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sexta-feira, julho 26, 2024

José Melo confirma candidatura à Aleam e afirma que ‘se Eduardo Braga fosse um vírus seria o Covid-19’

José Melo afirmou que pretende retomar a sua vida política e que não guarda rancor nem mágoas de quem lhe prejudicou. A traição e os desdobramentos que resultaram na cassação, conforme o ex-governador, fizeram com que ele pensasse em suicídio e que só não o fez porque uma sobrinha recém-nascida lhe “salvou”.

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De volta ao cenário político local após anos no ostracismo, o ex-governador José Melo (Pros) concedeu entrevista nesta segunda-feira, 8/11, ao radialista Ronaldo Tiradentes. Em pouco mais de 20 minutos, Melo fez um breve relato sobre os últimos capítulos como governador até sua cassação, sobre o momento em que pensou em tirar a vida, sobre uma carta com 110 laudas com sua versão dos acontecimentos e acusou o senador Eduardo Braga (MDB) de ser tão danoso quanto o vírus da Covid-19. Um emocionado José Melo confirmou que concorrerá a uma vaga de deputado estadual e que seu mandado defenderá a viabilização no estado de uma matriz econômica ambiental.

“Se o Eduardo Braga fosse um vírus, ele seria o Covid-19. Ele ficava insistindo e cutucando em todos os ministérios e eu não conseguia governar, porque ele não deixava. Ele não deixou a presidente Dilma Rousseff ajudar o governo e o povo do Amazonas. Eu fui cassado por compra de votos, mas a Nair Blair foi inocentada”, disse se referindo à assessora indiciada por compra de votos, caso que acabou levando a sua cassação.

Melo afirmou que foi vítima de Braga, alguém em quem confiou. “Me dediquei feito um desgraçado para o elegê-lo como governador contra Amazonino Mendes, que era uma lenda. Ele tinha um compromisso formal comigo, que iria me apoiar. Esta história da Nair Blair foi uma enorme invenção. Eu me considero uma vítima. Uma vítima de alguém que confiei, que o Amazonas sempre confiou e espero que não confie mais. Ele não merece minha confiança e nem povo do Amazonas”, reforçou.

Suicídio – A traição e os desdobramentos que resultaram na cassação, conforme o ex-governador, fizeram com que ele pensasse em suicídio e que só não o fez porque uma sobrinha recém-nascida lhe “salvou”. De acordo com Melo, o “fim do poço” não foram a prisão nem o uso de tornozeleira eletrônica, embora também tenham sido difíceis, mas sim quando um cidadão o chamou de ladrão em uma agência bancária.

“Fui ao Banco do Brasil tentar abrir uma conta, porque minha conta no Bradesco havia sido encerrada unilateralmente e, ao passar por um cidadão, uma pessoa disse assim: ‘E aí, Zé Melo, Ladrão da Saúde. Está indo botar os milhões que tu roubaste?’. Aquilo mexeu comigo. Voltei para casa e não conseguia dormir. Desci para o escritório. Escrevi 110 laudas até as cinco da manhã. Hoje, sei que Deus existe e o diabo também. Naquelas 110 laudas estavam toda a história da minha vida e de todos os políticos com quem convivi. Uma herança maldita para os meus filhos e para mim, do ponto de vista espiritual, pois eu iria para o inferno. Ia me matar”, relatou.

A carta, conforme Melo, seria sua despedida, uma vez que iria tentar o suicídio. No dia em que iria cometer o ato foi informado por sua esposa Edilene que a sobrinha deles ficaria hospedada com eles por um tempo para que a mãe se tratasse de um problema médico. Com o passar dos dias, Melo disse que foi se apegando à menina Helena e que isso o fez esquecer da carta, que ficou 30 dias na gaveta do escritório até que ele decidisse se desfazer dela.

“Isso é apagado da minha vida, nunca mais eu quero saber disso. Não queira saber o que é conhecer o inferno. Os piores dias não foram na prisão. Este foi o pior dia. Na minha cabeça passou os amigos, os inimigos, as traições, eu botei em um papel. Era uma herança maldita”, salientou Melo.

O ex-governador, que disse ter enfrentado também a depressão, afirmou não sentir mágoas e que, aos 75 anos, se sente apto a defender novamente um projeto que já elegeu para se debruçar na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).

Retomada – José Melo afirmou que pretende retomar a sua vida política e que não guarda rancor nem mágoas de quem lhe prejudicou. Questionado sobre as razões que lhe fizeram voltar a disputa de um cargo público, Melo disse querer provar a si mesmo que não era covarde. “Se eu tinha enfrentado uma cassação, tornozeleira, eu poderia enfrentar uma campanha”, disse.

E acrescentou sobre qual deve ser a sua bandeira, caso eleito.

“Quando fui governador dei início a um projeto de desenvolvimento econômico para além da Zona Franca de Manaus (ZFM). E elegi como bandeira, caso consiga ser eleito, a defesa de novas matrizes econômicas ambientais para o Estado do Amazonas. A matriz ambiental é a riqueza do nosso Estado e ela precisa ser desenvolvida de forma sustentável para promover o equilíbrio que o Amazonas precisa na geração de emprego e renda”, afirmou.

“Isso tudo tem que ser explorado de forma sustentável e eu vou agora, durante esse tempo, discutir mineração, petróleo de gás, a parte fitoterápica, peixe em cativeiro e alguns trilhões de madeiras que podem ser retiradas de forma sustentável’’, acrescentou o candidato.

Trajetória – Nas eleições no Amazonas em 2010, José Melo elegeu-se vice-governador na chapa encabeçada por Omar Aziz. Assumiu o cargo de governador pelo Pros quando Omar Aziz foi disputar o Senado, nas eleições de 2014. Candidatou-se à reeleição, vencendo no segundo turno a chapa encabeçada por Eduardo Braga.

Em 28 de março de 2016, o Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) decidiu manter Melo como governador temporariamente. No dia 31 de março de 2017, o TRE-AM cassou os mandatos do governador e do vice-governador, Henrique Oliveira pela denúncia de compra de votos ocorrida nas eleições de 2014.

Em 4 de maio de 2017, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou a chapa Melo/Henrique por 5 votos pela condenação a 2 votos pela absolvição. Em 21 de dezembro de 2017, José Melo de Oliveira foi preso pela Polícia Federal.

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Da Redação

Fotos: Divulgação da assessoria de imprensa

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