Eleito em março deste ano para comandar a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) no quadriênio de 2022 a 2026, o professor André Zogahib participou na tarde dessa terça-feira, 26/4, do quadro “Debate Político”, do Portal O Convergente.
Durante a entrevista, Zogahib falou sobre os projetos de expansão para a instituição nos próximos anos de sua gestão, bem como os possíveis danos que a redução de 25% no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) poderá trazer à universidade, uma vez que a UEA recebe 1% do faturamento das indústrias instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM), em torno de R$ 450 milhões, em média anual, que será afetado diretamente quando perde o seu nível de competitividade.
Em sua gestão, ao lado da professora Kátia Couceiro, vice-reitora, André disse que pretende focar na reestruturação da universidade, trabalhando principalmente para a melhoria da qualidade do ensino, o incentivo à pesquisa e a expansão da UEA, quando a instituição ultrapassa às paredes e chega até a comunidade, de uma forma geral.
“Nós temos como foco trabalhar o eixo da infraestrutura, tanto a estrutura física como a estrutura administrativa da universidade, que precisa ser reformulada. Nós precisamos dar maior dinamismo para os processos dentro da universidade e, de igual sorte, nós temos que trabalhar os três pilares da educação: o ensino, a pesquisa e a extensão, com melhor qualidade. Então para que isso aconteça, a gente tem que trabalhar a infraestrutura física da universidade também, de uma maneira mais significativa”, pontuou.
Valorização do servidor – André Zogahib também ressaltou a importância da valorização do corpo docente da UEA, bem como os servidores administrativos, para que juntos, possam trabalhar motivados em prol da instituição.
“Nós temos que investir no processo de capacitação dos nossos professores e dos nossos técnicos administrativos e caminhar dentro de um panorama, em que nós precisamos cumprir com a nossa legislação do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR), para que nós tenhamos um servidor extremamente motivado a trabalhar em prol da nossa universidade. Então, diluído nesses quatro anos de gestão que nós temos aí pela frente, nós queremos implementar essas mudanças para que quando nós chegarmos lá, no ano de 2026, nós consigamos olhar para trás e vislumbrar aí esse caminhar em prol da Educação Superior no Estado do Amazonas”, ressaltou o novo reitor.
Unidades do interior – Quanto as unidades da UEA no interior do Amazonas, Zogahib disse que o sistema funciona muito bem, com o ensino mediado à distância e que, esse sistema, precisa ser ampliado para os cursos regulares e modulares a fim de ampliar à pesquisa e a extensão.
“A gente precisa olhar de fato para o interior. Eu acho que só falar sobre o interior não vai resolver o problema. Então assim, nós temos que olhar para o interior inclusive com uma lupa e sempre trazendo o interior para mais perto da gente, né? Então é claro que nós temos toda uma dificuldade logística, toda uma composição geográfica extremamente peculiar em nosso Estado, inclusive é a nossa característica: nos tipifica, nos diferencia e a gente precisa saber trabalhar com isso. A universidade ao longo de seus 21 anos, ela considerou essas peculiaridades e implementou um sistema, que é o ensino presencial mediado por tecnologia, que encurtou às distâncias”, disse Zogahib exemplificando sobre as salas de aulas que funcionam todos os dias no interior, por meio desse sistema que, segundo ele, é o “carro-chefe” da UEA, mas que agora é necessário ampliar.
Redução do IPI – O IPI foi reduzido em fevereiro deste ano, por meio de decreto presidencial. Após isso, parlamentares do Estado e o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), tentaram suspender a redução e excepcionalizar neste decreto cerca de três mil itens produzidos no Estado, porém no último dia 14 de abril, o Governo Federal republicou o decreto deixando de fora estes itens, o que afeta a economia do Amazonas.
Dos recursos repassados pelas indústrias do PIM à UEA, Zogahib disse que 70% a 80% dele vai para pagar os professores e os técnicos administrativos da instituição de ensino, construir novos prédios, equipar os laboratórios e outras atividades da UEA.
Para o reitor, essa questão na redução do imposto vai muito além de somente prejudicar à ZFM e a UEA, destacando que não há problemas que os impostos no Brasil passem por uma reformulação, porém não há como disseminar às pesquisas produzidas na universidade para todo o mundo. André também pontuou que a pesquisa sofre com a falta de incentivo e recursos.
“É um ataque não só a Zona Franca de Manaus. Se você for analisar a minúcia, a miúde, é um ataque inclusive a toda a circulação de mercadoria importada aqui no Brasil e de produtos que poderiam estar sendo produzidos aqui e que seriam fonte de renda pela tributação, fonte de renda pela circulação do próprio pagamento de salários aos funcionários das indústrias. Então assim, não é só um prejuízo à universidade, é um prejuízo para todo o Estado do Amazonas, toda a região amazônica, que tem aqui esse modelo de desenvolvimento”, destacou.
Zogahib disse, ainda, que atacar à ZFM, é atacar o modelo econômico criado em 1960, que vem se mostrando extremamente importante para a região, inclusive para a própria conservação da floresta.
“A partir daí nós não vamos ter uma fonte de financiamento de recursos aqui, porque nós não vamos conseguir arrecadar, a gente não vai mais ter essas empresas aqui a médio prazo e aí a gente vai começar a prejudicar toda a economia do Estado, inclusive da universidade […]. Nós somos um estado superavitário, mas nós vamos ser deficitários nesse sentido. É algo realmente preocupante, a população do Estado do Amazonas precisa entender isso, os políticos precisam se unir, a gente precisa olhar com muita cautela e serenidade”, finalizou o reitor da UEA.
Confira mais detalhes d aentrevista:
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Por Edilânea Souza
Foto: Marcus Reis