Desavenças políticas e acusações sobre interesses pessoais motivaram uma grande discussão entre os deputados Wilker Barreto (Podemos) e delegado Péricles (PSL) no início da última sessão plenária do ano, na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam). Os ânimos exaltados entre os parlamentares por pouco não gerou a interrupção da sessão.
O embate iniciou após Barreto elogiar uma ação do Tribunal de Contas do Estado (TCE) ao aceitar uma denúncia que o deputado fez contra o Governo do Estado e ser contestado por Péricles.
“Por isso que defendo o TCE. Sabe por quê? Porque eu tenho 36 representações contra o governo e o que era para ser nosso, tenho que levar para o Tribunal de Justiça, TCE”, afirmou o parlamentar antes de passar a palavra para o deputado Péricles que contestou o elogio do colega.
“Vossa excelência defende o TCE, mas vossa excelência defendeu o TCE em uma situação que estava errada. E aqui quando se tem uma situação errada, pode ser TCE, Tribunal de Justiça ou o governo, eu vou falar. E o que aconteceu naquele projeto do muro, que vossa excelência quis votar na íntegra é que estava errado. Então quando eu falei que vossa excelência defendia o TCE foi nesse aspecto, o que não deveria. Só para deixar bem claro essa questão”, pontou o parlamentar o relembrar a licitação para construir um muro, no valor estimado de R$ 7 milhões.
O assunto foi o ponta pé inicial para a discussão entre os parlamentares que trocaram acusações sobre cobranças e defesas de ações do Governo do Estado. Wilker cobrou Péricles por, em sua opinião, ter subido poucas vezes na tribuna para contrapor ações governamentais.
“Eu não vou atacar os colegas o tempo todo como vossa excelência faz. Eu sou o autor da CPI da Asfixia, mas fica a liberdade de cada colega assinar ou não. Eu já cobrei várias vezes, mas não vou ficar insistindo igual a você. Você tem interesses de grupos políticos que nem lhe querem perto e aí você vem fazer essa ficela que sempre faz”, afirmou Péricles, que foi interrompido e cobrado diversas vezes por Barreto.
As cobranças entre os parlamentares continuaram e por vezes os microfones de ambos tiveram que ser desligados. Exaltados, as ofensas passaram do campo político para o pessoal.
Interrupção – O embate durou cerca de 10 minutos até que o presidente da Casa, Roberto Cidade (PV), que presidia a sessão, pediu mais uma vez para cortar o áudio dos microfones dos dois e pedir para que os deputados contivessem os ânimos.
“Senhores deputados, Wilker Barreto e Péricles, eu pedi para cortar o microfone porque vocês não estão debatendo, estão perdendo a postura”, disse o presidente ao afirmar que pediria para religar os microfones.
Mesmo após a chamada de atenção, os parlamentares continuaram a brigar e trocaram uma série de acusações relacionadas a interesses políticos e favorecimentos em função de propostas aprovadas na Aleam.
A discussão permaneceu e pode ser ouvida, inclusive, quando o deputado Cabo Maciel ocupava a tribuna. O parlamentar até tentou discursar, mas foi interrompido devido a briga dos parlamentares.
“Presidente posso continuar? Ou a gente vai para o tatame aqui embaixo? Porque se o senhor me autorizar eu vou lá para baixo também. Lá está aquecido”, sugeriu em tom de ironia.
“Senhores deputados, acalmem-se. Aqui é um parlamento, campo de ideias diferentes. Temos que nos respeitar, respeitar o posicionamento contrário. Nesse momento, o deputado Wilker se posicionou contra o governo e eu estou colocando ações positivas que o governo fez e está fazendo. Temos posicionamentos contrários, mas devemos nos respeitar”, falou Cabo Maciel ao se referir ao pagamento do Fundeb para os professores do Estado e sobre as promoções dos policiais e bombeiros militares anunciadas na quarta-feira, 15/12, pelo governador Wilson Lima.
Após a calorosa discussão, a sessão continuou normalmente com a aprovação de projetos e do orçamento do Estado.
Confira:
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Por Izabel Guedes
Fotos: Divulgação/ Ilustração: Marcus Reis