A CPI da Covid aprovou nesta quarta-feira, 26/5, a reconvocação do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e do atual comandante da pasta, Marcelo Queiroga. Pazuello foi ouvido durante dois dias na CPI na semana passada. Queiroga também já foi ouvido.
Os senadores entenderam que era necessário ouvir novamente o ministro e o ex-ministro devido aos depoimentos que lhes sucederam e que apresentaram divergências ao que foi afirmado pelos titulares da Saúde anteriormente.
Para o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), o ex-ministro Eduardo Pazuello precisa prestar novo depoimento à comissão a fim de esclarecer contradições e mentiras que, segundo integrantes da CPI, contou nos dois dias que falou aos senadores.
“Após declarar, por exemplo, que sempre foi favorável ao uso de máscaras e ao isolamento social, o general da ativa decidiu participar de manifestação convocada pelo presidente sem as devidas precauções diante da pandemia que assola a população brasileira, fomentando atitudes que colocam a vidas das pessoas em risco. Essas e outras mentiras precisam ser esclarecidas”, aponta o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Além deles, a CPI também aprovou a convocação de Arthur Weintraub, ex-assessor da Presidência da República, e Filipe Martins, assessor da Presidência da República. Eles são, supostamente, integrantes do que a oposição vem chamando de “gabinete paralelo”, que teria assessorado o governo em assuntos da pandemia. Em um vídeo divulgado pela imprensa, Weintraub afirma ter coordenado um grupo de aconselhamento ao presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia.
Outro suposto integrante do gabinete paralelo convocado foi o empresário Carlos Wizard, empresário que trabalhou um mês gratuitamente e sem contrato para o Ministério da Saúde.
O presidente da comissão negou o pedido de Marcos Rogério (DEM-RO) para convocar o pastor Silas Malafaia e anunciou a votação de novos requerimentos na próxima semana.
Pazuello – Um esclarecimento que a CPI pretende obter diz respeito à data em que o Ministério da Saúde foi informado sobre a falta de oxigênio em Manaus, em janeiro deste ano. Eduardo Pazuello e a secretária da pasta Mayra Pinheiro apresentaram versões diferentes sobre o aviso.
Segundo Mayra Pinheiro, Pazuello soube do desabastecimento de oxigênio em Manaus em 8 de janeiro. À CPI na semana passada, o ex-ministro sustentou que apenas teve conhecimento da situação na noite do dia 10 de janeiro.
Ainda sobre o general do Exército, Aziz disse que, se Pazuello voltar à CPI sem a proteção de um habeas corpus, o depoimento “não será da mesma forma” dos anteriores.
Bolsonaro – O senador Randolfe Rodrigues apresentou à CPI requerimento para convocação do presidente Jair Bolsonaro. A intenção do parlamentar é ouvi-lo como testemunha para que ele explique a atuação do governo na crise sanitária que levou à morte mais de 450 mil brasileiros. A iniciativa provocou a reação imediata dos governistas. O assunto é polêmico e divide opiniões no mundo jurídico.
Logo na abertura dos trabalhos, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) classificou o pedido de piada, o que causou revolta de Randofe, que se disse desrespeitado.
“Vale para um e não vale para outro? A defesa ensandecida do presidente está lhe deixando cego. Basta falar em Jair Bolsonaro que o senhor fica tenso, com os nervos à flor da pele. Ele não pode me destratar dessa forma”, afirmou Randolfe.
O senador Marcos Rogério disse que estava se dirigindo ao presidente da comissão e acrescentou que não falaria das práticas de Randolfe no Amapá.
O presidente Omar Aziz interveio e pediu calma:
“Por favor, vou ter que cortar o som de vocês porque esse debate não é bom para ninguém. Nada aqui é piada, estamos tratando de 450 mil vidas que já se foram. Alguém é responsável ou corresponsável por isso, por favor”, pediu.
Depois que a palavra foi garantida a Marcos Rogério, este lembrou que não assinou a CPI da Lava Toga, não por concordar com práticas da suprema corte, mas por respeitar a Constituição, que trata da separação de poderes. Segundo ele, sua decisão lhe rendeu muitas críticas, inclusive no Estado dele, em Rondônia.
“Esse requerimento do senador Randolfe é uma afronta total à separação dos poderes. Apenas por esse aspecto, estou sustentando sua inconstitucionalidade. E fiz essa provocação em razão de ser algo inaceitável, para não dizer outra palavra”, afirmou o parlamentar, para quem o pedido não passa de uma estratégia para impedir a convocação de governadores.
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Com informações Agência Senado