O Ministério Público Federal (MPF) realizará entrevista coletiva nesta segunda-feira(19), para discutir a situação precária do povo indígena Yanomami em Barcelos, cidade do interior do Amazonas. O evento será realizado às 10h, no auditório da sede do MPF em Manaus. A entrevista terá a participação de representantes do MPF, do Ministério Público do Estado do Amazonas, do Cartório Extrajudicial de Barcelos e de lideranças do povo Yanomami na região.
Na ocasião, serão divulgadas medidas do MPF, que pede providências imediatas do governo federal para proteger os povos indígenas em decorrência da situação de violação de direitos humanos envolvendo os povos indígenas na região, incluindo crianças feridas.

Na ação, o MPF solicita ao governo federal e a órgãos vinculados que adotem providências imediatas para proteger o povo indígena, bem como medidas para solução dos problemas enfrentados que perduram há mais de uma década.
Violação de direitos humanos – Centenas de Yanomami estão em situação precária em Barcelos (AM) ou em deslocamento das aldeias para a cidade para resolver problemas burocráticos, como acesso a documentações e benefícios sociais e previdenciários.
A situação foi agravada após tempestade ocorrida na última quarta-feira (14), que atingiu o povo indígena acampado na beira do Rio Negro e em outros locais. A chuva forte destruiu bens e alimentos escassos, além de ferir crianças. A situação caótica em todo o estado do Amazonas é fruto do descaso do governo federal e da omissão dos governos estadual e municipais há mais de dez anos e atinge também outros povos e localidades do Amazonas (e da Amazônia), como os Madiha Kulina no Rio Juruá, os Hupdah, Yuhupdeh e Nadëb no Rio Negro, os Pirahã na calha do Rio Madeira, e outros no alto Rio Solimões.
Durante a tempestade na última quarta-feira (14), as famílias estavam vivendo sob barracas precárias no centro urbano de Barcelos por dias, semanas ou até meses, foram encaminhadas ao MPF e às autoridades. A mesma situação se repete há anos nesta região e em outras do Amazonas e da Amazônia sem a adoção das medidas necessárias pelo poder público para cessar estas graves violações.
Gritam por socorro
Em maio deste ano, as invasões provocadas pela mineração ilegal na Terra Indígena Yanomami (TIY), foram a maior do país, somada à negligência governamental dos últimos anos, levaram a um cenário de grave crise humanitária, com explosão de casos de malária e mortes de crianças por desnutrição. Em janeiro, o Ministério da Saúde decretou Emergência Sanitária de Importância Nacional (Espin) no Território Yanomami – o que significa, na prática, a convocação de esforços de diferentes instituições para solucionar os graves problemas que afetam a vida de 31 mil Yanomami que vivem na Terra Indígena.
Com informações da assessoria
Ilustração: Marcus Reis