O ano de 2023 na Câmara Municipal de Manaus (CMM) foi marcado por ações da nova direção da Casa, alguns debates sobre Projetos de Leis, investigações contra grandes empresas da capital, além da proximidade da CMM com a população. Na série de retrospectivas, O Convergente mostra um pouco do que foi o ano de 2023 na Câmara Municipal com os principais destaques que ocorreram durante esse ano.
Quando completou 100 dias de gestão, o vereador Caio André fez um balanço da presidência, no qual apontou ações na esfera legislativa, desenvolvimento de trabalhos internos voltados a servidores, além de atividades externas que levam a CMM para mais perto das pessoas e resgatam a credibilidade do parlamento.
Medidores de Energia
Outro ponto que foi destaque no ano de 2023 na CMM foi um desentendimento entre o Parlamento e a concessionária Amazonas Energia, com a instalação de medidores aéreos na cidade. A empresa já brigava para instalar os equipamentos desde o ano passado, no entanto, foi no ano de 2023 que a CMM conseguiu barrar os serviços da concessionária.
A Amazonas Energia chegou a veicular uma propaganda publicitária, na qual alegava que “quem é contra os medidores aéreos é a favor do crime”. Na ocasião, a CMM entrou com um pedido de tutela de urgência para retirada da propaganda, acatado pela Justiça do Amazonas.
CPI Águas de Manaus
Um dos maiores destaques no 1º semestre na Câmara Municipal de Manaus foram as investigações da CPI da Águas de Manaus, nas quais a comissão apurou irregularidades na prestação de serviços da concessionária em Manaus.
Em maio, os vereadores da comissão da CPI apresentaram o relatório final da investigação, no qual a CMM e a Águas de Manaus chegaram em um acordo de conceder uma redução de 25% na taxa de esgoto.
Novo Sistema
Uma novidade tornou a CMM mais tecnológica no ano de 2023. A Casa passou a adotar um novo sistema, que incluiu ferramentas como o reconhecimento facial, o que possibilitou o registro de presença dos 41 vereadores por meio de tablets.
O dispositivo passou a auxiliar os vereadores nas votações, aprovação de projetos, apresentação de matérias e outras funcionalidades.
Produtividade
No novo levantamento, foi apontado um ranking com os 10 vereadores que menos encaminharam Projetos de Leis neste período analisado. Os dados foram consultados no Sistema de Apoio ao Processo Legislativo (SAPL) da CMM.
Entre os nomes, o vereador David Reis (Avante) liderou a lista com um total de 5 projetos apresentados no período citado; seguido de Sassá da Construção Civil (PT), com 6; Rosivaldo Cordovil (PSDB) e Marcelo Serafim, que aparecem com 10 proposituras; Dione Carvalho (Patriota) e Everton Assis com 11, cada; Raulzinho (PSDB) com 12 PLs; Dr. Eduardo Assis (Avante) e Elissandro Bessa com 13 e, na 10ª colocação do ranking, aparece o vereador Elan Alencar com 14 PLs.
Uso do Cotão
Após o fim do 1º semestre de trabalhos na CMM, O Convergente fez um levantamento dos vereadores que mais usaram a Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap), o conhecido “cotão”.
Em uma lista de 10 nomes, os vereadores que mais gastaram o cotão, de janeiro a junho de 2023, foram: Bessa com R$ 209.780,00; William Alemão com 202.307,91; David Reis com R$ 198.504,12; Raulzinho com R$ 198.480,00; Everton Assis com R$ 198.430,00; Lissandro Breval com R$ 198.368,17; Kennedy Marques com R$ 198.312,15; Mitoso com R$ 198.237,25; Glória Carratte com R$ 197.968,53; Rosivaldo Cordovil com R$ 197.881,05.
Na decisão, foi levada em consideração a “suposta má-fé” dos requeridos, incluindo o vereador David Reis, que estava no comando da mesa diretora da CMM, quando o projeto de aumento entrou em tramitação na Casa Legislativa.
Comissão de Meio Ambiente
Um dos pontos mais alarmantes do ano em Manaus foram os efeitos da crise climática, que geraram a maior seca história do Amazonas, além de deixar Manaus coberta por fumaça de queimadas ilegais por semanas.
Na época, o cientista político Carlos Santiago comentou ao O Convergente que a atuação da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal de Manaus está aquém do que o esperado e isso ocorre devida à proximidade entre a Casa Legislativa e a gestão municipal.
O vereador ainda disparou críticas contra o governo federal, que, segundo o parlamentar, “não se interessa” pelo Amazonas. Logo após a fala sobre o governo, o vereador fez críticas aos portais de notícias que cobram as ações da Comissão de Meio Ambiente da CMM.
“Agora com a questão das queimadas, aparecem vários portais fazendo críticas, inclusive cobrando desta Comissão de Meio Ambiente e de vereadores, como se vereadores tivessem o poder do Executivo. E não é só o executivo municipal, o estadual e, principalmente, o federal têm de prover recursos para que possamos ter fiscalizações, para que possamos ter ações efetivas para que pudéssemos evitar”, disse na ocasião.
PL para reduzir frota de ônibus
Um dos Projetos de Lei que causou debates entre os vereadores foi o de redução da renovação das frotas de ônibus em Manaus, de autoria do vereador Bessa.
Com a aprovação, a frota de ônibus em Manaus, que tinha uma renovação em 25%, agora passa a ser apenas de 10%, com o intuito de aumentar o tempo de vida útil do veículo de 6 anos para 7 anos.
O vereador Rosinaldo Bual foi outro parlamentar que defendeu a redução na renovação da frota de ônibus em Manaus, e ainda afirmou que Manaus é referência no Brasil. “Tem pessoas irresponsáveis aqui dentro falando que o transporte de Manaus não está bom, eu não sei qual é a intenção desse colega. A nossa cidade é referência para muitas cidades do Brasil”, disse.
Bloqueio das contas
O bloqueio nas contas da CMM ocorreu após os vereadores rejeitarem o pedido de empréstimo de R$ 600 milhões da Prefeitura de Manaus.
Na época, a Prefeitura de Manaus assumiu que realizou o bloqueio das contas da Casa Municipal para uma correção no sistema. À imprensa, o presidente da CMM, Caio André, repreendeu a ação e afirmou que não havia necessidade para tal feito.
Empréstimo aprovado
Logo no começo da discussão, a oposição apontou que as alegações do novo pedido de empréstimo apresentado à CMM eram idênticas às alegações do pedido anteriormente rejeitado pela Casa.
O plenário contou com a presença de 40 vereadores, sendo uma ausência da vereadora Yomara Lins, que estava de licença médica. Diferente da votação anterior, a maioria dos vereadores votou a favor, sendo alguns votos revertidos de última hora.
Especialista comenta
Ao O Convergente, o analista político Carlos Santiago afirmou que o ano da Câmara Municipal de Manaus ficou mais sensível ao apelo popular, além da bancada da oposição à prefeitura ter crescido, com o prefeito tendo dificuldade para aprovar alguns projetos.
“Com a nova presidência da Câmara Municipal de Manaus, e com a nova configuração política em que ampliou a bancada de oposição ao prefeito, os debates no parlamento ficaram mais constantes, e o David Almeida teve dificuldades para aprovação de projetos de lei”, comentou.
O analista político ainda pontuou que o presidente da CMM teve mais autonomia para administrar a Casa. “O parlamento ficou mais sensível ao apelo popular, e Caio André teve mais autonomia para administrar o parlamento, sem interferência do Poder Executivo”, disse.
Apesar disso, o analista aponta que a CMM ainda precisa avançar em algumas ações, como por exemplo a questão da Zona Azul e até mesmo limpeza urbana. “A Câmara pode investigar os contratos de iluminação pública, da Zona Azul, do transporte coletivo e o da limpeza urbana. São contratos que envolvem bilhões de reais”, afirmou.
Para ele, a Câmara deve também fiscalizar os empréstimos concedidos ao município nos últimos 10 anos. “A Câmara pode e deve fiscalizar como um poder que representa a sociedade”, finalizou.
Vale lembrar que o nome do presidente da Câmara Municipal de Manaus, o vereador Caio André, tem sido bastante cotado para a disputa eleitoral pela Prefeitura de Manaus, após o primeiro ano de gestão da Mesa Diretora, além das boas críticas que tem recebido dos colegas de Casa. Nos bastidores políticos, é comentado que o parlamentar seria o candidato a vice-prefeito na chapa do indicado pelo governador Wilson Lima.
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Por Camila Duarte
Revisão textual: Vanessa Santos
Ilustração: Marcus Reis