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sábado, julho 27, 2024

Recluso por três anos e meio, José Melo retorna à vida pública como pré-candidato a deputado e em defesa de um novo projeto econômico para o AM

Em entrevista ao Portal O Convergente, no quadro “Debate Político”, o ex-governador José Melo fez um breve relato sobre os 42 anos de vida pública, a reclusão após a cassação do mandato de governador em 2017, a solidariedade recebida de apenas dois políticos nesse período e apresentou seu projeto de matriz econômica sustentável para o Amazonas

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Distante do cenário político há mais de três anos e meio, o ex-governador do Amazonas, José Melo (Pros) foi o convidado do quadro “Debate Político”, do Portal O Convergente desta semana. Professor por ofício, Melo destacou os 42 anos de vida pública, fez um breve relato sobre sua reclusão após ter o mandato de governador cassado em 2017 e sobre a solidariedade que recebeu apenas de Arthur Virgílio Neto (PSDB) e David Almeida (Avante) durante esse período.

Candidato à Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), José Melo falou ainda sobre suas perspectivas para as eleições de 2022. Caso eleito, o ex-governador afirmou que já tem desenhado os projetos de sustentação de seu mandato como deputado estadual, que terá como objetivo principal o desenvolvimento de uma matriz econômica ambiental.

Vida política – Nascido em Eirunepé, José Melo foi duas vezes secretário de Educação do Amazonas e uma vez secretário de Educação de Manaus. Foi duas vezes deputado federal e uma deputado estadual. Foi vice-governador antes de se tornar governador Amazonas, em 2015.

José Melo foi cassado em maio de 2017, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por suspeita de compra de votos nas eleições de 2014. Ainda em 2017, ele e a esposa, Edilene Oliveira, foram presos durante a deflagração da operação “Estado de Emergência”, terceira fase da Maus Caminhos, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF).

“Eu vi o céu e depois vi desmoronar tudo isso. Ao invés de me tolher, na verdade, isso me fortaleceu. Aprendi muito com todas essas experiências. Após passar por todo esse processo na minha vida aproveitei esses três anos e meio, que passei recluso, para estudar bastante não só a geografia do Estado, mas também a morfologia”, disse Melo fazendo referência ao seu projeto econômico para o Amazonas.

Projeto econômico – José Melo destacou que a Zona Franca de Manaus (ZFM) é o mais importante modelo econômico do Estado, que além de ser um modelo equilibrado é distribuidor de receita, mas que sofre constantes ameaças do Governo Federal e, por esta razão, é preciso buscar outras formas de gerar economia no Amazonas.

Melo esclareceu que seu projeto econômico, intitulado “Matriz Econômica Ambiental”, tem várias vertentes, mas basicamente consiste na exploração de minérios, de insumos por meio da flora para a produção de alimentos, remédios fitoterápicos e cosméticos, além da produção de proteína de peixe de água doce de forma sustentável, concedendo a futuros investidores a segurança legal e jurídica para atuarem nesse campo, trazendo investimentos para o Amazonas.

“Quando fui governador reuni embaixadores europeus, representantes do governador da Califórnia, da Ásia, ambientalistas do Norte do Brasil e discutimos uma alternativa econômica para ser a ‘irmãzinha’ da ZFM, para ser um outro viés econômico. Passamos a chamar de ‘Matriz Econômica Ambiental’, mas eu fui cassado e esse projeto morreu. Agora estou trazendo a matriz para que seja conhecida pelo nosso povo e aí termos empresas fortalecidas explorando, de forma sustentável, as nossas riquezas sem ferir a natureza e saindo daqui com o ‘Selo Verde’”, explicou.

Perspectiva política – Questionado sobre a possibilidade de concorrer a outros cargos eletivos em 2022, José Melo foi enfático ao dizer que “o futuro a Deus pertence”, mas deixando claro que trabalha na pré-candidatura para deputado estadual. “A Aleam e a Câmara dos Deputados são os locais onde são aprovadas as leis que dão amparo legal para que seja colocada em prática o projeto ‘Matriz Econômica Ambiental’, que o meu foco”, disse.

Melo reforçou que se vê hoje como uma pessoa com muita experiência, com o “couro mais grosso” com as pancadas que a vida lhe impôs e que, por isso, alimenta o sonho de transformar seu projeto econômico em uma realidade de futuro para o Amazonas.

“Se Deus achar que a Assembleia é o caminho para eu fazer isso, agradecerei a Ele todos os dias. Se Ele achar que tenho que me recolher e entregar tudo isso para alguém que vai desenvolver também me recolho e vou viver com a Helena, a minha netinha. Hoje eu estou preparado para qualquer coisa que seja meu destino, mas o que quero mesmo e que estou trabalhando é a pré-candidatura para Aleam, para que eu possa apresentar as leis e dar à matriz o suporte legal para que as pessoas possam vir para o Amazonas produzir com segurança”, declarou.

“Falando em pré-candidatura, se Deus assim me permitir, no dia seguinte que eu entrar (Aleam), eu já apresento todos os projetos de lei. Inclusive parte disso já está aprovado desde o meu governo, na questão ambiental, faltando só uns ajustes e algumas adaptações das novas leis”, completou ao falar sobre a matriz econômica ambiental.

Apoio político e aceitação pública – Com 75 anos de vida, José Melo disse ser consciente de sua trajetória e que já aprendeu muitas coisas ao longo da caminhada política. Ele revelou que há 60 dias ainda sentia o peso de “duas espadas”, uma relacionada a sua cassação e outra ao desdobramento da Operação Maus Caminhos, que resultou na prisão dele e da sua esposa, Edilene Oliveira, mas que isso passou.

“Tenho consciência que lá atrás, naquelas condições, eu não era, digamos assim, um bom vizinho para os políticos, tanto é que todos se afastaram de mim, menos o Arthur Neto e o David Almeida. Todos os outros se afastaram. Mas Deus não fechou todas as portas para mim, deixou duas janelinhas abertas”, declarou.

“Passei três anos e meio recluso, estudando muito. Um dia fui a uma drogaria comprar meus remédios e algumas pessoas me abordaram, falaram comigo, pediram para fazer fotos. Aí eu fui perdendo meu medo. Tomei coragem e passei a ir comprar as carnes no açougue e depois comecei a andar nas ruas. Isso foi me dando segurança”, disse ao explicar que agora se sente preparado para voltar a conversar com o povo e em condições de se defender.

Essa caminhada, conforme ele, tem tido sobressaltos, mas também aceitação e acolhimento. “É claro que tem muita gente que ainda tem conceitos diferentes ao meu respeito, eu até entendo, porque eu fui massacrado durante muito tempo e ainda não tinha tido chance de me defender. Eu tenho uma natureza muito diferente, eu não sei falar das pessoas que eu tive relação. Por exemplo, eu tive uma relação muito grande com o Eduardo (senador Eduardo Braga) e eu não sei utilizar isso para denegrir a imagem dele. O máximo que consigo dizer do Eduardo é que um rapaz talentoso, inteligente, mas que é uma pessoa, pelo menos em relação a mim, que não foi aquilo que eu imaginava dele. É o máximo que eu posso falar. No mais, o que posso dizer é que estou à disposição para dialogar e lutar por este sonho”, concluiu.

 

Assista a entrevista da íntegra:

Galeria de fotos:

 

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Por Lana Honorato

Fotos: Marcus Reis e Ismael Neves

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