O recém-lançado Atlas da Amazônia Brasileira, disponível gratuitamente em formato digital e impresso, traz um alerta contundente sobre a precarização sanitária da Amazônia, consequência direta do avanço de atividades predatórias como o desmatamento, garimpo ilegal, pesca industrial e queimadas. A publicação foi lançada em um momento estratégico, no mesmo ano em que Belém sediará a COP30, colocando a Amazônia no centro do debate climático global.
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Entre os 32 artigos da obra, destaca-se o texto do epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz Amazônia, que analisa o impacto das mudanças ambientais na saúde pública da região. O artigo expõe dados alarmantes: o Norte possui a menor taxa de tratamento de esgoto do Brasil (16,4%), índices crescentes de doenças infecciosas negligenciadas, como malária, leptospirose e dengue, e aumento de suicídios e mortes maternas entre 2020 e 2022, agravados pela pandemia de Covid-19.
Além dos impactos físicos, o Atlas reforça a importância de valores tradicionais e medicina indígena, conforme artigo assinado pelo líder indígena Gersem Baniwa. Ele defende o reconhecimento das práticas de cura ancestrais, que incorporam conhecimentos fitoquímicos e espirituais, e destaca a necessidade de políticas públicas que respeitem a diversidade sociocultural da região.
A obra é uma iniciativa da Fundação Heinrich Böll, com curadoria editorial de jornalistas, pesquisadores e lideranças amazônicas. O Atlas propõe uma nova narrativa sobre a Amazônia, pautada pela voz dos seus habitantes e por uma abordagem multidisciplinar sobre os desafios ambientais, sociais e sanitários da região.
O conteúdo está disponível no site da Fundação Heinrich Böll, com o objetivo de ser uma ferramenta essencial para jornalistas, pesquisadores, formuladores de políticas públicas e defensores dos direitos socioambientais.