Ao contrário do deputado Carlos Jordy, que foi alvo na operação Lesa Pátria na última quinta-feira (18) e teve o apoio de Arthur Lira, Alexandre Ramagem (PL-RJ), que agora está sendo investigado na “Operação Vigilância Aproximada” da Polícia Federal (PF) por espionagem quando comandou a Abin, foi deixado de lado.
O presidente da Câmara dos Deputados foi claro a um dos interlocutores do parlamentar: “Não haverá espírito de corpo nesse caso”, disse Lira sobre a blindagem do aliado de Bolsonaro contra a PF.
O presidente do parlamento federal recebeu informações de que a Polícia Federal, durante as investigações, identificou o suposto uso do “FirstMile”, equipamento de monitoramento usado pela Abin, sob a direção de Ramagem, para vigiar parlamentares tanto governistas quanto de oposição.
Diante desse cenário, o presidente da Câmara comunicou oficialmente ao Palácio do Planalto e ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o deputado não será amparado pela proteção institucional diante das investigações.
Lira tem demonstrado insatisfação com o núcleo bolsonarista do PL, que se opõe a investigações de parlamentares que tenham apoiado os atos golpistas de 8 de janeiro do ano passado.
Esses parlamentares, na verdade, atuaram contra os colegas, conforme a perspectiva de Lira e do comando do centrão. Portanto, não deverão ser protegidos pelo espírito de corpo que reina na Casa.
Com 95 deputados, o Partido Liberal (PL), ligado ao ex-presidente Bolsonaro, é o maior partido da Câmara. Em resposta à operação de busca e apreensão contra outro membro da legenda, o bolsonarista Carlos Jordy (RJ), ocorrida na semana passada, o partido anunciou sua decisão de reconduzi-lo ao cargo de líder da oposição.
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O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), entrou em contato com o deputado Carlos Jordy (PL-RJ) após este último ser alvo da 24ª fase da Operação Lesa Pátria, que investiga participantes nos eventos do 8 de Janeiro. Na ligação, segundo fontes próximas ao presidente da Câmara, Lira solicitou que a defesa do deputado enviasse os autos do processo, que está em andamento sob segredo de justiça. A operação foi autorizada pelo ministro do Superior Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
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