O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia acusou a Rússia de estar por trás de uma série de mais de uma dúzia de cartas contendo explosivos ou partes de animais que foram enviadas a diplomatas ucranianos em todo o mundo.
A informação foi feita por Dmytro Kuleba durante entrevista concedida à CNN, nessa sexta-feira, 2/12. O ministro atribuiu a estratégia ao fato da Rússia querer espalhar o medo. “Esta campanha visa semear o medo”, disse.
Quando questionado sobre quem ele achava que estava por trás das cartas, Kuleba disse à CNN, que: “Sinto-me tentado a dizer, nomear a Rússia imediatamente, porque antes de tudo você tem que responder à pergunta, quem se beneficia? “Talvez essa resposta ao terror seja a resposta russa ao horror diplomático que criamos para a Rússia na arena internacional, e é assim que eles tentam revidar enquanto estão perdendo as verdadeiras batalhas diplomáticas uma após a outra”, pontuou
Dmytro disse que achava que a Rússia era diretamente responsável ou alguém “que simpatiza com a causa russa e tenta espalhar o medo”. “A conclusão será feita pelos investigadores, mas acho que essas duas versões fazem mais sentido.”
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, enviou à CNN um comentário de uma única palavra em resposta à afirmação de Kuleba: “psicopata”.
Houve 17 casos de embaixadas que receberam cartas-bomba, cartas-bomba falsas ou cartas contendo partes de animais, como olhos de vacas e porcos, acrescentou Kuleba.
A CNN viu a imagem de uma das cartas contendo o que as autoridades disseram ser o globo ocular de um porco dentro de um envelope acolchoado.
“Tudo começou com uma explosão na embaixada da Ucrânia na Espanha”, disse Kuleba. “Mas o que se seguiu a essa explosão foi mais estranho, e eu diria até doentio.”
Kuleba se referia a uma explosão ocorrida na quarta-feira (30) na embaixada da Ucrânia em Madri, ferindo um funcionário ucraniano que manuseava uma carta endereçada ao embaixador do país na Espanha. Autoridades espanholas disseram na quinta-feira que uma carta-bomba também foi enviada ao primeiro-ministro do país na semana passada e outra à embaixada dos Estados Unidos.
As embaixadas de Kiev na Hungria, Holanda, Polônia, Croácia, Itália, Áustria e os consulados gerais em Nápoles e Cracóvia também receberam pacotes suspeitos, disse Oleh Nikolenko, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, na sexta-feira no Facebook.
As embalagens estavam “embebidas em um líquido de cor característica e tinham um cheiro correspondente”, disse ele. “Estamos examinando o significado desta mensagem.”
A Ucrânia colocou todas as suas estações diplomáticas no exterior sob segurança reforçada após a enorme quantidade de correspondência suspeita.
O consulado ucraniano em Brno, uma cidade no sudeste da República Tcheca, foi evacuado brevemente na sexta-feira depois de receber um pacote suspeito contendo tecido animal, acrescentou a polícia tcheca em um tweet na sexta-feira.
‘Quem se beneficia?’ – Kuleba exortou os governos estrangeiros a garantir a proteção máxima das instituições diplomáticas ucranianas, de acordo com a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas.
Além dos pacotes suspeitos, Nikolenko disse que a entrada da residência do embaixador no Vaticano foi vandalizada e a embaixada ucraniana no Cazaquistão recebeu uma denúncia de ameaça de bomba, que posteriormente não foi confirmada.
Nikolenko também afirmou que a Embaixada da Ucrânia nos Estados Unidos recebeu uma carta com fotocópia de um artigo crítico sobre a Ucrânia. A maioria dos envelopes foi enviada da Europa, acrescentou.
A polícia tcheca twittou que o consulado em Brno e seus arredores imediatos, incluindo um jardim de infância, foram evacuados na sexta-feira. Depois de investigar o pacote, a polícia disse que não continha nenhum explosivo, acrescentando que não tinha informações que indicassem que pessoas no consulado ou nas proximidades estivessem em perigo.
“A análise inicial sugere que a embalagem continha tecido animal. Uma análise detalhada será realizada em laboratórios agora”, twittou a polícia.
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Da Redação com informações CNN
Foto: Stringer / Reuters