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segunda-feira, novembro 25, 2024

Com discurso de candidato ao Planalto, Sergio Moro se filia ao Podemos

Com uma fala que parecia descrever um plano de governo, Moro mirou a eleição de 2022, abriu seu leque e prometeu criar uma nova força-tarefa, dessa vez para o combate à pobreza. Falou sobre o fim da reeleição, do foro privilegiado e teceu críticas ao mensalão, petrolão, rachadinha e orçamento secreto.

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Diante de um Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, lotado, o ex-juiz da Lava-Jato e ex-ministro da Justiça, Sergio Moro se filiou ao Podemos nesta quarta-feira, 10/11. Com discurso de pré-candidato à presidência da República, Moro foi antecedido na fala pelo senador Álvaro Dias e pela presidente nacional da sigla, Renata Abreu que reforçaram o entendimento de que ele é o representante mais viável para ser a chamada terceira via, em uma disputa com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Com discurso de candidato ao Planalto, Sergio Moro ampliando seu já conhecido discurso de combate à corrupção. Com uma fala que parecia descrever um plano de governo, Moro mirou a eleição de 2022, abriu seu leque e prometeu criar uma nova força-tarefa, dessa vez para o combate à pobreza. A ideia da força-tarefa também atende à necessidade de ampliar o alcance de seu discurso para o lado social.

“Uma das prioridades do nosso projeto será erradicar a pobreza, acabar de vez com a miséria. Isso já deveria ter sido feito anos atrás. Para tanto, precisamos mais do que programas de transferência de renda como o Bolsa-Família ou o Auxílio-Brasil. Precisamos identificar o que cada pessoa necessita para sair da pobreza”, afirmou.

Confira a galeria:

Em seu discurso, Moro mencionou a situação da economia, com desemprego e inflação elevados e o preço elevado da gasolina. Criticou as políticas ambiental e de enfrentamento à pandemia de Covid-19 adotadas pelo governo federal, citando por exemplo as mais de 600 mil mortes provocadas pela doença e o aumento do desmatamento da Amazônia.

“Mesmo com o fim próximo da pandemia, a economia não vai bem. As pessoas ainda estão sofrendo. Há brasileiros passando fome. Isso dói em todos nós. A inflação está muito alta: os técnicos falam em um número, mas quem vai no posto de gasolina ou na mercearia sabe que é muito mais. Os juros subiram, dificultando ainda mais a vida do empresário, do agricultor ou das pessoas comuns. E os juros ainda vão subir neste governo e isso vai tornar a vida das pessoas ainda mais difícil. Não falo por ser pessimista, mas porque o país está indo para o rumo errado. Como exemplo, é só olhar o número elevado de pessoas desempregadas e há quanto tempo as coisas estão assim”, disse o ex-juiz.

Moro criticou ainda a PEC dos Precatórios, que são despesas do governo decorrentes de sentenças judiciais, e altera o cálculo do teto de gastos. A PEC já foi aprovada pela Câmara e ainda será analisada pelo Senado.

“Mesmo quando se quer uma coisa boa, como esse aumento do Auxílio-Brasil ou do Bolsa-Família, que são importantes para combater a pobreza, vem alguma coisa ruim junto, como o calote de dívidas, o furo no teto de gastos e o aumento de recursos para outras coisas que não são prioridades”, disse.

Por outro lado, o próprio Auxílio-Brasil foi alvo de críticas do ex-juiz. Ele afirmou que para acabar de vez com a miséria é preciso mais do que isso, sendo necessário identificar o que cada pessoa precisa para poder sair dessa situação. Moro disse que não é uma tarefa impossível, que poderá ser feita sem “destruir o teto de gastos ou a responsabilidade fiscal”.

Moro também falou da necessidade de proteger o meio ambiente e citou a Amazônia, que viu o ritmo de destruição aumentar no governo Bolsonaro. Segundo Moro, o Brasil fez “tudo errado nos últimos anos”.

“Temos a maior floresta do mundo, a Amazônia. Infelizmente, alguns veem a floresta como um incômodo e hoje nossa imagem no exterior é péssima. Mas a floresta é um patrimônio valioso e precisamos mudar a percepção do mundo a nosso respeito. Precisamos dar oportunidades de desenvolvimento para quem vive na região da Amazônia, mas precisamos proibir o desmatamento e as queimadas ilegais. Promover as ações e usar as palavras certas, considerando a população local”, falou.

Em seu discurso, Moro acenou ao mercado, defendendo reformas – especialmente a tributária – e a privatização de estatais ineficientes. Moro também defendeu a liberdade de imprensa, garantindo que jamais vai propor medidas de controle dessa atividade.

“Chega de ofender ou intimidar jornalistas. Eles são essenciais para o bom funcionamento da democracia e agem como vigilantes de malfeitos dos detentores do poder. A liberdade de imprensa deve ser ampla. Jamais iremos estimular agressões. Jamais iremos propor o controle sobre a imprensa, social ou qualquer que seja o nome com que se queira disfarçar a censura e o controle do conteúdo”, afirmou em evento em Brasília.

Recado dado – A fala de Moro contra corrupção, dentro ou fora da política, foi também um claro recado para o presidente Jair Bolsonaro e para o ex-presidente Lula. “Chega de corrupção, chega de mensalão, chega de petrolão, chega de rachadinha. Chega de orçamento secreto”, disse, se referindo aos escândalos envolvendo os dois políticos, mas sem mencionar os nomes dos rivais.

Reeleição – Moro atacou o uso da Forças Armadas para fins políticos, dizendo que elas “pertencem aos brasileiros e não ao governo”. Também criticou a reeleição para cargos no Executivo, como presidente, governador e prefeito.

“O presidente, assim que eleito, começa, desde o primeiro dia, a se preocupar mais com a reeleição do que com a população, está em permanente campanha política. E ainda tem o risco de gerar caudilhos, populistas ou ditadores, de esquerda ou de direita, pessoas que se iludem com o seu poder e passam a ser uma ameaça às instituições e à democracia, seja por corrupção ou por violência. Não devemos mais correr esses riscos”, afirmou.

Terceira via – Embora não tenha se lançado oficialmente como candidato, Moro já fez o discurso com o claro propósito de se tornar um dos nomes disponíveis dentro do campo da chamada terceira via. Ele admitiu que seu nome está à disposição para liderar um projeto nacional.

“Podemos construir juntos um Brasil justo para todos. Esse não é um projeto pessoal de poder, mas, sim, um projeto de País. Nunca tive ambições políticas, quero apenas ajudar”, disse. “Se, para tanto, for necessário assumir a liderança nesse projeto, meu nome sempre estará à disposição do povo brasileiro. Não fugirei dessa luta, embora saiba que será difícil”.

Confira íntegra do discurso:

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Com informações o Estado de S.Paulo

Fotos: Divulgação

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