A Fiocruz Amazônia se prepara para eleger sua nova direção para o período de 2025 a 2029. A votação será realizada no próximo dia 28 de abril e contará com duas candidatas ao cargo: as pesquisadoras Priscila Aquino e Stefanie Lopes, atual diretora da unidade. Em busca da reeleição, Stefanie apresenta à comunidade científica o plano de gestão Fiocruz Mais Amazônia, que orienta suas propostas para os próximos quatro anos.
O Portal Manaós entrevistou a candidata para conhecer suas prioridades, metas e visão de futuro para a instituição. A seguir, confira a entrevista completa com a pesquisadora:
Visão de gestão: sete eixos estratégicos
Segundo Stefani Lopes, a principal meta de sua gestão é consolidar a Fiocruz Amazônia como uma instituição científica estratégica, com presença marcante nos territórios e atuação social relevante.
“O plano Fiocruz Mais Amazônia foi construído com base na escuta da comunidade e está estruturado em sete eixos: presença territorial, fortalecimento da ciência, educação transformadora, popularização da ciência, gestão inovadora, modernização da infraestrutura e valorização das pessoas. Mais do que metas, propomos uma visão de futuro baseada na justiça social, ciência pública e no compromisso com os territórios amazônicos.”
Ciência na Amazônia: desafios e potencialidades
A candidata reconhece a potência da produção científica na região, mas também destaca os obstáculos estruturais enfrentados pelos pesquisadores amazônicos.
“A ciência na Amazônia é potente, mas enfrenta grandes desafios. Temos produção relevante, mas esbarramos no chamado ‘custo amazônico’ – logística complexa, conectividade precária e infraestrutura limitada. Nosso plano busca fortalecer redes de pesquisa, ampliar a infraestrutura e apoiar projetos estratégicos. Fazer ciência na região precisa ser uma prioridade nacional, e a Fiocruz tem papel essencial nesse reconhecimento.”
Fortalecimento do SUS
A atuação da Fiocruz no fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) é, segundo Stefani, um dos pilares da sua proposta.
“A Fiocruz é estruturante para o SUS. Queremos fortalecer a atuação da Fiocruz Amazônia como catalisadora do desenvolvimento científico regional, promovendo redes de pesquisa colaborativa e a formação de quadros qualificados.”
Compromisso com o meio ambiente e a saúde
O plano de gestão também contempla metas ambientais com foco no impacto da crise climática sobre a saúde das populações amazônicas.
“Saúde e ambiente são inseparáveis. A crise climática afeta diretamente a saúde das populações amazônicas. Atuaremos alinhados a políticas públicas como a Estratégia Nacional de Mudanças Climáticas na Saúde, promovendo o conceito de ‘Uma Só Saúde’, que integra saúde humana, animal e ambiental. Queremos ampliar projetos em vigilância participativa, saúde indígena e educação ambiental.”
Primeiras ações: foco no planejamento e infraestrutura
Se reeleita, Stefani Lopes pretende iniciar o mandato com uma série de medidas voltadas à organização estratégica e à melhoria estrutural da instituição.
“Vamos iniciar o planejamento estratégico com instalação de comitês e elaboração do novo Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI). Também priorizaremos melhorias na infraestrutura atual, o avanço do projeto da nova sede e o fortalecimento da governança institucional. Na área da pesquisa, estruturaremos um Banco de Projetos Estratégicos e ampliaremos ações formativas, como o mestrado para sanitaristas indígenas em Tabatinga.”
Interiorização e equidade no acesso à saúde
Um dos pilares do plano Fiocruz Mais Amazônia é o fortalecimento da presença territorial por meio do eixo FioViva-Amazônia, que busca levar ações da instituição a regiões remotas.
“Nosso eixo FioViva-Amazônia propõe interiorizar as ações com forte presença nos territórios. Projetos como o TeleMal+ e o mestrado para sanitaristas indígenas demonstram nosso compromisso com inovação e inclusão. O trabalho em parceria com instituições locais e lideranças comunitárias tem sido fundamental para superar barreiras logísticas e garantir saúde com equidade.”
Ampliação de parcerias internacionais
A internacionalização da Fiocruz Amazônia é apontada como uma das frentes que devem ganhar ainda mais força nos próximos anos.
“Pretendemos expandi-las com foco na Pan-Amazônia, América Latina e Caribe. Recebemos diversas missões diplomáticas e sediamos cursos internacionais com apoio da OPAS. Nossos projetos já são financiados por organismos multilaterais como UNFPA e União Europeia. A internacionalização da Fiocruz Amazônia fortalece a cooperação científica e o impacto global da nossa atuação territorial.”
Experiência na gestão e motivação para seguir no cargo
Stefani assumiu a direção da Fiocruz Amazônia em setembro de 2023 em um cenário desafiador, sem transição e sem um plano vigente. Ainda assim, relata avanços importantes obtidos ao longo de sua gestão.
“Com agilidade e escuta ativa, conseguimos importantes conquistas: retomamos eventos, reformamos espaços, apoiamos o mestrado indígena e garantimos a continuidade da nova sede. Essa experiência revelou tanto os desafios quanto as potências da instituição. Estou preparada e motivada para liderar com mais planejamento, estratégia e diálogo, consolidando uma Fiocruz Amazônia mais forte, inclusiva e conectada com os desafios da região.”
As eleições internas da Fiocruz Amazônia acontecem em 28 de abril. O Portal Manaós seguirá acompanhando o processo e trará novidades assim que o resultado for divulgado.
Por: Jonas Wesley
Ilustração: Marcus Reis
Revisão Jurídica: Letícia Barbosa
*Informações Portal Manaós