Os impactos sociais, políticos e econômicos após a Rússia invadir a Ucrânia, na madrugada desta quinta-feira, 24/2, ganhou grande repercussão não só na política internacional, como na nacional e estadual. Isso porque a guerra, segundo especialistas, pode trazer uma série de impactos não só para os países envolvidos no conflito como para todo o mundo. No Brasil, o Itamaraty emitiu uma nota à imprensa afirmando que acompanha, “com grave preocupação”, a deflagração de operações militares da Rússia contra alvos no território da Ucrânia.
Antes do comunicado oficial, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), questionado sobre o assunto enquanto chegava ao Palácio do Planalto, na manhã desta quinta-feira, afirmou que o Brasil é contra a invasão russa ao território da Ucrânia.
“O Brasil não está neutro. O Brasil deixou muito claro que ele respeita a soberania da Ucrânia. Então, o Brasil não concorda com uma invasão do território ucraniano. Isso é uma realidade. A gente tem que olhar sempre a história. A história ela ora se repete como farsa, ora se repete como tragédia. Nesse caso ela está se repetindo como tragédia”, disse o vice-presidente.
A decisão do presidente russo Vladimir Putin de invadir o país vizinho virou, para alguns especialistas políticos, a maior crise diplomática e militar do século na Europa. E também foi repercutida entres os pré-candidatos à presidência da República nas eleições deste ano.
“Ninguém pode concordar com guerra, ataques militares de um país contra o outro. A guerra só leva a destruição, desespero e fome. O ser humano tem que criar juízo e resolver suas divergências em uma mesa de negociação, não em campos de batalha. A humanidade não precisa de guerra, precisa de emprego, de educação. Por isso que eu fico triste de estar aqui falando de guerra e não de paz, de amor, de desenvolvimento”, disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma postagem feita em suas redes sociais.
Assim como ele, Ciro Gomes (PDT) falou sobre o assunto e de forma sutil, criticou o presidente Bolsonaro, além de explicar como a guerra pode afetar o Brasil.
“No mundo atual não existe mais guerra distante e de consequências limitadas. Precisamos nos preparar, portanto, para os reflexos do conflito entre Rússia e Ucrânia. Muito especialmente por termos um governo frágil, despreparado e perdido. Para ficar em um só aspecto preocupante, basta lembrar que o barril do petróleo já passou dos 100 dólares o que vai nos atingir em cheio por termos uma política absurda de preços rigidamente atrelada ao mercado internacional”, afirmou.
Já o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) se limitou apenas em dizer que repudia “a guerra e a violação da soberania da Ucrânia. A paz sempre deve prevalecer”.
“Condenável a invasão da Ucrânia pela Rússia. Guerra nunca é resposta a nada. Ninguém ganha quando a violência substitui o diálogo. Muitos acabam pagando pelas decisões de poucos. O que está em jogo são milhões de vidas humanas. Mais do que nunca o mundo precisa de paz”, opinou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
Confira:
Posicionamento Bolsonaro – A pressão em torno de um posicionamento do presidente Bolsonaro sobre o assunto também ganhou grande repercussão na internet na manhã desta quinta-feira, 24. Pressão essa gerada, principalmente, em função da recente visita do presidente ao presidente russo, Vladimir Putin, na semana passada.
Porém a decisão sobre o tom desse posicionamento oficial do Governo Federal, em torno do conflito, foi deslocada do Itamaraty para o Palácio do Planalto. O órgão, ainda pela manhã, emitiu uma nota afirmando que acompanha, “com grave preocupação”, a deflagração de operações militares da Rússia contra alvos no território da Ucrânia.“O Brasil apela à suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações conducentes a uma solução diplomática para a questão, com base nos Acordos de Minsk e que leve em conta os legítimos interesses de segurança de todas as partes envolvidas e a proteção da população civil”, diz a nota.
Ainda de acordo com a nota, “como membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o Brasil permanece engajado nas discussões multilaterais com vistas a uma solução pacífica, em linha com a tradição diplomática brasileira e na defesa de soluções orientadas pela Carta das Nações Unidas e pelo direito internacional, sobretudo os princípios da não intervenção, da soberania e integridade territorial dos Estados e da solução pacífica das controvérsias”.
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Por Izabel Guedes com informações da Agência Brasil
Foto: Divulgação via REUTERS