Após receber denúncias expondo a invasão de garimpeiros na Aldeia Jarinal, localizada no alto Rio Jutaí, na Terra Indígena Vale do Javari, no Oeste do Estado do Amazonas, o deputado federal Zé Ricardo (PT) encaminhou um ofício à Polícia Federal (PF), à Fundação Nacional do Índio (Funai) e ao Ministério da Justiça, além de uma representação ao Ministério Público Federal (MPF), solicitando adoção de medidas urgentes para inibir a invasão e também as denúncias de abuso sexual contra mulheres indígenas.
As denúncias foram feitas pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e pela Equipe de Apoio aos Povos Indígenas Livres (Eapil/Cimi).
Para o deputado, algo precisa ser feito com urgência, em defesa dos povos indígenas do Vales do Javari. “Pelos relatos, a situação requer atenção urgente, com medidas para inibir as ações desses supostos garimpeiros que, pelas denúncias, são acostumados a invadir essa região”, declarou Zé Ricardo, que é vice-coordenador da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas.
Ainda segundo o parlamentar, existem povos indígenas isolados nessa localidade, que estão correndo sérios riscos de serem massacrados e que, por conta disso, precisam de uma atenção especial por parte do Poder Público, sobretudo, da Funai. “Por isso, além das cobranças aos órgãos competentes, estamos representando no Ministério Público, para que apure todas essas denúncias e encaminhe à justiça”, pontuou o deputado.
Denúncias – De acordo com as entidades denunciantes, as lideranças Kanamari e Dyohom-Dyapa, povos que integram a Aldeia Jarinal, garimpeiros chegam à aldeia promovendo festas e distribuindo bebidas alcoólicas, embriagando os parentes e cometendo crimes sexuais contra as mulheres, incluindo, menores de idade. Mas essas lideranças entendem que a intenção dos garimpeiros é aliciar os povos para viabilizar a exploração de ouro na região.
Em posicionamento de algumas lideranças do local, ainda conforme as denúncias, a Funai estaria sendo omissa em se manifestar sobre essas violências.
“A Funai está cada vez mais fragilizada. Quando acontece algum fato como este, é difícil se manifestar. O Estado não faz nada, com exceção de alguns parceiros dentro da Fundação. A Funai não está fazendo o seu papel”, afirmou Paulo Marubo, presidente da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).
Outra liderança indígena que demonstra preocupação com os acontecimentos é Feliciana Kanamari, vice-presidente da Associação Kanamari do Vale do Javari (Akavaja). “A situação está tensa. A gente está correndo para ajudar nosso povo. Não tem ninguém para proteger os parentes isolados”, frisou Kanamari.
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Da Redação com informações da assessoria de imprensa
Foto: Will Shutter/Câmara dos Deputados