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segunda-feira, julho 8, 2024

Estudo mostra fortalecimento da direita em nova legislatura no Amazonas

O resultado eleitoral para formação da Legislatura 2023-2026 apontou para uma orientação clara: o realinhamento dos partidos à direita e à centro-direita.

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Um estudo realizado pelo Laboratório de Estudos Geopolíticos da Amazônia Legal e divulgado em outubro do ano passado mostra como o encerramento das eleições no dia 02 de outubro de 2022 consolidou, outra vez mais, a polarização entre esquerda e direita, tendo como maioria vitoriosa políticos de direita.

O estudo foi feito pelos pesquisadores Marilene Corrêa da Silva Freitas, Paula Mirana Sousa Ramos, Breno Rodrigo de Messias Leite e Simone Machado de Seixas.

As eleições legislativas de 2022 surpreenderam e apresentaram um elevado grau de renovação das forças legislativas estaduais. O padrão de renovação do legislativo estadual, à luz da série histórica iniciada na redemocratização, oscila entre 1/3 e 2/5, sendo a renovação fundamentalmente intrapartidária (substituição do candidato A pelo candidato B do mesmo partido), causando assim um baixo impacto na conformação do subsistema multipartidário. E, a esse respeito, o que podemos identificar nas eleições de 2022? Primeiramente, o ingresso de dez novos parlamentares na Assembleia Legislativa. Dos dezenove que disputaram uma vaga para a reeleição, catorze foram reconduzidos à sua função na casa. Nejmi Aziz (PSD), Belarmino Lins (Progressistas) e Ricardo Nicolau (Solidariedade) se retiram do escrutínio, sendo o último um dos candidatos para o governo estadual; e Saullo Vianna e Fausto Santos, ambos do União Brasil, elevados à condição de deputados federais. Serafim Corrêa (PSB), Álvaro Campelo (PV), Therezinha Ruiz (PL), Dermilson Chagas e Tony Medeiros (Republicanos) foram eleitoralmente punidos e não foram reconduzidos à ALEAM.

A distribuição das forças partidárias acentua ainda mais o perfil de partidos de direita e de centro-direita na composição da correlação de forças dos partidos legislativos. União Brasil formou a maior bancada da casa com a eleição de seis deputados. Roberto Cidade (o mais bem votado), Joana Darc (a segunda colocada) e Adjunto Afonso obtiveram a sua reeleição pelo partido; George Lins, filho e herdeiro político de Belarmino Lins, Thiago Abrahim, filho de Mário Abrahim, prefeito de Itacoatiara, e Mário César Filho somaram-se à bancada do partido que resultou da fusão DEM-PSL. Já o Avante, partido do prefeito de Manaus, David Almeida, formou a segunda maior bancada da ALEAM. O deputado Abdalla Fraxe conseguiu a reeleição e terá como correligionários os eleitos Daniel Almeida, irmão do prefeito, Mayara Dias, esposa de Bi Garcia, prefeito de Parintins, e Wanderley Monteiro. O Partido Liberal, do presidente Jair Bolsonaro, elegeu três deputados, sendo Débora Menezes, filha do coronel Alfredo Menezes, segundo lugar na disputa para o Senado, e a reeleição de Marciel Pareira e Péricles Nascimento. O Partido Social Cristão assegurou a reeleição de Alessandra Campêlo e Francisco Gomes. Dan Câmara, ligado à Assembleia de Deus, também fará parte da próxima legislatura. A Federação Fé Brasil (PT-PCdoB-PV), atrelada à candidatura do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva, conquistou apenas duas vagas, com Sinésio Campos (PT) e Carlos Bessa (PV). O partido Republicanos garantiu a reeleição de João Luiz e Mayara Pinheiro.  Mayara Pinheiro teve um número menor de votos em relação a última eleição em 2018, quando obteve 50.819, para a atual, quando conquistou apenas 3/5 (29.747 dos votos válidos) da eleição passada. Os deputados eleitos Cristiano Dangelo (MDB), Felipe Souza (Patriota), Wilker Barreto (Cidadania) e Rozenha (PMB) seguirão, em 2023, carreira solo na arena legislativa e sem correligionários até o momento.

Um dado interessante sobre o processo eleitoral deste ano diz respeito à fragmentação partidária. Contrariando as taxas examinadas em eleições anteriores – e a série história corrobora a evolução contínua do Número Efetivo de Partidos (NEP), a saber: 12.03 em 2002, 13.50 em 2006, 13.32 em 2010, 16.70 em 2014 e 17.47 em 2018 – as eleições de 2022 reduziram significativamente o valor estatístico dos partidos verdadeiramente importantes na ALEAM. O índice do NEP para a Legislatura que iniciará os trabalhos em 2023 será de 7.28, o menor de toda nossa série histórica.

 

Realinhamento da direita

O resultado eleitoral para formação da Legislatura 2023-2026 apontou para uma orientação clara: o realinhamento dos partidos à direita e à centro-direita. A ascensão de partidos como União Brasil, PL e Avante pode afirmar as suas lideranças na ALEAM, no controle institucional do Colégio de Líderes, da Mesa Diretora e das principais Comissões, sobretudo a CCJ, Finanças e Ética. União Brasil coloca-se como principal partido da casa e enfatiza muito mais as características, os interesses e a predominância das elites estaduais.

O União Brasil é também o partido de Wilson Lima, o atual governador reeleito. O crescimento do Avante demonstra o poder eleitoral do prefeito de Manaus, David Almeida, no processo político estadual. Foi um eficiente cabo eleitoral e conseguiu formar uma bancada alinhada ao seu projeto. Wilson Lima e David Almeida eram aliados até então. E, por fim, o Partido Liberal, partido de Bolsonaro, conseguiu marcar presença e eleger uma banca ideologicamente identificada com o presidente.

 

Enfraquecimento da esquerda

O candidato derrotado ao cargo de governador Eduardo Braga, ao que analisou o estudo, não conseguiu constituir formalmente uma bancada estruturada e alinhada aos seus interesses. A esquerda partidária ficou sub-representada e o MDB elegeu apenas um deputado.

Leia mais: Aleam aprova PL sobre proibição de benefícios fiscais a condenados por crimes administrativos

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Texto: Hector Santana, com informações da pesquisa

Arte: Marcus Reis

 

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