Depois que os vereadores levantaram a questão sobre a qualidade da merenda escolar nas escolas municipais de Manaus, durante os três dias de sessão plenária na Câmara Municipal (CMM), o presidente da Comissão de Educação, o vereador Professor Samuel (PSD) defendeu que não havia como a distribuição dos produtos ser ‘perfeita’ em 500 escolas do município e, além disso, ainda pontuou que ‘merenda não é almoço’.
Os debates sobre a qualidade da merenda escolar foram levantados no começo da semana, após o vereador Capitão Carpê (PL) fazer uma denúncia que apontou insuficiência no cardápio da Escola Municipal Joaquim da Silva Pinto, uma das unidades que oferecem ensino direcionado a crianças com deficiência em Manaus.
Conforme noticiou O Convergente, após denúncias de irregularidades e suposto desvio de merenda escolar na unidade, o Ministério Público do Amazonas (MPAM) instaurou um Procedimento Preparatório para investigar os fatos, conforme publicado no Diário Oficial do MPAM, dessa quarta-feira (22).
Durante a sessão plenária dessa quarta-feira (23), Professor Samuel alegou que era natural haver falhas na distribuição, mas que não era motivo para que a Prefeitura de Manaus fosse condenada, uma vez que são cerca de 500 escolas que são gerenciadas pela gestão.
“Merenda escolar de mais de 500 escolas nunca vai ser uma distribuição perfeita. Em nossas casas, as vezes quando vamos fazer um almoço, falta alguma coisa e você vai lá e fala com alguém para comprar. Agora, você imagina um planejamento para mais de 500 escolas”, disse.
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Ele ainda continuou o discurso pontuando que a distribuição e preparação dos alimentos era acompanhado por nutricionistas. Além disso, ele ainda disparou que ‘merenda não é almoço’.
“A merenda escolar é acompanhada continuamente por nutricionistas, acompanhando a preparação e a distribuição da merenda. Vale dizer que merenda é merenda, não é almoço! […] Eu não posso querer encher de proteína, se não, ninguém almoça. Não sou contra que se coloque, mas, de repente serve-se uma bolacha com suco e biscoito e é condenado. Acredito que é acompanhado por um profissional”, enfatizou.
Após a fala do vereador, outro parlamentar comentou sobre o assunto. O vereador Lissandro Breval (PP) destacou que não se pode normatizar que a merenda das unidades escolares seja suco com biscoito.
“Normatizar bolacha e suco na merenda escolar, isso me assusta. Recebemos várias reclamações e entendemos que no âmbito de 500 escolas possa haver algum problema, mas é obrigação da gestão trabalhar para não ocorrer esse tipo de coisa”, disse.
O vereador ainda afirmou que a colocação do colega de Casa o assusta, uma vez que muitas crianças vão à escola para se alimentar, pois, de acordo com ele, sofrem com insegurança alimentar dentro de casa.
“Colocação que me assusta é dizer que merenda é merenda e almoço é almoço. Sabemos que mais de 70% das crianças das escolas municipais, muitas vezes, estão naquela quantidade de famílias abaixo do IDH, com insegurança alimentar, não têm o que comer. Então, precisamos buscar cada vez mais a melhoria”, discursou.
De acordo com os dados mais recentes do IBGE, em 2023, cerca de 530 mil residências no Amazonas apresentaram insegurança alimentar, sendo 113 mil domicílios registraram insegurança alimentar grave.
Outro lado
O Convergente entrou em contato com o presidente da Comissão de Educação, o vereador Professor Samuel, para esclarecimentos referente a fala dele no plenário. Até a publicação desta matéria, não houve retorno.
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Por Camila Duarte
Ilustração: Marcus Reis
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