Com a intenção de investigar a atuação e a prestação de serviços feitos pela concessionária Amazonas Energia, a Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) deve instalar, nesta quarta-feira, 1º/9, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Amazonas Energia. A proposta, apresentada pelo deputado Sinésio Campos (PT), teve a assinatura de oito parlamentares, incluindo o presidente da Casa, Roberto Cidade (PV).
Os parlamentares fizeram uma série de críticas a concessionária que, segundo eles, nunca prestou um serviço de qualidade no Estado, principalmente nos munícios do interior. Alguns relataram problemas vivenciados por eles em viagens pelo interior e como isso tem afetado a população de modo geral. O que, para muitos deles é considerado algo inadmissível, principalmente em função dos constantes reajustes feitos no valor do serviço.
O deputado Roberto Cidade, em seu discurso, falou sobre as dificuldades enfrentadas pelos moradores do interior, principalmente nesse período do ano e garantiu a instalação da CPI.
“Já temos as oito assinaturas necessárias. Na sessão de amanhã faremos a instalação oficial da CPI da Amazonas Energia. Precisamos dar uma resposta à população que sofre com a ineficiência dessa empresa na prestação de serviço, tanto em Manaus quanto no interior. No final de semana estive em cinco municípios e vi o sofrimento das pessoas sem energia nesse verão”, destacou.
Além de Roberto Cidade e Sinésio Campos, também assinaram o requerimento de instalação da CPI os deputados Fausto Junior (MDB), João Luiz (Republicanos), Wilker Barreto (sem partido), Dermilson Chagas (Podemos), Therezinha Ruiz (PSDB) e Serafim Corrêa (PSB).
Sinésio, que preside a Comissão de Minas e Energia na Aleam e propôs a instalação da CPI, fez duras críticas ao serviço oferecido pela empresa. Conforme ele, é preciso que as deficiências constatadas em vários municípios sejam esclarecidas.
“Uma das tarifas mais caras é a nossa e, no interior, sequer estão fazendo manutenção. Essa empresa virou uma empresa caça níquel. Eles precisam explicar as deficiências existentes na prestação do serviço de energia elétrica no Amazonas. O porquê dos constantes racionamentos, blecautes, apagões, da falta de manutenção das redes elétricas, tanto no interior quanto na capital. Além das perdas econômicas e dos graves transtornos para a população”, disse.
Conforme o parlamentar, o órgão foi procurado em outras oportunidades sobre uma série de reclamações feitas pela população e pelos demais deputados, mas nunca obteve respostas.
Em apoio, o deputado Serafim Corrêa foi um dos primeiros a assinar o pedido e aproveitou o momento de fala para expressar seu entendimento sobre o assunto.
“A Amazonas Energia precisa levar um contravapor. Ela está muito folgada. Quando foi privatizada o que se esperava é que melhorasse o serviço, o tratamento, o respeito com a população, mas aconteceu tudo ao contrário. Vamos trazer a Amazonas Energia para cá, ela precisa levar um contravapor, precisa ser exposta. Porque até agora ela só tem exposto o povo, o cidadão. Ela precisa vir aqui e explicar o inexplicável”, afirmou.
Assim como Serafim, o deputado João Luiz, que preside a Comissão de Defesa do Consumidor da Aleam, também se manifestou favorável à instalação da CPI. Ele relembrou o caos vivenciado em 2019, com o apagão que houve em Manacapuru e citou os constantes apagões que vem acontecendo no interior do Estado e em vários bairros de Manaus.
“Recentemente, em São Paulo de Olivença o que nos surpreendeu foi o racionamento de energia que estava acontecendo naquele município. Aonde colaboradores da empresa estavam distribuindo na comunidade panfletos informando quais os horários em que iria faltar energia. A gente questionou e eles disseram que não tinham capacidade técnica para abastecer o município”, relatou o parlamentar ao lembrar que em Manaus os apagões também estão acontecendo constantemente.
O deputado relembrou ainda as tentativas de realização de audiências públicas na Aleam, com a presença de representantes da empresa, que não obtiveram êxito. “Essa Casa já esgotou várias tentativas de diálogo. Agora precisa de um remédio mais robusto. A população não pode continuar sendo prejudicada”, afirmou.
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Por Izabel Guedes
Fotos: Divulgação / Ilustração: Marcus Reis