Servidores do Banco Central deram início nesta segunda-feira, 3/1, a entrega de cargos de chefia, seguindo a mesma linha dos funcionários da Receita Federal. Os servidores do BC pleiteiam por reajuste salarial para os cargos Analista e Técnico após a aprovação do Orçamento de 2022 elevar os salários dos policiais federais, atendendo ao pedido do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), para beneficiar a categoria militar, uma das principais bases aliadas de seu governo.
Em nota, o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) diz que “de elogios inócuos e ‘tapinhas nas costas’ os servidores estão cansados.” A lista com o nome dos funcionários que aderiram ao movimento deve ser divulgada em breve. Atualmente, a autoridade monetária possui cerca de 500 funcionários comissionados.
O sindicato também está incentivando funcionários que devem substituir os comissionados a aderirem ao movimento, como forma de inviabilizar a administração e pressionar por uma reunião com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para pleitear aumento para os servidores do BC.
Os servidores do BC também vão paralisar as atividades no próximo dia 18, em adesão ao movimento de paralisação dos servidores federais, organizado pelo Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas dos Estados (Fonacate).
O sindicato dos servidores do BC questiona acordo para aumento de 28,86% para os servidores da Receita Federal, os do Tesouro Nacional, os Policiais Rodoviários Federais, e os da Controladoria-Geral da União, e diz que mas não houve negociação para os servidores do Banco Central do Brasil. Em nota, o sindicato diz que “os policiais federais e os servidores da Receita Federal terão reajuste salarial em 2022, aprofundando ainda mais as diferenças remuneratórias entre o BC e carreiras congêneres.”
Crise – O movimento de entrega de cargos começou a ganhar força nas últimas semanas com o protesto da Receita Federal que está descontente com o corte de verbas para a Receita e por não contemplar no Orçamento o pagamento de uma gratificação (bônus) por produtividade aos servidores da Receita. Segundo o Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), mais de 700 auditores já entregaram seus cargos de chefia até a semana passada.
“Enquanto não houver uma sinalização inequívoca por parte do governo de que a pauta da categoria será atendida, o movimento tende a recrudescer”, diz o sindicato em nota. Pressionado, o governo sinaliza um decreto para conceder o bônus de produtividade reivindicado pelos servidores.
O efeito cascata do reajuste salarial para apenas uma categoria já havia sido alertado por juristas e especialistas e deve ser uma das grandes dores de cabeça deste ano para o governo Bolsonaro. Funcionários do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e peritos médicos também já pleiteiam reajuste.
Os funcionários do Ipea estão sem reajuste desde 2019 e os médicos peritos estão sem reajuste há 10 anos, segundo a Associação Nacional dos Médicos Peritos.
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Da Redação com informações da Folha de S.Paulo
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