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terça-feira, dezembro 3, 2024

Parte 1 – A trama da Cidade Universitária, por Arthur Virgílio Neto

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Entre as mazelas inúmeras que compõem a vida política do hoje senador Omar Aziz está algo ignóbil, perverso, algo que mostra toda a falsidade do autor da trama: a Cidade Universitária. Todo mundo tem direito a ser ingênuo por alguns momentos e eu acreditei. Achei um projeto bom, bonito, que iria fazer o município de Iranduba crescer. Falava com os jovens nas minhas andanças pelo interior, pela capital, e os seus olhos brilhavam porque eles diziam: “Puxa! Vou ter uma oportunidade”. E fizeram maquete, anunciaram a oitava maravilha do mundo. Praticamente todo mundo embarcou nessa conversa, evidentemente delinquente.

Mas, o que foi a Cidade Universitária? Um terreno. Durante o verão, movimento de terra frenético, dando a impressão de que “agora vai”. No inverno, as águas levavam todo trabalho de terraplanagem do verão. Era alegria aos empreiteiros e felicidade dos que participavam dessa negociata sórdida.

Há informações seguras de que somente da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) foram subtraídos R$50 milhões, jogados naquele puxa-encolhe da Cidade Universitária, fora o que saiu diretamente dos cofres do Estado. Foi muito dinheiro! Não posso nem dizer que foram recursos investidos, porque estaria ridicularizando o verbo investir. Os recursos foram lançados em bolsos de pessoas desonestas, algo criminoso, porque acendiam os olhos e as esperanças da nossa juventude.

E o que é a Cidade Universitária hoje?  É um local para abandonarem cães, aqueles que têm o defeito de não gostarem de animais. Pessoas assassinadas são encontradas lá. Virou um valhacouto, um esconderijo, algo bem diferente daquilo que fez brilhar os olhos da garotada, da juventude do Amazonas. Foi uma traição enorme!

Eu diria que a Cidade Universitária, versão Omar Aziz, revela o caráter do senador. Um homem sem nenhum escrúpulo, que consegue lidar com o fato de a sua quadrilha, da ‘Operação Maus Caminhos’, ter desviado R$260 milhões dos cofres públicos e, simplesmente, traça planos para se manter com mandatos. Se sentir que não vence para senador vai para deputado, burlando as regras da justiça para se manter imune. Sua esposa e seus irmãos, que foram atingidos, não são tão imunes assim. Ele cuida dele. Os outros que paguem os crimes que ele próprio arquiteta.

Tenho orgulho de ser filho do homem que aprovou o projeto que tirou Manaus da limitação de estudar apenas Direito e Ciências Econômicas e que deu o contorno do que é hoje a Universidade Federal do Amazonas (Ufam). E nós deixamos de exportar cérebros, pessoas que queriam estudar e iam para outros estados, casavam, construíam suas famílias e ficavam por lá, algumas poucas voltavam.

Continuamos com esforço para formar cidadãos com o Bolsa Universidade, que herdei do ex-prefeito Amazonino Mendes. Encontrei alguns senões, procurei corrigi-los, nunca neguei a autoria do programa e toquei para frente. Agreguei os bolsas Pós-Graduação e Idiomas. A partir do que o Amazonino iniciou, construí uma universidade virtual, com alunos distribuídos por quase todas as faculdades do Amazonas, talvez com mais alunos que qualquer outra universidade do Estado.

Fizemos isso com muito amor e com o amor dos nossos parceiros. O que eles menos almejavam era o benefício fiscal ou financeiro, eles estavam vendo a construção de uma universidade virtual, hoje realidade. Espero que o meu sucessor, o prefeito David Almeida, toque isso adiante e faça melhor, faça maior, eu torço muito por isso. Fiz minha parte, colaborando, inclusive, para que muitos professores fossem pós-graduados, ajudando, e muito, para que crescêssemos no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), sob o comando da valorosa professora Kátia Schweicardt.

Outro exemplo é a própria UEA.  Na época de sua criação eu era adversário ferrenho do então governador Amazonino Mendes, com quem hoje mantenho boas relações. Cheguei a falar, durante um evento naquela universidade, que adoraria que o autor tivesse sido outro, para não ter que aplaudir. Mas foi o Amazonino que criou a UEA, eu não só o aplaudi como reconheci que a universidade foi uma grande obra a ser continuada por outros governadores. É uma obra que não termina nunca, porque tem que acompanhar as evoluções tecnológicas e todas as outras que são desenvolvidas visando à melhoria educacional.

Em resumo: meu pai contribuiu para a criação da Ufam, Amazonino Mendes criou a UEA, eu construí uma grande universidade virtual e a contribuição de Omar Aziz, com o ensino universitário, foi a mais mesquinha, a mais perversa, a mais baixa de todas, preferindo beneficiar empreiteiros de maneira imoral. Espanto-me com pessoas, às vezes, muito pressurosas em acatar inverdades e que, nesse caso, passam por cima, não fazem investigação, não cobram o mandato de uma pessoa que nunca deveria exercer cargo nenhum.

Tenho muito o que falar da Cidade Universitária, do senador Omar Aziz. Aguardem a segunda parte desse artigo.

Sobre o autor

Diplomata, é diretor do Núcleo de Educação Política e Renovação do CPJUR – Centro Preparatório Jurídico, foi deputado federal e senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique, Conselheiro da Presidência da República, ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência, líder das oposições no Senado por oito anos seguidos, três vezes prefeito da capital da Amazônia.

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Foto: Divulgação

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