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sábado, outubro 5, 2024

‘Precisamos de mais mulheres na política para criarmos políticas públicas para mulheres’

Em entrevista ao O Convergente, a vereadora Professora Jacqueline (Podemos) falou sobre os desafios enfrentados por ser mulher e se manter no meio político; sobre fundo eleitoral, desfiliação do Podemos, CPI da Covid, além de projeções políticas para 2022

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Em seu terceiro mandato como vereadora de Manaus, Professora Jacqueline (Podemos) é presidente da Comissão de Defesa e Proteção dos Direitos da Mulher (COMNPDM) e a primeira Procuradora Especial da Mulher na Câmara Municipal de Manaus (CMM). Para a parlamentar, mais mulheres precisam se encorajar e participar da política para que assim sejam fortalecidas e criadas mais políticas públicas para o público feminino.

Em entrevista exclusiva ao Portal O Convergente, a vereadora falou sobre a motivação para ingressar na política, após quase 26 anos como professora e pedagoga concursada em Manaus; os desafios enfrentados por ser mulher e se manter no meio político; a importância do fundo eleitoral; a provável desfiliação do Podemos; a CPI da Covid-19 do Senado Federal; as ações da COMNPDM voltadas às vítimas de violência doméstica e familiar, e a possibilidade de concorrer a uma vaga na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) nas eleições de 2022.

Sendo a terceira vereadora mais votada nas Eleições Municipais de 2020, Jacqueline é graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e em Direito pelo Centro Universitário de Ensino Superior (Ciesa) do Amazonas. A vereadora, que desde os 18 anos possui experiência na educação pública, revelou que não pensava em ingressar na política, mas quando foi convidada a primeira vez viu a oportunidade de contribuir para mudar um pouco a vida das pessoas, além de se sentir motivada a avançar em suas conquistas pessoais.

O Convergente – O que a senhora acha do fundo eleitoral destinado ao financiamento de campanhas políticas?

Professora Jacqueline –  A cota de recurso financeiro, principalmente, para as mulheres é importante porque dá um salto de qualidade na campanha. Sem dinheiro e sem recurso a gente não consegue caminhar. O fundo eleitoral para as mulheres, especialmente, é muito importante porque nos dá condições de igualdade de competição. Eu acho que o fundo eleitoral é importante, mas tem que ter muita vigilância. Tem que ter muito cuidado para que a gente também não vire só uma cota laranja – (Fazendo referência a manobra de alguns partidos que homologam candidaturas de mulheres para cumprir a cota de 30% para receber os valores do fundo, mas que depois o montante volta para o partido).

OC – O que lhe motivou a entrar na política? E além disso, como é para senhora se manter nesse meio que ainda é dominado por homens?

PJ – Quando eu saí da minha zona de conforto eu era professora, e depois gestora de escola por mais de 20 anos, eu via que o meu trabalho dentro das comunidades era muito bom, mas só atingia aquela comunidade. Eu estava selada, sedimentada e vi que poderia dar uma contribuição maior, foi então que decidi partir para outras atividades, para dar um upgrade na minha vida e também na vida das pessoas. Aí eu saí para política, por esse desafio que é um desafio muito grande, principalmente por ser mulher. A gente é capaz. Se manter na política, no meio dos homens não é difícil. Eu penso que você tem que trabalhar, tem que acreditar no seu projeto político, porque não adianta você ir somente para cumprir cota.

OC – Em julho deste ano, a senhora, juntamente, com outros parlamentares anunciou a saída do Podemos após a presidente da Executiva Nacional da sigla, Renata Abreu comunicar que o partido não fará mais oposição à gestão do governador Wilson Lima (PSC). A senhora realmente já saiu do partido?

PJ – Nós fomos surpreendidos com essa mudança abrupta. Eu fiquei assim um pouco surpreendida, ficou uma coisa indefinida e, naquele momento, eu me posicionei pela saída também do Podemos, por não termos sido comunicados, não ter tido uma conversa. Em seguida eu fiz uma consulta com meu advogado. Estou fazendo uma análise, uma leitura judicial, para que eu não perca o meu mandato. Eu tenho que me resguardar, eu não posso perder o mandato por conta de uma divergência do partido, entre a presidente nacional e o presidente estadual. Eu ainda estou no Podemos e estou refletindo se há risco deu perder meu mandato ou não. Dependendo disso é que eu saio ou fico.

Confira um trecho da entrevsita:

OC – A senhora já conversou com algum partido?

PJ – A gente já tem vários convites. Hoje mulher é muito importante na política para os partidos, porque nós somos aquela pedra que falta do colar todinho, porque se não tiver mulher os partidos não recebem fundo partidário. Especialmente mulheres que tem mandato, porque o partido não trabalhou para você ser vereadora, você já é vereadora e vai para o partido. Então hoje a gente tem muitas paqueras. Muitos colegas, presidente de partido nos convidando, mas como eu disse, tenho que pensar, refletir.

OC – Falando em CPI da Covid-19, a senhora acredita que a CPI da Covid vai ajudar a punir os culpados pela pelas falhas na saúde durante a pandemia no país?

PJ – Eu tenho fé na Justiça. Espero que o resultado seja a sentença verdadeira e que se punam as pessoas que fizeram brincadeira com a vida dos outros. Eu, particularmente, tive um parente que morreu de Covid e se nós tivéssemos a vacina desde o outubro do ano passado, desde quando se propôs essas vendas de vacina, a gente tinha salvado tanta gente. Então eu vejo que a CPI, mesmo que ela não tenha o resultado que a gente quer, mas ela deixou transparente o que aconteceu. As negociadas da política, a malversação do dinheiro público, a má fé com as pessoas e esse descaso pelo menos veio à tona. A minha análise é que o Brasil conheceu o que aconteceu por trás dos bastidores, o que se fez com a vida das pessoas que estavam precisando dessa vacina, de hospital de campanha, de oxigênio. A CPI para mim já deu resultado porque desmascarou os mandos e os desmandos de pessoas que têm o poder na mão, têm o poder de barganhar, o poder de comprar e vender a vida dos outros a preço de um dólar.

Confira um trecho da entrevsita:

OC – Foi sancionado pelo prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), o Projeto de Lei (PL) nº 33/2020, que dispões sobre a comunicação pelos condomínios residenciais aos órgãos de segurança pública, sobre a ocorrência ou de indícios de violência doméstica e familiar contra mulher, criança, adolescente ou idoso, proposto pela COMNPDM.  Como presidente da comissão, qual a importância do projeto para as vítimas de violência inseridas nesse contexto?

PJ – Agora o PL se tornou a Lei Municipal nº 2776. Com esta lei a gente torna obrigatório aos síndicos ou aos administradores dos prédios que comuniquem crimes de violência doméstica e familiar dentro dos condomínios. Muitas vezes os vizinhos silenciavam por seguir morando no mesmo local. Agora basta informar à administração do prédio para fazer com que a notificação chegue aos órgãos de segurança pública. Eu acho que é uma lei revolucionária, que serve também de exemplo para Rede de Apoio, para que a gente vá cada vez mais fechando o ciclo da violência.

OC – Agora falando sobre projeções políticas. A senhora pensa em concorrer a algum cargo político nas Eleições de 2022?

PJ – Já fui candidata a vice-governadora pelo Podemos e hoje eu acho que já estou credenciada pela minha experiência. Me sinto preparada, já tenho uma experiência que o parlamento me deu. Já tenho uma história para vender, com várias leis aprovadas e toda uma produção parlamentar que me credencia. Tenho maturidade e o desejo de ampliar o meu trabalho para seguir e passar pela análise do povo e tentar um mandato de deputada estadual. “Podemos” achar que é importante se aventurar em outras experiências.

Confira um trecho da entrevsita:

OC – Para concluir, o que a senhora diz para mulheres que hoje até pensam em entrar no mundo político, mas não tem coragem?

PJ – A gente tem um percentual maior de mulheres votante do que homens, nós somos 52% e homem 48%. Então esse diferencial de 2% nos dá o poder de só ter mulher na CMM e hoje temos aqui só 10% de mulheres, somos só quatro. Nós, mulheres, temos competência técnica, temos mais tempo de estudo e capacidade. Então a gente precisa ter mulher no poder para fazer as políticas públicas para as mulheres. Como é que eu vou sentir e me colocar no lugar da mulher se eu não conheço a realidade? Então a gente precisa de mulher na política, mas a mulher tem que acreditar no potencial da outra, precisamos nos unir, pois a gente não se une nesse sentido, na política somos desunidas. Se nós quiséssemos, tínhamos representatividade muito grande na política, porque nós somos maioria eleitoral.

Confira fotos da entrevista:

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Por Lana Honorato

Fotos e vídeo: Marcus Reis

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