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sexta-feira, julho 26, 2024

Ex-ministro da Saúde Nelson Teich é o segundo a depor na CPI da Covid

Teich ficou no cargo por 29 dias. Pediu demissão após divergências insuperáveis com Bolsonaro, principalmente quanto à ampliação do uso da cloroquina para pacientes com a Covid-19

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O ex-ministro da Saúde Nelson Teich disse nesta quarta-feira, 5/5, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, no Senado, que deixou o cargo após verificar que não teria autonomia para conduzir a pasta.

O ex-ministro, que é médico oncologista, disse que não era de seu conhecimento que o Exército produziu cloroquina para o tratamento de Covid-19 e que sua orientação foi contrária ao uso do medicamento, que poderia apresentar “efeitos colaterais”. Conforme estudos, não há eficácia científica para o uso do medicamento no combate à Covid-19.

O ex-ministro ficou apenas um mês no cargo, entre abril e maio de 2020, e disse na CPI que sua saída ocorreu por um “entendimento diferente do presidente [Jair Bolsonaro]”.

A principal queixa apresentada pelo ex-ministro Nelson Teich à CPI diz respeito ao que interpretou como falta de autonomia e de liderança para exercer o comando do Ministério da Saúde. Na avaliação dele, seria fundamental que o enfrentamento fosse liderado pela pasta, mas ele não teve essa oportunidade.

Teich afirmou que o presidente conhecia seus pontos de vista acerca das estratégias que deveriam e não deveriam ser desenvolvidas. Mesmo assim, insistia com iniciativas com as quais o então ministro não concordava.

“As razões da minha saída são públicas. Elas se devem basicamente à constatação de que eu não teria autonomia e liderança que imaginava indispensáveis ao exercício do cargo. Essa falta de autonomia ficou mais evidente em relação à divergência com o governo quanto à eficácia e extensão do uso do medicamento cloroquina”, afirmou.

Pazuello – À CPI da Covid, Nelson Teich afirmou que a escolha do general Eduardo Pazuello para o cargo de secretário executivo do Ministério da Saúde, o número 2 da pasta, foi uma indicação pessoal do presidente Jair Bolsonaro.

No entanto, Teich afirmou que a escolha não foi uma imposição. Ele refletiu e concordou com a opção. Além disso, destacou que o então secretário trabalhou e progrediu conforme suas orientações.

Teich disse que o ex-auxiliar, depois transformado em seu substituto, desempenhou bem o seu papel. “Nós trabalhamos juntos ali ao longo do período que eu tive. A gente… Eu defini as coisas que tinham que ser feitas. A gente conversava sobre como conduzir, e ele ia executando o que eu falava. Na verdade, quem definia era eu. Quem trabalhava a estratégia, quem discutia o que fazer era eu”.

Ao contrário do que fez o também ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich evitou atribuir às condutas e declarações do presidente Jair Bolsonaro alguma parcela de responsabilidade direta pela aceleração e pelo agravamento da pandemia no País.

Questionado objetivamente sobre essa contribuição negativa do presidente, disse ser “muito difícil” calcular esse impacto. “Esse tipo de mensuração tem que ser feito de forma científica. Conseguir projetar a partir de palavras o quanto isso impactou em mortalidade, isso é muito difícil”, declarou. “Sem alguma base científica, não teria como responder”.

Depoimentos – Ontem o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta foi ouvido na CPI. Nesta quinta-feira, 6, será a vez do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e do diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres. O ex-ministro Eduardo Pazuello deve prestar depoimento no dia 19 de maio.

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Com informações Agência Brasil e O Estado de S.Paulo

Foto: Divulgação

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