O uso e o aumento da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap), o cotão, aprovado pela maioria dos vereadores da Câmara Municipal de Manaus (CMM), na semana passada, fez o clima esquentar entre os vereadores Amom Mandel (sem partido) e William Alemão (Cidadania) durante uma entrevista ao programa Boa Noite Amazônia nesta terça-feira, 22.
O embate começou quando Amom disse ser possível não usar a verba para fazer o trabalho legislativo e afirmar que alguns vereadores usam notas frias para justificar o gasto. O que foi rebatido por Alemão, que se sentiu ofendido, mesmo sem ter o nome citado na fala do vereador.
“Sempre fui contra. Sempre serei contra. A utilização dessa verba em minha opinião é uma utilização desnecessária ao vereador. É uma verba que historicamente é usada para desvios. Desvios de notas frias e assim por diante, não só em Manaus, mas no Brasil”, afirmou Amom ao explicar o porquê abdicou o uso da verba desde o início do mandato.
A fala não agradou o vereador William Alemão, que votou a favor do projeto que reajustou o valor do cotão, que questionou o colega sobre a existência de provas sobre o assunto. “Até porque você me inclui nessa história e a última que coisa que sou é corrupto”, rebateu Alemão.
“Você está afirmando que tem provas de que vereadores usam essa cota para fazer desvio”, continuou Alemão. “Serviu a carapuça?”, questionou Amom, que recebeu uma resposta negativa. “De jeito nenhum, com certeza não serviu”, afirmou Alemão.
Confira:
Aprovação – O reajuste no valor da conta parlamentar foi aprovado pelos vereadores da Câmara Municipal de Manaus (CMM) dia 15/12, na última sessão plenária do ano.
O reajuste no valor da cota parlamentar foi aprovado em regime de urgência e apenas os vereadores Rodrigo Guedes (PSC), Carpê Andrade (Republicanos) e Raiff Matos (Democracia Cristã) e Amom Mandel votaram contrários à proposta, proveniente da Mesa Diretora da CMM.
O aumento da cota, dos atuais R$ 18 mil para R$ 33.086,05, além de uma grande repercussão negativa entre a população, virou até alvo de denúncia no Comitê do Amazonas de Combate à Corrupção. O Comitê ingressou, junto ao Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM), com uma representação contra o presidente da Câmara Municipal de Manaus, vereador Davi Reis (Avante), por agir contra o princípio constitucional da moralidade da Administração Pública.
Para os coordenadores do Comitê a Câmara vem agindo para majorar os seus benefícios, uma vez que em 2020, elevou os subsídios (salariais) dos vereadores, e agora ajustou o valor da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar.
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Por Izabel Guedes
Fotos: Divulgação/ Ilustração: Marcus Reis
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