O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tende a se apoiar nos resultados mais recentes de pesquisas de opinião para embasar a decisão de vetar o Projeto de Lei da Dosimetria, aprovado pelo Senado na noite de quarta-feira (17).
Em diálogos reservados com parlamentares aliados na semana passada, Lula destacou que os levantamentos indicam rejeição majoritária da população a qualquer medida que possa resultar em anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de Janeiro. Para o presidente, sancionar o texto poderia gerar desgaste desnecessário junto à base social do governo, sobretudo entre setores da esquerda, além de contrariar eleitores de perfil moderado, que também se posicionam contra a proposta.
A expectativa no Planalto é de que a decisão seja anunciada nos próximos dias, evitando que a base aliada fortaleça a narrativa de apoio ao projeto após sua aprovação no Congresso.
De acordo com informações repassadas à CNN Brasil, Lula demonstrou incômodo com a atuação do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). Sem o aval do Palácio do Planalto, o senador teria costurado um acordo de procedimentos que permitiu a votação do PL da Dosimetria na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), destravando a pauta para a apreciação de matérias de interesse econômico do governo.
Apesar do avanço da agenda arrecadatória, auxiliares do presidente avaliam que Wagner agiu com imprudência. O desconforto aumentou após o senador mencionar, durante discurso na CCJ, a possibilidade de sanção do projeto antes do Natal — declaração que provocou forte reação negativa entre militantes de esquerda.
Diante do episódio, Lula avalia promover mudanças nas lideranças do governo no Congresso a partir do próximo ano, o que pode afetar a posição atualmente ocupada por Jaques Wagner.
*Com informações da CNN
Leia mais: Amizades à parte, Lula pressiona Macron e pede fim do impasse entre Mercosul e União Europeia
