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sábado, setembro 7, 2024

O cenário econômico nacional, crise hídrica e educação financeira foram temas do quadro ‘Debate Político’, do O Convergente

Os efeitos da polarização da política na economia, regras de oferta e demanda, privatização, as novas regras do Imposto de Operações Financeiras (IOF) e os impactos dos custos no IPCA foram temas debatidos pelo assessor de investimentos, Victor Nunes

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O panorama econômico no período de pandemia no Brasil, com ênfase nas consequências da polarização da política na economia, regras de oferta e demanda, privatização, as novas regras do Imposto de Operações Financeiras (IOF) e os impactos dos custos no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi abordado pelo assessor de investimentos, Victor Nunes no quadro “Debate Político” dessa terça-feira, 21/9, do Portal O Convergente.

Formado em Administração e Finanças pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), especialista em investimentos e sócio na empresa EQI Investimentos, filial Manaus, Victor Nunes abriu a conversa com a apresentadora e pesquisadora, Erica Lima destacando que quando há polarização na política do país há instabilidade na economia.

Nunes explicou que quando se tem conflitos na política e, principalmente, quando se passa pelo período de transição de mandatos, o investidor estrangeiro pensa duas vezes em investir num país e isso impacta diretamente de como o governo vai se financiar.

“A primeira fonte de receita do país são os impostos, depois tributos e taxas, e sempre fica faltando dinheiro. E o governo se financia através dos títulos públicos, que é uma promessa de dívida que o governo se propõe a pagar. Os investidores compram esses títulos e financiam o governo. Quando se tem a polarização na política gera muita instabilidade nesses títulos. Então, quanto mais instabilidade vai ser mais caro para o país se financiar. Isso é uma das variáveis. Então a polarização da política nunca é legal”, esclareceu.

O economista destacou que sempre vai ter essa separação de partidos de direita, esquerda e centro, mas quando isso começa a afetar e passa ser perceptível a ruptura no sistema é gerado muita instabilidade na economia. Segundo Nunes, o déficit do Brasil com o Produto Interno Bruto (PIB) está na casa de 81%, comparando com outros países o Brasil está bem posicionado, com a dívida equacionada e que o Governo Federal está fazendo alguns movimentos para que essa dívida siga numa trajetória mais sustentável.

Economia na pandemia – Durante a conversa, o assessor de investimentos falou que, apesar da agenda positiva do Governo Federal, o país e o mundo passam pelos reflexos negativos gerados pela pandemia da Covid-19. Nunes informou que, com a pandemia, os governos tiveram que injetar dinheiro na economia, por meio de vários tipos de incentivos, e essas ações geram pressão de imposto, que é de onde tira-se os custos para financiar esses incentivos.

De acordo com ele, com o aumento dos impostos, a inflação sobe não apenas por estímulo do governo, mas por uma quebra da cadeia produtiva.

“Na pandemia muitos estabelecimentos fecharam, mas depois o comércio voltou após os estímulos dos governos. As indústrias tiveram que acompanhar isso, só que toda a cadeia de produção estava parada, vários segmentos não conseguiram atender esse consumo, naturalmente sobe-se os preços, isso é uma defesa natural de todo e qualquer negócio para tentar regular essa demanda. Isso é a pura Lei de Oferta e Demanda”, disse.

Nunes esclareceu que os preços não tendem a aumentar, uma vez que a oferta e demanda encaminham-se para o equilíbrio. “Os preços não vão continuar aumentando sempre. Uma hora vai equilibrar. Já estamos conseguindo ver uma equalização nas cadeias de produção. A gente trabalha com a projeção de que no primeiro e segundo trimestre de 2022, os preços comecem a ficar estáveis, isso sem contar com as sazonalidades”, destacou.

Privatização – Durante a conversa, Erica Lima pediu ao convidado para que explicasse por que mesmo com a privatização de empresas de energia, o brasileiro está pagando uma conta de energia tão cara. O assessor de investimentos explicou que a crise hídrica vivida pelo país, uma das mais severas em quase nove décadas, fez com que as termoelétricas passassem a operar com mais frequência, encarecendo o valor pelo fornecimento elétrico.

“Temos várias empresas que atuam nesse segmento, entre estatais e privadas, então podemos dizer que o mercado de energia é livre. O Brasil ainda é muito dependente de hidrelétricas, aí entra a Lei da Oferta e Demanda. Ou seja, enquanto eu não tenho uma energia mais barata à disposição, eu tenho que ligar as termoelétricas e o custo das termoelétricas são mais caros. Quem paga esse prejuízo, infelizmente, é o consumidor. Por conta da sazonalidade, o Brasil está operando muito mais com as termoelétricas que operava há seis meses”, detalhou.

Aumento dos preços – Para falar dos aumentos de preços, em especial da cesta básica e combustíveis, Victor Nunes esclareceu que o Brasil não é autossuficiente em petróleo, em gasolina, que inclusive é importada, bem como o trigo. Por essa razão o país compra esses produtos em dólar, que além de ter aumentado desvalorizou a moeda nacional, em média, cerca de 20% e isso afetou diretamente o preço dos combustíveis. Ademais, Nunes informou ainda que a cadeia logística, das distribuidoras até chegar no consumidor final, também gerou aumento dos preços.

“Precisamos entender que existe toda uma cadeia logística para que os combustíveis cheguem nos postos. Isso impacta no IPCA, que é a métrica que o governo usa para medir a inflação. Temos também o preço da cesta básica, que impacta no IPCA. Itens como feijão, arroz, milho e o trigo, que também é importado. É difícil achar um culpado, a pandemia influenciou muito nesses aumentos dos preços, mas cada caso é um caso. O governo está fazendo besteira? Não! Não é tão simples assim”, pontuou.

Novas regras do IOF – Ao longo da entrevista, Victor Nunes informou que o aumento do IOF foi feito pelo Governo Federal, por meio de uma Medida Provisória, para financiar o programa Bolsa Família, alegando que esse benefício tenha uma certa sustentabilidade e que não impacte nas contas do governo. Na ocasião, Victor Nunes orientou aos consumidores as opções mais viáveis na hora de tomar um crédito bancário.

“A concessão de crédito bancário aumentou, seja para pessoa física ou jurídica. Eu sempre falo que o cheque especial é a modalidade mais cara de crédito, então eu não recomendo. É mais viável fazer um empréstimo que utilizar o cheque especial. O cartão de crédito é um ótimo instrumento para ganhar tempo. O que não pode acontecer é atrasar faturas ou pagar o mínimo dela, essa prática eu não recomendo. O cartão é muito bom, mas basta ter cuidado para não virar uma bola de neve”, instruiu.

Dica de economia – Para finalizar, Nunes ressaltou que a educação financeira é extremamente necessária, principalmente, para as pessoas físicas, que precisam fazer o orçamento das despesas.

“Uma prática que eu recomendo muito é que as pessoas físicas façam o orçamento. Em casa façam uma planilha com quanto ganha, com quanto pode gastar, se vai sobrar algo no final do mês. Rever os gastos. O orçamento se faz primordial dentro de qualquer família. Muitos brasileiros não receberam esse tipo de educação financeira que é básica e se faz extremamente necessária. Tenham orçamento familiar. Se ainda não tem, comecem a fazer hoje, em uma planilha ou bloquinho. É super importante”, finalizou.

Assista a entrevista na íntegra:

Galeria de fotos:

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Por Lana Honorato

Fotos e vídeo: Marcus Reis

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