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sexta-feira, outubro 4, 2024

Senadores divergem sobre suspensão do antigo Twitter e bloqueio de contas da Starlink

Na próxima semana, o Senado Federal realiza um debate sobre a decisão do ministro Alexandre de Moraes

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A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) debate na próxima terça-feira (10) a suspensão da rede social X (antigo Twitter) e o bloqueio de contas bancárias da empresa de satélites Starlink. O debate foi sugerido pelo senador Sergio Moro (União-PR).

As restrições foram impostas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e confirmadas pela Primeira Turma do STF. Moraes suspendeu o X depois que proprietário da plataforma, Elon Musk, recusou-se a indicar um representante legal no Brasil. Os bens da Starlink, que também pertence ao empresário norte-americano, foram bloqueados até que Musk pague multas judiciais impostas ao X.

Durante a sessão deliberativa de terça-feira (3), senadores debateram a suspensão da plataforma X pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. De um lado, parlamentares da oposição criticaram o ministro do STF e defenderam o seu impeachment, além de cobrar que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, inicie o processo de impedimento. De outro, parlamentares alinhados ao governo defenderam tanto Alexandre de Moraes quanto Pacheco, destacando a reiterada defesa da democracia feita pelo presidente da Casa.

O senador Carlos Portinho (PL-RJ) informou ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que será protocolado na Casa, na segunda-feira (9), um pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, com assinaturas de deputados federais e de cidadãos de todo o país. Portinho e os senadores Magno Malta (PL-ES), Eduardo Girão (Novo-CE), Flávio Azevedo (PL-RN) e Izalci Lucas (PL-DF) defenderam a abertura do processo de impedimento.

Na opinião de Portinho sobre a suspensão, Alexandre de Moraes desrespeitou a garantia constitucional da liberdade de expressão ao bloquear em todo o país o acesso à plataforma X (antigo Twitter).

— Hoje o que a gente vê é a censura na caneta de um único ministro e de alguns outros comparsas — e vou me referir assim porque o são — que calaram 22 milhões de brasileiros. Porque o que parece, senhor presidente, é que vivemos num estado de exceção, um estado de perseguição, onde a vontade de uma pessoa, de um magistrado, prevalece sobre o Congresso Nacional, que Vossa Excelência preside. Isso é um gesto, para fora do Brasil, horroroso. Por quê? Porque não há lei, não há Congresso. O que há é uma pessoa que, numa canetada, derruba um negócio e prejudica a concorrência — afirmou Portinho.

Após falar sobre a suspensão, ele pediu que Pacheco e a Mesa do Senado aceitem o pedido de impeachment e abram o processo.

— Não posso acreditar que Vossa Excelência será o avalista do ministro Alexandre de Moraes e dos seus abusos. Com todo o respeito — declarou Portinho.

— Obrigado, senador Carlos Portinho, e em respeito a Vossa Excelência e a toda a oposição, evidentemente, uma vez formalizado o pedido, será apreciado pela Presidência do Senado Federal — respondeu Pacheco.

Depois do assunto sobre a suspensão, o senador Magno Malta cobrou o posicionamento de Rodrigo Pacheco como presidente do Senado e pediu que ele aceite o pedido de impeachment que será apresentado na semana que vem.

— Esta Casa, de fato, precisa se posicionar publicamente, na pessoa do seu presidente; publicamente, como qualquer outra instituição ou órgão, tem de se manifestar, ou para apoiar ou para dizer que não apoia, que vê erros. (…) Alexandre de Moraes precisa ser cassado — opinou Malta.

Em contraponto sobre a suspensão, os senadores Omar Aziz (PSD-AM), Otto Alencar (PSD-BA), Laércio Oliveira (PP-SE), Flávio Arns (PSB-PR), Paulo Paim (PT-RS), Irajá (PSD-TO), Bene Camacho (PSD-MA) e Randolfe Rodrigues (PT-AP) apoiaram Pacheco contra as críticas e cobranças da oposição. Omar, Otto e Randolfe ressaltaram que não veem motivos para o Senado processar Alexandre de Moraes e criticaram a oposição por tentar constranger o presidente do Senado.

— O senhor me representou no dia 8 de janeiro [de 2023], quando esta Casa foi invadida, apedrejada e quebrada por marginais, que alguns aqui no Senado defendem. O senhor me representou quando nós votamos aqui uma lei que acabava com decisões monocráticas. O senhor me representou quando discutiu a questão da liberação da maconha. O senhor me representa hoje — disse Omar Aziz a Rodrigo Pacheco.

Otto Alencar destacou que também é contra o impeachment de Alexandre de Moraes.

— Até porque, presidente, como falou o senador Omar Aziz, na minha opinião ele [Alexandre de Moraes] foi o defensor desta democracia, porque o golpe ia ser dado! (…) Não aconteceu o golpe porque não teve gente na rua, só teve em Brasília. Se tivesse [pessoas nas ruas] nas outras capitais, teria o golpe, sim, teria o golpe. O golpe da insensatez, para derrubar a democracia, que foi, com muita luta, conquistada por vários líderes deste Senado e da Câmara dos Deputados — afirmou Otto.

Randolfe disse que a plataforma X e seus donos não estão acima da lei e são obrigados a seguir as regras do Brasil como toda empresa nacional ou estrangeira.

Debate

O senador Sergio Moro quer discutir “os possíveis impactos econômicos” das decisões do STF. No requerimento (REQ 134/2024 — CAE), o parlamentar afirma que “a inédita decisão judicial implica repercussões financeiras para cidadãos e empresas brasileiras”.

“A ordem judicial tem o potencial de ferir diretamente a liberdade de expressão de 22 milhões de brasileiros usuários da plataforma X. Da mesma forma, o bloqueio de contas da Starlink, maior empresa provedora de internet via satélite no país, pode impactar o funcionamento de inúmeros negócios privados e atuação de órgãos públicos, como atividades ligadas à segurança e inteligência nacional”, justifica Sergio Moro.

A audiência pública começa após uma reunião deliberativa da CAE, marcada para as 9h. O debate deve contar com os seguintes convidados:

  • Fernando Schuler, escritor e colunista da revista Veja;
  • Jesaias Oliveira Duarte Arruda, criador de projeto de integração no Amazonas;
  • Gerson Ribeiro, diretor de instituição que trabalha na área social com indígenas do Amazonas;
  • Helio Beltrão, economista e presidente do Instituto Mises Brasil;
  • Arthur Igreja, especialista em tecnologia;
  • representante da Starlink; e
  • representante da Câmara de Comércio Brasil — Estados Unidos.

Fonte: Agência Senado

Leia mais: Anatel comunica ao STF que Starlink suspendeu acesso à rede X

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