A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre Jair Bolsonaro (PL), no segundo turno das eleições, ocorrido no domingo, 30/10, gerou, ao menos num primeiro momento, um recuo no tom aguerrido de vários pastores que fizeram campanha nas igrejas pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).
O pastor Silas Malafaia, um dos cabos eleitorais mais vocais de Bolsonaro, que estava num culto na Assembleia de Deus Vitória em Cristo quando a derrota de Bolsonaro foi confirmada, puxou, pouco depois, uma oração pelo petista.
“Como eu disse aqui na igreja, a vontade do povo se estabelece, e o povo que vota, que faz escolha, é responsável por suas consequências”, disse ele ao emendar uma risada. “Só isso. A igreja vai marchar triunfante.”
“Qual é o meu papel? Orar pelo presidente que foi eleito”, afirmou. “Nós temos que orar pela autoridade constituída.” O bíblico Livro de Timóteo recomenda “súplicas, orações, intercessões e ação de graças” por “todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade”, continuou.
Ele pediu, então, “uma bênção sobre o Lula, sobre governadores, sobre senadores, sobre deputados”, mas antes lembrou que já havia, no passado, apoiado um candidato vencido – o tucano Aécio Neves – e nem por isso deixou de orar pela campeã daquele pleito, Dilma Rousseff (PT). “Na época da eleição, eu largo o aço”, disse.
O pastor não poupou Lula por completo, contudo. Criticou líderes evangélicos que se omitiram na eleição, o que para ele aconteceu por medo que o PT ganhasse, e disse que a igreja continuou firme e forte mesmo após o comunismo do século 20 e Nero, o quinto e incendiário imperador romano, que governou no século 1. “Não tenho medo de diabo, rapá, vou ter medo de homem?”
Feliciano – O deputado Marco Feliciano (PL-SP), outro aguerrido defensor de Bolsonaro, também suavizou o tom contra Lula.
Após Lula fazer o discurso de vitória, Feliciano foi ao Twitter: “Vi o discurso de Lula. Começou agradecendo a Deus. Falou de Deus em vários momentos. Reafirmou compromisso pela liberdade religiosa, evitou temas que causam divergências com o segmento evangélico e terminou agradecendo a Deus. Aprendeu a nos respeitar? Tenho dúvidas. O tempo dirá”, publicou.
O apóstolo Renê Terra Nova, importante liderança do Norte, disse que domingo havia sido “um dia muito difícil”, mas frisou que votou em Bolsonaro como cidadão, não como igreja. Pediu respeito ao resultado e disse que “os justos não temem as más notícias”, uma passagem bíblica.
“O Brasil não é o Brasil dos evangélicos, tem evangélicos. Não é o Brasil dos cristãos, tem cristãos. O Brasil é o Brasil dos brasileiros.”
Seguido por milhões nas redes sociais, o pastor Cláudio Duarte usou o Instagram para passar sua mensagem, o que fez com a camisa do Brasil, símbolo dos apoiadores de Bolsonaro.
Na legenda, uma nota irônica: “Bom dia Brasil!!!! Nada como uma boa noite de sono e uma oração matinal para levantar a cabeça e prosseguir na caminhada. Vem aí o melhor Governo que a esquerda já fez!!!!”
Na fala, um aceno à pacificação. “Obviamente não tô alegre com isso [a derrota], mas se dizer que estou entristecido, não mudo nada.” Duarte também pediu que é preciso “orar para que o Brasil cresça” e “respeitar esse resultado”.
O apóstolo Estevam Hernandes, idealizador da Marcha para Jesus e da igreja Renascer em Cristo, preferiu a camisa do São Paulo, seu time, para uma live em que reforçou nunca ter se levantado “para falar pessoalmente contra A ou B”.
Disse, na sequência, que a postura cristã é a de dar exemplos. “Jesus nos deu o desafio de orar até pelos nossos inimigos. Em caso de política, não temos inimigos, mas sim divergentes.”
Em julho, Hernandes disse à Folha de S.Paulo achar que a reconciliação com Lula era “impossível”. “Creio que [as predileções eleitorais] são caminhos bem definidos, e que obviamente se vai até o final por esse caminho. Agora, claro, a gente tem que aguardar o resultado das urnas para saber aquilo que vai acontecer do governo que virá”, afirmou à época.
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Da Redação com informações do Yahoo
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