"Vou me render à decisão da federação nacional", diz Eron Bezerra no programa 'Debate Político'

No programa “Debate Político” dessa terça-feira (9), O Convergente recebeu o ex-deputado Eron Bezerra (PCdoB) que comentou sobre ter colocado o nome à disposição para a corrida pela Prefeitura de Manaus, além de falar também sobre o atual cenário político amazonense. A nova temporada do programa foi apresentado pela COO da empresa Letícia Barbosa e exibido pela TV Rede Onda Digital, através do canal 8.2, e pelo canal do Youtube da Rede Onda Digital.

Ao iniciar a entrevista, Eron Bezerra comentou sobre a trajetória a vida política e relembrou que sempre atuou como militante dos movimentos de esquerda. “Nunca mudei de lado na minha vida, as pessoas podem gostar ou desgostar, mas eu jamais vou mascarar o que eu sou […]. Sou militante de esquerda a vida inteira, sou fundador do PCdoB no Amazonas […]. A minha luta política me rendeu boas alegrias e também me custou várias prisões, duas cassações. Fui cassado politicamente por combater a ditadura”, disse.

Bezerra também falou sobre ter colocado o nome à disposição pela federação PT/PV/PCdoB para ser o pré-candidato a prefeito de Manaus. Conforme noticiou O Convergente, nesta quarta-feira (10), a federação nacional optou pela escolha do nome do pré-candidato Marcelo Ramos (PT).

Na entrevista, Eron abordou algumas propostas que traria para a campanha eleitoral. “Apresentei um conjunto de ideias tentando resolver esses problemas. Manaus tem os problemas de todas as naturezas, mas o principal deles é a segurança”, apontou.

Durante a entrevista, Eron citou alguns pontos que podem ser melhorados em Manaus, como por exemplo a construção de metrô para solucionar os problemas de transporte na cidade. “Manaus é um caos e não vai resolver esse problema enquanto não tiver metrô. Nenhuma cidade com mais de um milhão de habitantes não vai resolver esse problema se não tiver metrô”, afirmou.

Além de citar algumas questões de habitações, cultura e lazer, Eron Bezerra ressaltou que não quer uma cidade de inimigos e que governaria para todos os campos. “São esses tipos de questões que precisamos implantar em Manaus. Eu não quero uma cidade de inimigos, em que as pessoas xingam os outros porque é de direita ou de esquerda”, disse.

Ainda na linha de raciocínio, Bezerra enfatizou que não está no campo ideológico por conveniência. “Tem gente que é de direita ou de esquerda por conveniência, de acordo com a onda, ele vai para o lado ou para o outro. Não, eu não luto por uma coisa, eu luto por uma causa e a minha é do socialismo”, comentou.

Pré-candidaturas

Ao comentar sobre a federação, Eron Bezerra detalhou que os três partidos que formam a federação possuem autonomias para apresentar propostas e nomes de pré-candidatos, porém, a decisão deve ser realizada na esfera nacional.

“A federação não é um partido só, todos têm autonomia de apresentar propostas. Mas a federação só decide pelo consenso, então tem dois pré-candidatos hoje: A minha pré-candidatura apresentada pelo PCdoB e a do Marcelo [Ramos] apresentada pelo PT”, apontou.

De acordo com ele, a pré-candidatura do PT “não tem tradição no campo da esquerda” e, por essa razão, Eron não retirou o seu nome da disputa. Além disso, o presidente do PCdoB no Amazonas também pontuou que, apesar de ter uma opinião, prefere não se envolver nas decisões internas do PT.

“Eu não via nenhuma razão para retirar minha pré-candidatura em torno de uma candidatura que não tem tradição no campo da esquerda. Segundo, não tem unidade internamente pelo PT, porque chegou em última análise e já sentou na janela […], imagino o incômodo que isso causou, mas isso é um problema do PT que eu não quero me meter”, avaliou.

Marcelo Ramos

Antes da decisão da federação nacional pelo nome de Marcelo Ramos, a federação possuía duas pré-candidaturas: Marcelo Ramos e Eron Bezerra. No Debate Político, o ex-deputado havia afirmado que a decisão sobre quem seria o nome definitivo seria tomada antes das convenções.

“O PCdoB decidiu manter minha candidatura e o PT decidiu manter a candidatura dele. A federação nacional vai ter que arbitrar e decidir quem será o candidato porque o prazo está acabando […]. Nós teremos que chegar a um acordo nacional e estadual para arbitrar quem será o candidato na convenção, porque na convenção, só poderá chegar um nome”, disse.

Eron Bezerra ainda afirmou que seguiria a decisão da federação nacional caso fosse o pré-candidato ou não. “Se a federação nacional que esse caminho é o mais apropriado, terei prazer e honra e me dedicarei como sempre fiz […]. A federação tem direito de decidir quem é o candidato, da minha parte nenhum problema. Agora, eu não retiro nada, eu não tenho por hábito renunciar, abandonar uma causa, se eu pego uma causa eu levo até as últimas consequências e, democraticamente, vou me render à decisão da federação nacional se assim entender que não serei eu o candidato”, destacou.

Questionado se apoiaria a pré-candidatura de Marcelo Ramos, o político do PCdoB afirmou que a sigla não finge que apoia outros políticos. “A federação não é Marcelo Ramos, é PT/PV/PCdoB. Naturalmente, vamos tocar a campanha que a federação decidir, isso é um protocolo nosso. O PCdoB não tem por hábito fingir que apoia […]. Tudo o que eu não preciso é de mídia, eu realmente quero usar essa pré-campanha para apresentar ideias”, disse.

Prefeitura e CMM

Ao ser questionado sobre os trabalhos da Câmara Municipal de Manaus (CMM), o político pontuou que a Casa Legislativa caiu de qualidade. “Eu que sou do mundo da política, com muito esforço, consigo lembrar do nome de somente 10 vereadores. Isso revela o tamanho do estrago que é, a minha nota está dada nessa proporção. Caiu muito a qualidade dos parlamentares”, avaliou.

A Prefeitura de Manaus também entrou em discussão, no entanto, a administração de David Almeida (Avante) recebeu uma nota inferior a cinco, uma vez que Eron Bezerra afirmou que não existem ações de impacto direto para a população.

“Me diga uma obra da Prefeitura de Manaus, uma ação de impacto que a Prefeitura de Manaus tem produzido. O que a população espera dessa prefeitura? A minha nota não pode ser abaixo de 5, não é porque sou de esquerda é pela capacidade de ação que eles não apresentam”, comentou.

Processos no TRE

Durante a entrevista, Eron Bezerra comentou sobre alguns processos que responde no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AM) e, ao falar sobre assunto, se defendeu afirmando que não houve crime de improbidade administrativa, o qual é acusado pelo Ministério Público.

“Adoro que me perguntem porque me permitem explicar porque estou sendo perseguido, quem deve explicar isso é o Ministério Público que abriu o processo […] Trinta e quatro milhões custaria, na época, para o estado, nós fizemos por mínimo de três. Qual o crime que eu cometi? Economizar trinta milhões de reais para o contribuinte amazonense?”, questionou.

Bezerra também relembrou que o processo foi julgado sem que ele tivesse direito de defesa, mas que fez questão em provar na Justiça e abrir sigilos bancários para mostrar que não houve desvio de verbas.

“Eu fui julgado a revelia, sem defesa, e por uma causa que o Ministério Público jamais vai provar qualquer tipo de improbidade, porque é preciso demonstrar. Eu abri minhas contas, mandei meu sigilo bancário e fiscal, já que eles não conseguem provar”, disse.

“Isso é absolutamente tranquilo de tratar, com a mesma forma que eu apresento ideias eu apresento essa questão. Simples perseguição, mas isso é a vida de quem entra na vida pública”, completou.

Jogo das Cartas

No tradicional Jogo das Cartas do O Convergente, Eron Bezerra deu declarações de opinião sobre algumas figuras políticas. O primeiro foi o pré-candidato a prefeito Alberto Neto (PL), o qual ele classificou com a nota zero.

“Acho que o Capitão Alberto é um desses do quadro de direita, é um direito dele […]. O que ele fez até agora, em oito anos de mandato como deputado federal, pela segurança da nossa cidade? […] É zero, porque a principal bandeira dele pelo o que eu ouço é a segurança”, apontou.

O senador Eduardo Braga foi o segundo político a ser avaliado pelo entrevistado da semana. Ao comentar sobre, ele pontuou que o atual senador foi um “governador muito operante” e o classificou com a nota 7 no mandato como senador da República.

“Vou dizer com toda sinceridade, ele foi um governador muito operante, muitas obras foram feitas no governo dele […]. Independente se a pessoa gosta ou não dele, não dá para negar que ele foi um governador muito operante […] Não reprovaria ele, daria nota 7, acho que deixa muito a desejar, mas é o jeito e o perfil dele”, disse.

O deputado estadual e pré-candidato e prefeito Wilker Barreto (Mobiliza) foi outro político comentado por Bezerra. “Acho que está começando a vida em um certo zig zag, é um lado que não é muito claro. Não sou muito simpático com quem toda hora tem um lado”, alegou.

Por último, o presidente da Assembleia Legislativa do Estado (Aleam) e pré-candidato a prefeito de Manaus Roberto Cidade (UB) também recebeu comentários. Bezerra fez menções à gestão de Cidade na Aleam, mas questionou o motivo do atual deputado estadual colocar o nome à disposição para prefeito da capital amazonense.

“Ele é do interior do Amazonas, não sei qual é a pretensão dele de ser pré-candidato a prefeito de Manaus, porque acho que ele tem trajetória aqui, nenhum demérito, mas ele tem trajetória na região do Madeira […]. Ele tem presidido a Assembleia de maneira bastante republicana […], considero que ele tem tido uma postura bastante equilibrada como presidente da Assembleia, porém eu daria nota 6”, ressaltou.

Confira a entrevista na íntegra: