Pela primeira vez na história da educação do município, professores indígenas da etnia Sateré-Mawé recebem formação específica em gramática de sua própria língua. A iniciativa inédita é parte do projeto MUSUEMPO, lançado pela Prefeitura de Maués e coordenado pela Secretaria Municipal de Educação (Semed), com foco na valorização e fortalecimento da cultura indígena local.
O curso será ministrado pelo professor José de Oliveira, natural de Maués e referência em Linguística Sateré-Mawé. Ele será responsável por capacitar educadores indígenas na estrutura formal da língua, o que representa um avanço significativo na preservação e no ensino do idioma em sua forma escrita.
A ação marca um momento histórico para o município, que abriga a maior população indígena da região do Andirá-Marau — território que compreende também os municípios de Parintins e Barreirinha. Só em Maués, são mais de 7,2 mil indígenas distribuídos em 58 aldeias.
Além da gramática, o projeto inclui formações em letramento e numeramento, com o objetivo de fortalecer a atuação pedagógica dos professores nas aldeias. Durante o lançamento, a prefeitura também entregou kits pedagógicos e formalizou contratos com os educadores aprovados no Processo Seletivo Simplificado (PSS) de 2025.
A prefeita Macelly Veras, que assumiu a gestão há pouco mais de seis meses, tem direcionado atenção inédita às comunidades indígenas do município. Em abril, criou a primeira Secretaria Municipal de Assuntos Indígenas, após aprovação da Câmara Municipal durante uma sessão itinerante realizada em uma aldeia- outro marco para a política pública de inclusão em Maués.
“O projeto MUSUEMPO é um passo firme na preservação de uma das maiores riquezas culturais do nosso povo: sua língua”, afirmou a prefeita. “Valorizamos a identidade dos povos originários e vamos continuar trabalhando para garantir respeito, inclusão e educação de qualidade para todos.”
O secretário municipal de Educação, Fredy Veras, também destacou a relevância da iniciativa:
“Estamos fazendo história em Maués ao capacitar nossos professores indígenas com foco na língua Sateré-Mawé. Essa formação fortalece a prática pedagógica e reafirma o nosso compromisso com uma educação inclusiva, que respeita as raízes e a identidade dos povos originários.”
As ações em curso colocam Maués como referência na proteção das línguas indígenas no Amazonas e servem de exemplo para outros municípios brasileiros que buscam políticas públicas comprometidas com a diversidade e o futuro dos povos tradicionais.
*Com informações da assessoria
Leia mais: Após morte de adolescente em Manaus, Erika Hilton pede investigação federal por crime de homofobia