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sexta-feira, julho 26, 2024

Voto impresso, críticas ao PT e eleições 2022 foram alguns dos destaques do ‘Debate Político’, com o vereador Cícero Custódio

Auxiliar de pedreiro, Cícero Custódio está em seu segundo mandato seguido na Câmara Municipal de Manaus. Representante do PT na casa, ele diz ter uma boa relação com todos os parlamentares, mas não se furta às críticas para defender seus posicionamentos e bandeiras de luta

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Fanatismo político, voto impresso e eleições de 2022 foram alguns dos assuntos debatidos com o vereador Cícero Custódio (PT) durante o quadro “Debate Político”, do Portal O Convergente desta segunda-feira, 9/8. O parlamentar, que está em seu segundo mandato como vereador na Câmara Municipal de Manaus (CMM), também falou sobre as críticas feitas ao Partido dos Trabalhadores e sobre a atuação política do presidente Jair Bolsonaro.

Durante a conversa com a apresentadora e pesquisadora Erica Lima, o vereador falou sobre a importância da união política e partidária para o bem da população. O que, na sua visão, não tem acontecido nos dias atuais.

Sobre a polarização da política e as discordâncias que a população tem em torno do Partido dos Trabalhadores, Sassá, como é conhecido, falou que o partido tem um lado bom e um lado ruim, além de criticar os políticos que já fizeram parte do Governo do PT e que hoje desdenham da sigla.

“Vou dar o exemplo do Palocci, que esteve na época dos governos Lula e Dilma, e depois foi falar mal do PT. Se ele achava que o PT estava errado por que não denunciou antes de acontecer?”, questionou.

O parlamentar afirmou ainda que se o grupo que já foi do PT e teve envolvimentos em falcatruas, assim como outros que estão no governo Bolsonaro, continuar no poder, caso o ex-presidente Lula seja eleito nas próximas eleições, ele deixa o partido. “Se caso o Lula vier candidato à presidência da República e, ganhando, continuar Palocci e José Dirceu como ministros eu renuncio ao meu partido. Porque mudança é colocar pessoas novas que queiram fazer alguma coisa pelo nosso país”, afirmou.

Para o vereador, embora a renovação tenha sido uma das principais bandeiras de Bolsonaro, uma vez que ele prometeu mudanças no país, o presidente colocou pessoas de passado maculado nos ministérios.

“O Lira, o Collor de Melo. Todos computados na Lava Jato e estão no Governo Bolsonaro. Então ninguém sabe quem está falando a verdade. Se vier todo esse pessoal de novo eu renuncio, porque eu quero um PT de luta, para defender o trabalhador. Um partido que luta e uma forma justa, de todos. Eu falo isso porque o mandato é meu, a sigla é do partido”, defendeu.

Ainda falando do atual presidente e do não cumprimento ao que ele prometeu em campanha, Sassá acredita que isso pode ter prejudicado o presidente Bolsonaro. “A grande derrota do presidente foi não cumprir o que falou. Ele falou que ia fazer tudo direito, mas as mesmas raposas velhas da época do PT estão entrando no governo Bolsonaro. O pessoal do centro para negociar cargos. Então é muito fácil atirar pedra nos outros, mas quando a pedra vem de volta, doí”, falou.

Reformas – Sassá da Construção Civil, como gosta de se intitular, afirmou ser um defensor do trabalhador e fez críticas à aprovação da reforma trabalhista e da previdência, uma vez que, conforme ele, as mudanças só garantirão benefícios para os empresários.

“Eu sou contra porque acho que o trabalhador constrói o País. Vou dar um exemplo aqui como cidadão, independente de bandeira de partido. A reforma da previdência foi aprovada. E ela hoje para um trabalhador que tem 50 anos de idade e não consegue trabalho nem no distrito, nem na construção civil, não é benéfica. Porque aí ele não consegue nem trabalhar e nem aposentar. Por isso, sou a favor da reforma trabalhista na vida dos grandes empresários, militares porque ganham R$ 30 mil, R$ 50 mil de aposentadoria”, opinou.

Sobre as dificuldades vividas pela maior parte dos trabalhadores, o vereador afirmou ainda ser contra os privilégios dados aos parlamentares que recebem auxílios nos cargos executados em Brasília.

“Eu sou contra os privilégios dos deputados federais. Tem auxílio paletó, auxílio moradia, colégio para os filhos, vários auxílios que nem precisam. Hoje na Câmara, por exemplo, ninguém recebe auxílio, então por que não corta dos deputados federais? Porque eles aprovam as leis. Os deputados e o Senado aprovam as leis. E só quem pega porrada são os menores, como os trabalhadores no caso da reforma trabalhista”, criticou.

Falou ainda que o cenário de mudanças está nas mãos da população nas eleições do ano que vem. “Gente, vocês estão com a faca e o queijo na mão. Vem aí a eleição de 2022. Esses deputados e senadores que votaram para a reforma da previdência, se ganharem novamente, é porque o povo não quer mudança mesmo”, criticou.

Eleições – Durante o “Debate Político”, o parlamentar falou também sobre sua relação dentro do PT e descartou, por enquanto, concorrer como deputado estadual nas eleições de 2022.

“No partido tem várias tendências e discordâncias, mas é um partido que tem diálogo. É o único partido hoje do Brasil que na hora da votação só ganha quem tem voto. Essa que é a democracia, porque tem partido que tem o cacique e se ele disser que fulano ganha é aquela pessoa e já era”, relatou.

Em relação a disputar vagas como deputado federal ou estadual, ele disse não ser um nome cotado. “A presidência nacional do partido não gosta muito de mim porque sou muito verdadeiro, mas não fico chateado, porque devo favores a quem votou em mim. Mas, adianto que não sou candidato a deputado estadual ou federal, se eu vier o partido tem que me procurar e achar que eu devo ser candidato. Ser bucho de canhão de alguém eu não vou ser”, disse ele afirmando que o PT é um partido bom para se trabalhar.

Voto impresso – As mudanças em torno do sistema de votação no país também foi um dos assuntos destacados na entrevista, onde o parlamentar disse ser contra ao que estão propondo por acreditar que as urnas eletrônicas são a forma mais segura de garantir o voto secreto e evitar problemas ao eleitor.

“A urna eletrônica é a mais segura ainda. O próprio presidente foi deputado federal durante sete anos e foi eleito pela urna eletrônica. Foi eleito presidente com urna eletrônica. Eu fui eleito com urna eletrônica. Vários companheiros nossos do Brasil foram eleitos com ura eletrônica. Então a única coisa que temos que fazer é fiscalizar mais e ficar mais por dentro do que está acontecendo”, defendeu.

Para Sassá, a proposta de sair com o comprovante descrevendo em quem a pessoa votou pode trazer vários problemas, uma vez que o país, em muitos Estados, têm grupos de milicianos e traficantes controlando a população.

“Hoje no país está cheio de pessoas de má conduta. Em Manaus tem as facções e no Rio de Janeiro as milícias, por exemplo, aí a pessoa vai, compra teu voto e você vai ter que mostrar se votou nele ou não. Então o voto seguro é aquele que ninguém sabe em quem você votou. O voto impresso é perigoso, é um voto que vai ser intimidador. Então pra mim, o voto mais seguro é o voto eletrônico. Por que se não fosse seguro onde que um servente de pedreiro iria se eleger e tanta gente de elite perdendo a eleição?”, pontuou.

Câmara – Reeleito em 2020, Sassá falou também sobre o novo cenário da Câmara municipal de Manaus, que teve uma mudança de mais de 50% nos vereadores e garantiu não tem problemas com nenhum colega na casa legislativa.

“A CMM tem um grupo de vereadores que a gente tem muito diálogo. Se tiver algo polêmico eu vou lá cobrar, porque o papel do parlamentar é cobrar. Tem muitos parlamentares que o mandato não é dele, é do partido. Com isso, ele deixa de fazer projeto para o povo. O que acaba hoje com a política é o fanatismo, porque as pessoas deixam de aprovar um projeto para o povo para ter fanatismo do lado. Eu não tenho fanatismo, estou do lado da população”, afirmou.

O vereador aproveitou para falar sobre alguns projetos nesses meses de mandato e criticou a ação de muitos políticos que inauguram obras inacabadas em período eleitoral como forma de favorecer seu mandato.

“Eu tenho um projeto muito importante sobre obras públicas. Que fala sobre a inauguração de obras inacabadas. Porque faltando dois meses, quatro meses para campanha, inaugura obra. Obras faltando portas, faltando cadeiras, viaduto inacabado, colégio sem ter terminado e inauguram. Então esse projeto vai ser uma coisa inédita, onde só vai poder inaugurar obra quando estiver concluída, afinal é um dinheiro público e precisamos fiscalizar”, finalizou o vereador.

Confirma imagens da entrevista:

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Por Izabel Guedes

Fotos: Marcus Reis

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