33.3 C
Manaus
sexta-feira, julho 26, 2024

8 de janeiro: ataques aos Três Poderes completam 1 ano com 30 condenados e prejuízo de R$ 27 milhões aos cofres públicos

O dia 8 de janeiro de 2023 ficou marcado na história do Brasil quando um grupo de eleitores contestou o resultado das eleições presidenciais

Por

Destruição, prisões e ataques à democracia. Há um ano, opositores do governo Lula se reuniram na frente da Praça dos Três Poderes onde, momentos depois, invadiram os prédios públicos das autoridades e depredaram, roubaram e vandalizaram os locais. O dia 8 de janeiro de 2023 ficou marcado na história do Brasil como a não aceitação do resultado das eleições de 2022, que teve como derrotado o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Os participantes invadiram o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto em uma tentativa falha de cometer um golpe de Estado e impedir que o presidente Lula (PT) retornasse para cumprir o terceiro mandato. Toda ação causou um rombo de milhões aos cofres públicos, que precisaram arcar com as despesas para reestruturar o ambiente.

Na ocasião, os participantes marcharam até a Esplanada e, sem resistência da Polícia Militar (PM), furaram um bloqueio policial até concluirem a invasão ao Congresso Nacional e causarem um prejuízo de mais de R$ 27 milhões aos cofres públicos.

Invasões

Dias antes, as redes sociais de políticos e apoiadores da oposição convocavam as pessoas que não concordavam com o resultado das eleições para o ato, que ficou marcado como uma tentativa de derrubar a democracia.

Antes dos opositores ao governo invadirem os prédios públicos, a Abin chegou a encaminhar um relatório para as forças de segurança de Brasília sobre a possibilidade de ocorrer uma invasão aos locais. Na véspera dos ataques, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, alegou que os protestos eram pacíficos.

A ação dos manifestantes ocorreu pela parte da tarde do dia 8 de janeiro de 2023, quando chegaram à Esplanada dos Ministérios e encontraram uma segurança “fraca”, com revistas superficiais, segundo relatos.

Com a falta de segurança e um número reduzido de policiais, os manifestantes passaram a depredar os prédios dos Três Poderes e invadir os locais. Os poucos policiais que estavam no local tentaram conter os extremistas com spray de pimenta, no entanto a tentativa não foi suficiente.

Manifestantes tomaram a rampa do Congresso Nacional, invadiram o Senado e o plenário da Câmara Federal. Entraram no Supremo Tribunal Federal e no Palácio do Planalto e depredaram e roubaram objetos, alguns importantes para a história da política brasileira.

Logo após os ataques, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes suspendeu o mandato do governador do Distrito Federal, além de decretar intervenção federal de segurança na capital do Brasil.

Prisões

No dia dos ataques, 243 pessoas foram presas em flagrante dentro do prédio público. Com o passar das investigações, 2,1 mil pessoas foram presas por envolvimento nos ataques do 8 de janeiro.

Do total de acusados, 30 foram condenados por participação nos ataques, de acordo com o balanço divulgado na última quarta-feira (3), pelo Supremo Tribunal Federal.

Dentre os que seguem presos, oito já foram condenados pelo Supremo. Outros 33 foram denunciados como executores dos crimes praticados e 25 aguardam a conclusão de diligências.

Os condenados e julgados pelo STF, até o momento, receberam até 17 anos de prisão pelos ataques do 8 de janeiro. No primeiro indulto de Natal, o presidente Lula excluiu os condenados pelos ataques.

Repercussão

Na imprensa nacional e internacional, os protestantes eram associados a eleitores e apoiadores do ex-presidente Bolsonaro, uma vez que muitos gritavam o nome do político e usavam camisetas em apoio a ele. Alguns parlamentares chegaram a acusar o ex-presidente de promover o ato através de falas em que questionava o processo eleitoral.

A BBC News relatou as imagens dos manifestantes no Congresso Nacional como “cenas dramáticas” e ainda ressaltou que os apoiadores se recusaram a aceitar que Bolsonaro havia sido derrotado.

Um dos jornais mais famosos do mundo, o The New York Times, alegou que os manifestantes afirmavam que as eleições tinham sido manipuladas.

The Washington Post destacou na manchete o envolvimento de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro nos atos golpistas e relembrou a semelhança com as invasões do Capitólio, quando apoiadores do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump invadiram o prédio público contestando a derrota do mesmo.

Especialista comenta

Ao O Convergente, o analista político Carlos Santiago afirmou que o 8 de janeiro ficará marcado como o ápice dos eventos contra o exercício da democracia no Brasil.

“O 8 de janeiro foi o ápice de vários eventos que aconteceram no Brasil, que buscavam questionar o sistema de votação do país, as decisões dos ministros do STF e, ainda, o resultado das urnas em que o ex-presidente Bolsonaro perdeu por uma diferença pequena para o atual presidente Lula”, disse.

Ele ainda traçou que as redes sociais influenciaram nos ataques, além de financiadores e mentores que estavam por trás. “Nas redes sociais, grupos digitais com mentores intelectuais, financiadores e aqueles que agiram depredando os prédios dos Poderes da República, tentando um golpe contra a democracia e a intervenção do exército no conflito como forma de impedir o exercício do mandato do presidente eleito”, comentou.

Apesar disso, o analista político destacou que a democracia saiu muito mais fortalecida após os ataques e que demonstrou a união entre os poderes. “O 8 de janeiro também foi o fortalecimento dos valores democráticos, a união dos poderes da República, com medidas rápidas do presidente Lula, que decretou intervenção federal, da polícia do Distrito Federal”, pontuou.

Santiago ainda frisou sobre a ação das autoridades em relação aos manifestantes que depredaram os prédios públicos. “O Poder Legislativo agiu com medidas duras contra aqueles que queriam derrubar a democracia e foi uma demonstração clara, por essa união dos poderes, que a democracia saiu muito mais fortalecida a ponto de, até no mesmo dia, à noite, os chefes dos poderes da República fizeram uma caminhada em Brasília para mostrar que os poderes estavam unidos para a normalidade do país e para consolidar ainda mais os valores democráticos”, comentou.

Para ele, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi um dos mentores dos ataques. “De lá para cá, muitos ativistas, baderneiros, influenciadores, e até mentores do dia 8 estão presos. Alguns já condenados e o ex-presidente Bolsonaro, de forma direta ou indireta, foi mentor desse evento e está inelegível”, disse.

O analista político ainda ressaltou a importância e a transparência do sistema de votação brasileiro, apesar das manifestações. “O dia 8 de janeiro vai ficar na história como ápice de vários eventos contrários ao sistema eleitoral do país, ao resultado das urnas das eleições presidenciais por pessoas, por mentores, por financiadores e por militantes, mas também será lembrado como o dia que a democracia saiu muito mais fortalecida”, finalizou.

Leia mais: Presidentes dos três Poderes se reúnem no 8 de janeiro para celebrar democracia

____

Por Camila Duarte

Revisão textual: Vanessa Santos

Ilustração: Marcus Reis

Fique ligado em nossas redes

Você também pode gostar

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

spot_img

Últimos Artigos

- Publicidade -