Após o número mínimo de assinaturas para a abertura da CPI que investiga pagamentos feitos aos familiares do prefeito David Almeida (Avante), o pedido de abertura da Comissão entrou em discussão nesta terça-feira (17), na Câmara Municipal de Manaus.
O assunto foi levantado pelo vereador Isaac Tayah (MDB), que questionou o motivo da abertura da CPI e afirmou que os vereadores não tem ‘ação de polícia’ para solucionar e investigar, de fato, as denúncias.
“Essas CPI só dão em pizza. É politiqueira mesmo. Quando a gente faz CPI, a gente tem que olhar primeiro se vai ajudar ou não. Se criar uma CPI aqui, nós sabemos que não temos ação de polícia, é só fiscela. As pessoas que estão assistindo acham que nós resolvemos com CPI, que nada. Vai para o Ministério Público, nós não temos ação de polícia”, disse.
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Ao pedir parte do tempo, o autor da CPI, o vereador Lissandro Breval (PP), defendeu a abertura da investigação e criticou as falas do parlamentar na tribuna.
“O senhor dizer que o trabalho parlamentar não tem fundamento é de uma falta de respeito e irresponsabilidade, e o pior, ser conivente com a corrupção. Faço questão de entregar para o senhor [o relatório] da CPI para o senhor ver as notas fiscais das empresas, o sistema de corrupção”, iniciou.
Em um momento, o autor da CPI criticou o vereador que estava rindo na tribuna. “Estamos falando de dinheiro público, falando da população. Para o senhor que está rindo pode ser uma brincadeira, mas isso é corrupção”, disparou.
Na ocasião, houve um momento de tensão entre ambos, que precisou ser interrompida pelo presidente da CMM, o vereador Caio André (UB).
“Vereador Isaac Tayah, vossa excelência cedeu a parte. Após o término do discurso dele, vossa excelência tem todo direito de continuar falando e não pode interromper o discurso dele”, alertou o presidente da CMM.
Após retornar o discurso, o vereador Isaac Tayah afirmou que não estava brincando. “Quero só lembrar que eu não estava brincando quando vossa excelência estava falando. […]. Quando eu fui presidente, fizemos 3 CPIs aqui, nenhuma dela prendeu ninguém porque não temos ato de prisão. […] Nós brincamos de CPI, estou falando sério”, disse.
Entenda a CPI
O pedido de abertura da investigação na CMM ocorreu após uma série de denúncias envolvendo pagamentos de empresas contratadas pelo município à familiares do prefeito de Manaus, entre eles, a noiva de David Almeida, Izabelle Fontenelle, e a sogra Lidiane Oliveira Fontenelle.
A sogra do prefeito, Lidiane Oliveira Fontenelle, teria recebido em média, R$ 20 mil mensais de uma construtora que possui um contrato de R$ 65 milhões com a prefeitura da capital amazonense.
A empresa dela recebeu, aproximadamente, R$ 124 mil como prestadora de serviços da empresa contratada pela Prefeitura de Manaus.
Já a noiva recebeu dois valores como prestadora de serviço para empresas com contrato com a prefeitura. Izabelle Fontenelle, teria recebido cerca de R$ 120 mil por uma empresa contratada pela gestão de David Almeida, de acordo com uma reportagem do Estadão.
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Por Camila Duarte
Ilustração: Marcus Reis
Revisão: Letícia Barbosa
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