cartazes, os professores pediram o reajuste salarial baseado no piso nacional, o data-base e progressão de carreira à prefeitura de Itacoatiara, comandada pelo prefeito Mário Abrahim.

Durante uma tentativa de negociação, Abrahim foi questionado sobre o reajuste dos educadores da rede municipal de ensino da cidade, porém, ao responder, disse que isso poderia passar por um “conflito administrativo”, em que os professores não poderão receber “mais que ele e seus secretários e subsecretários”.

Além disso, a prefeitura de Itacoatiara passou por investigações do TCE-AM, que apurou possíveis irregularidades na contratação de serviços de manutenção preventiva das unidades administrativas pelo valor de mais de R$ 16 milhões.

Na época, o vereador levantou alguns indícios de erros na licitação, como o superfaturamento dos serviços. Com isso, o TCE-AM acatou a representação do parlamentar e suspendeu a licitação.

No final deste ano, o TCE-AM também acatou uma representação contra Mário Abrahim por conta de possíveis irregularidades no Portal da Transparência do município. De acordo com o órgão, o prefeito teria cometido possíveis irregularidades em relação à violação ao princípio da publicidade, ao dever da transparência ativa e à transparência na gestão fiscal.

Em consulta ao TCE-AM, O Convergente encontrou a manifestação que foi acatada pelo órgão. De acordo com o relato recebido pela Ouvidoria de Contas, o denunciante informa que existe uma possível irregularidade na gestão de Mário Abrahim por conta da ausência de informações no Portal da Transparência, em relação à folha de pagamento dos servidores da prefeitura.

Iranduba

O prefeito Augusto Ferraz, de Iranduba, também teve destaque na lista de investigações do TCE-AM, no ano de 2023. Um dos pontos apontados pelo órgão foi um alerta fiscal ao prefeito do município, por falta do descumprimento do limite de despesa com pessoal estabelecido em Lei.

De acordo com o Alerta Fiscal publicado pelo órgão técnico da Corte de Contas, foi identificado que a despesa com pessoal da Prefeitura de Iranduba atingiu um patamar de 82,61% no primeiro semestre de 2023, superando em um valor considerável o limite máximo permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, que é de 54%.

Em março, O Convergente noticiou compras do prefeito de Iranduba, que parecia querer montar um “parque tecnológico”. Na época, Augusto Ferraz fez aquisição de diversos equipamentos eletrônicos, como 385 computadores por R$ 2 milhões, além de gastar R$ 1,8 milhão com serviços de hospedagem de plataforma virtual.

Outra investigação do TCE-AM foi referente a uma representação de possíveis prejuízos aos direitos dos profissionais da educação e carga horária irregular dos professores do município de Iranduba.

Além disso, o Ministério Público instaurou um procedimento administrativo para acompanhar as políticas públicas do município em relação ao combate ao desmatamento e às queimadas.

O documento informava que, “de acordo com o art.225 da Constituição Federal todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presente e futuras gerações”.

Parintins

No início do ano, o Tribunal de Contas do Amazonas emitiu uma notificação à Pregoeira de Parintins a respeito de possíveis irregularidades nos pregões eletrônicos para aquisição de materiais e contratação de serviços realizados pela Prefeitura.

Além das irregularidades nos pregões, o TCE-AM apontou outras falhas na administração do prefeito Frank Bi Garcia, entre elas indícios de irregularidades de funcionários fantasmas e outros supostos benefícios ilegais na prefeitura municipal de Parintins.

A representação se deu devido aos “gravíssimos indícios de inúmeros funcionários fantasmas na folha de pagamento da Prefeitura Municipal de Parintins, bem assim, outros benefícios ilegais, por parte da administração pública municipal de Parintins”.

O Ministério Público também atuou contra a gestão de Bi Garcia, quando investigou uma possível irregularidade na contratação de servidores de saúde. Segundo o órgão, o município teria contratado falsos médicos para atuarem na cidade.

Conforme a publicação, o município fez uma “suposta contratação de médicos sem a devida habilitação para o exercício da medicina”. Os servidores atuariam nas unidades de saúde de Parintins.

Benjamin Constant

No início do ano, O Convergente noticiou uma contratação da prefeitura de Benjamin Constant, que omitiu detalhes sobre o serviço que estava sendo firmado. Na época, o prefeito David Nunes Bemerguy pretendia gastar mais de R$ 800 mil em cestas básicas.

Com a justificativa de “aquisição de cestas básicas para o atendimento ao programa de inclusão social e cidadania”, o contrato não especificou quantas cestas básicas as empresas teriam que fornecer à prefeitura ou quantos produtos seriam incluídos nas cestas, além de não informar o valor total de cada cesta.

No meio do ano, O Convergente também teve dificuldades de encontrar informações sobre o certame que firmou serviços de pavimentação para prestação de serviços na cidade. Na época, o prefeito desembolsou R$ 9,5 milhões.

A equipe de reportagem fez uma busca no Portal da Transparência do município, no entanto encontrou a plataforma desatualizada.

Recentemente, o prefeito de Benjamin Constant assinou um contrato milionário para firmar acordo com empresas, serviço que vai desembolsar R$ 1,6 milhão dos cofres públicos do município. Dessa vez, o prefeito pretendia contratar duas empresas para realizar a manutenção e a instalação de ares-condicionados.

Autazes

No início do ano, o prefeito de Autazes Anderson Cavalcante firmou um contrato de mais de R$ 3 milhões para “fazer festas” e eventos no município. Com isso, a prefeitura contratou uma empresa especialista em fornecer equipamentos para estes momentos.

Embora a Ata de Registro de Preços não informe o total contratado, à época, o Portal O Convergente somou os valores, de forma manual, e descobriu que o gasto é de R$ 3.381.510,00 (três milhões, trezentos e oitenta e um mil, quinhentos e dez reais). Além disso, o Portal da Transparência de Autazes também se encontrava desatualizado até consulta feita em 31 de março.

No meio do ano, o TCE-AM passou a investigar o prefeito de Autazes por suposto abuso de poder econômico com pedido de tutela antecipada. O documento informava que: “Ante a manifestação do investigante, Andreson Adriano de Oliveira Cavalcante procedesse a Secretaria do Cartório Eleitoral a redesignação da audiência para data oportuna”.

No 2º semestre de 2023, o TCE-AM também acatou uma representação contra a Prefeitura de Autazes pela licitação que tinha como objetivo uma “aquisição de uma retroescavadeira sobre rodas com carregadeira, tração 4×4, cabine fechada com ar condicionado, motor turbo, potência Mínima 79hp, peso operacional mínimo de 6.500kg, capacidade mínima da carregadeira de 0,95m3 e da retroescavadeira mínima de 0,20m3, profundidade de escavação máxima de 4,37m para atender as necessidades da Prefeitura Municipal de Autazes, conforme Termo de Referência”.

Portais sem atualização

Alguns dos municípios citados na retrospectiva do O Convergente, além de polêmicas na gestão, tiveram falhas relacionadas ao compartilhamento de informações no Portal da Transparência, segundo apontou o Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM).

É importante ressaltar que o acesso à informação, o qual dispõe que as contas públicas devem ser apresentadas à população, fica prejudicado. Tal lei: “Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005 e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências”.

Em abril, O Convergente noticiou que a Prefeitura de Rio Preto da Eva fecharia um contrato de mais de R$ 1 milhão, porém o município não possuía atualização do Portal da Transparência desde o ano de 2022. Em pesquisa feita agora em dezembro de 2023, apesar de a plataforma ter sido atualizada, o último contrato disponível para acesso é de junho deste ano.

Também em abril, a Prefeitura de Anori apresentou problemas com o Portal da Transparência em relação à atualização de informações sobre os gastos públicos. Como consultou O Convergente, à época, o site da própria prefeitura estava fora do ar, além de não possuir um Portal da Transparência.

Em nova consulta, agora em dezembro de 2023, a Prefeitura de Anori possui um portal com informações atualizadas. Conforme constatou a equipe de reportagem, a última atualização de extrato de contrato é de 16 de dezembro de 2023. Também é possível ter acesso a outros contratos, que são organizados também com as licitações.

Em maio, foi noticiada uma contratação da Prefeitura de Iranduba, porém informações não foram disponibilizadas no Portal da Transparência. Quando consultado, foi verificado que o site da prefeitura estava fora do ar, logo após questionamentos pelo O Convergente, o site havia voltado a funcionar.

Na consulta realizada em dezembro de 2023, a equipe de reportagem filtrou os contratos no Portal da Transparência do 2º semestre, de 1 de julho até a data de 28 de dezembro do respectivo município do Amazonas. Porém apenas um documento foi disponibilizado no sistema, com o valor de R$ 24 mil. Vale ressaltar que, durante esses meses, O Convergente noticiou gastos realizados pela Prefeitura de Iranduba.

Em junho, outra prefeitura que careceu de informações no Portal da Transparência foi a de Benjamin Constant. À época, o município estava disposto a gastar o valor de R$ 9,5 milhões em um contrato, porém foi verificado que as informações se encontravam desatualizadas na plataforma.

Na nova consulta realizada pelo O Convergente, foi verificado que o Portal da Transparência de Benjamin Constant, município do Amazonas, continua desatualizado. A pasta de contratos de 2023, por exemplo, aparece vazia.

Além disso, Itacoatiara foi outro município cuja prefeitura não prestou informações no Portal da Transparência, durante o ano, sobre os contratos firmados. Em consulta ao Portal da Transparência de Itacoatiara, em novembro de 2023, O Convergente constatou que a plataforma não é clara, no que diz respeito ao que pode ser observado pela população que queira acompanhar como o dinheiro público é investido.

Na nova pesquisa sobre informações, a equipe verificou que, desde que noticiou sobre a falta de transparência na plataforma, a mesma não apresentou mudanças. Quando a equipe de reportagem decidiu fazer um teste, a plataforma não deu o retorno.

No final de novembro, foi a vez da Prefeitura de Manacapuru passar por uma apuração do TCE-AM por falta de informações no Portal da Transparência. O órgão enfatizou que a falta de atualização do Portal da Transparência, no qual a população pode acompanhar as despesas e as movimentações da administração pública, pode resultar na aplicação de multa.

O Convergente realizou uma pesquisa em dezembro de 2023, na qual verificou que o Portal da Transparência dos municípios do Amazonas contém atualizações sobre os contratos firmados, apesar de o último compartilhado na plataforma ser de 1º de dezembro de 2023.

Especialista comenta

Ao O Convergente, o analista político Helso Ribeiro fez um comentário a respeito da retrospectiva dos municípios do Amazonas no ano de 2023. Ele apontou que, se parar para analisar todas as 62 cidades amazonenses, vai ser verificada uma carência de escolas, centros de saúde, serviços de lazer, entre outros.

Em relação a show nacionais que são firmados pelas prefeituras dos municípios, o analista comentou que é um assunto delicado de se tratar, uma vez que a população não tem acesso à cultura.

“O que observamos é alguns municípios com IDH baixíssimos. Penso que essa questão não será resolvida enquanto não houver uma conjunção de forças. O nosso federalismo deixa, por vezes, na mão das prefeituras a resolução de muitos problemas que eles não têm como resolver, porque não tem verba”, disse.

O analista destacou que é necessário um reforço do governo federal, além de parcerias com o estadual, para os avanços nas cidades. “Acredito que cabe, com certeza, para o interior do Amazonas um reforço do governo federal, parcerias com governo estadual, já que boa parte desses municípios, na época da cheia, eles ficam inundados, na época da vazante, eles ficam isolados, e a população fica a reboque de políticas, muitas vezes, patriarcais”, pontuou.

“Quando você soma isso tudo, o que a gente vê, na grande maioria, carências imensas, e tirando a sede dos municípios, as comunidades mais afastadas com um imenso desamparo”, completou. O analista político ainda reforçou que essas questões são “a tônica” de boa parte dos municípios do Amazonas.

Leia mais: Retrospectiva 2023: decisões e reviravoltas marcam o ano do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas

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Por Camila Duarte

Revisão textual: Vanessa Santos

Ilustração: Marcus Reis

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