O Partido Liberal (PL), o Republicanos e o União Brasil, considerados de direita, foram, conforme um levantamento feito no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os partidos que mais elegeram, nas eleições gerais deste ano, candidatos autodeclarados negros para a Câmara dos Deputados.
A autodeclaração inclui quem se identifica como pardos ou pretos. Segundo dados do TSE mais de 14 mil candidatos se autodeclararam negros ao registrarem suas candidaturas para concorrer nas eleições deste ano.
Em relação aos candidatos que concorreram ao cargo de deputado federal, 135 que fazem parte dos partidos de direita foram eleitos. Sendo 25 do PL, sigla do presidente Jair Bolsonaro.
O Republicanos e União Brasil, também posicionados à direita, aparecem em sequência na lista dos partidos que mais elegeram os candidatos do grupo em questão. O Republicanos elegeu 20 deputados registrados como negros, e o União Brasil, 17.
Esquerda e centro – Os representantes do PT, partido posicionado à esquerda, surgem em quarto lugar, com 16 cadeiras negras conquistadas. Em seguida está o PP, à direita, com 15.
O centrão também entra na conta. O MDB elegeu oito deputados autodeclarados negros, seguido de PSD, com seis e Podemos, com cinco. Avante e Pros garantiram dois parlamentares cada, e Solidariedade, um.
No campo mais à esquerda, o PDT conseguiu seis cadeiras, seguido de PCdoB, com quatro, PSB e PV, com dois cada, e Rede, com um representante.
Cidadania, Novo, Patriota, PSC, PSDB e PTB não elegeram nenhum deputado pardo ou preto.
Bancadas – Proporcionalmente, entre as maiores bancadas, o Republicanos foi o partido com mais candidatos negros eleitos para a Câmara Federal, com 49%, seguido de PP com 32%, o União Brasil com 29%, e PL com 25%.
Maior representante da esquerda na próxima legislatura, o PT tem menos de um quarto (23%) de parlamentares pretos ou pardos em sua lista de novos parlamentares.
Diversidade – O aumento da diversidade ocorreu após a instituição da lei que determina peso dobrado para cadeiras femininas e negras na Câmara, medida que prevê maior distribuição do fundo partidário no futuro às siglas que elegerem mais representantes desses grupos.
Além disso, em 2022, os partidos foram obrigados a destinar recursos do fundo eleitoral de maneira proporcional à quantidade de candidatos negros e brancos. As novas medidas, instituídas pelo TSE são uma tentativa de aumentar a participação feminina e negra na política do país.
Autodeclaração – Como a identificação racial ocorre por autodeclaração, alguns dos deputados eleitos tiveram sua declaração contestada por adversários e parte dos eleitores ao alterarem de branco para preto ou pardo após a criação dos novos incentivos pelo TSE.
Como o TSE não tem uma comissão de heteroidentificação, como tem algumas universidades públicas no Brasil, para checar possíveis fraudadores da política afirmativa, partidos políticos, federações, Ministério Público, entre outras entidades, podem pedir a impugnação da candidatura de políticos brancos que tenham sinalizado a autodeclaração de pretos ou pardos para burlar o sistema de cotas de recursos para candidaturas negras para as eleições de 2022. O que ocorreu em alguns lugares do Brasil.
Caso seja comprovada a fraude a legislação brasileira, segundo alguns especialistas, prevê medidas contra desonestidade na classificação racial.
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Da Redação com informações do Estadão e do Terra
Foto: Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados