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sexta-feira, julho 5, 2024

50 anos do golpe militar de Pinochet: aumento da violência reduz rejeição à ditadura no Chile

País viveu sob o regime militar de Pinochet entre 1973 e 1990

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O regime do general Augusto Pinochet torturou e executou 2,3 mil pessoas. Mais de 200 mil foram para o exílio. O golpe que impôs a ditadura no Chile completa 50 anos nesta segunda-feira, 11. Diante de uma economia claudicante e do aumento da criminalidade, pesquisas mostram que uma parte crescente dos chilenos acredita que os direitos humanos não sejam tão prioritários.

Em agosto, o presidente chileno, Gabriel Boric, de esquerda, anunciou o primeiro plano do Estado para localizar 1.162 desaparecidos da ditadura. No entanto, apesar do esforço do governo e de ONGs de defesa dos direitos humanos para não deixar o golpe cair no esquecimento, muitos no Chile parecem aceitar a possibilidade de destituição de um líder democraticamente eleito.

Uma pesquisa do instituto de Lagos, publicada em janeiro, indicou que 36% dos chilenos acreditam que os militares “libertaram” o Chile do marxismo, quando depuseram o presidente Salvador Allende, ante 42% que disseram que o golpe destruiu a democracia, o menor índice desde 1995.

Pinochet liderou o golpe em um momento em que o país estava atolado em uma crise econômica que incluía escassez de alimentos e inflação galopante, que chegava a 600% ao ano. Quando os militares assumiram, impuseram uma economia de livre mercado que inseriu aqueles com dinheiro em uma festa consumista, mesmo quando a taxa de pobreza disparou.

Nos dias que se seguiram ao golpe, o Congresso foi fechado e os partidos políticos, dissolvidos. Aqueles que se opunham ao regime eram presos e torturados. Gómez disse que os abusos “poderiam ter sido evitados”, mas eles não são centrais em sua memória da ditadura.

Ele não está sozinho. Hoje, quase quatro em cada 10 chilenos acham que o governo de Pinochet modernizou o país e 20% veem o ditador como um dos melhores governantes do Chile do século 20, de acordo com pesquisa do instituto Mori.

Ditador morreu sem ter sido julgado

Augusto Pinochet permaneceu no poder até 1990, renunciando após a maioria dos chilenos votar contra o regime militar, em 1988. Mas, ao contrário de outros ditadores, Pinochet não desapareceu. Imediatamente após sair da presidência, ele se tornou comandante-chefe do Exército até 1998 e, mais tarde, senador vitalício, cargo que criou para si mesmo.

O general renunciou em 2002 e morreu em 2006 sem nunca ter sido condenado nos tribunais chilenos, embora tenha ficado detido por 17 meses em Londres por ordem de um juiz espanhol. “Os chilenos se acostumaram a conviver com Pinochet”, disse Lagos. “Ele é o único ditador da história ocidental contemporânea que, 50 anos após seu golpe, ainda é apreciado por 30 ou 40% da população de um país.”

Enquanto a sociedade chilena lida com seus sentimentos mistos sobre a ditadura, mais se aprende sobre a repressão dos anos através dos tribunais. Há cerca de 1,3 mil processos criminais ativos no Chile por violações de direitos humanos durante o regime e cerca de 150 pessoas cumprem penas na prisão de Punta Peuco, reservada exclusivamente para condenados por crimes da época da ditadura.

O Chile também busca respostas no exterior, pressionando os EUA a liberar documentos que possam explicar o papel de Washington na ditadura. Em agosto, a CIA divulgou partes dos relatórios presidenciais que confirmam que Richard Nixon foi informado sobre a possibilidade de golpe.

Manifestações

Mulheres vestidas de preto fora às ruas gritar ‘NUNCA MAIS’ em frente no Palácio de La Moneda

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Por July Barbosa com informações Estadão

Revisão textual: Vanessa Santos

Foto: Divulgação

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