Com abandono do poder público, o município de Manacapuru (a 69 quilômetros de Manaus), tem sido palco de escândalos na gestão do prefeito Beto D’Ângelo. A cidade, localizada na Região Metropolitana de Manaus, ganhou os noticiários novamente nessa segunda-feira, 7, com o deslizamento de terra no Porto da Terra Preta.
O prefeito, por outro lado, apenas visitou o local da tragédia e lamentou o desbarrancamento nessa segunda-feira.
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“Houve alguns estragos bem grandes, lamentamos também porque, as informações que temos é que um pai reclama sua filha de seis anos. Alguns já deram entrada no hospital, abalados psicologicamente. Houve um grande desmoronamento, muito grande mesmo, algo nunca nunca visto na nossa cidade”, pontuou o gestor, em live compartilhada nas redes sociais.
Falta de Infraestrutura e saneamento
A terceira maior cidade do Amazonas em números populacionais, Manacapuru sofre com falta de infraestrutura e saneamento básico, problemas que, segundo a população, foram esquecidos na gestão comandada por Beto D’Ângelo.
No ano passado, O Convergente mostrou a situação do cais do porto de Manacapuru, que é porta de entrada para moradores, turistas, bem como o escoamento da produção rural de outras localidades.
Na época, a gestão previu uma obra de quase R$ 5 milhões. Porém, os serviços não eram o que os habitantes cobravam, e sim, a construção de um muro de arrimo no cais da cidade. A reportagem esteve no município, conferiu a situação da na infraestrutura do cais da cidade relatada pelos moradores.
A precariedade com o sistema de saúde também é uma realidade da cidade, relatam moradores. Em abril deste ano, diversas pessoas chegaram a denunciar a falta de condições básicas de higiene no Hospital Geral de Manacapuru, além da escassez de profissionais e o desespero de pacientes.
Em um vídeo, uma mulher desabafa sobre o sistema de saúde público. Na mesma gravação, um homem chega a gritar cobrando por atendimento. Além da saúde, a Educação na cidade tem sido alvo de escândalos.
Educação
Em março deste ano, O Convergente publicou sobre a Operação Compadrio, do Ministério Público do Amazonas (MPAM), deflagrada contra a Secretaria de Educação de Manacapuru. Segundo as investigações, o MPAM apontou uma suposta rede de corrupção na Secretaria de Educação e Cultura de Manacapuru.
Entre os alvos da operação, estavam o secretário Raimundo Conde e o subsecretário Afonso Luciano. Em 2023, O Convergente também noticiou que a Prefeitura de Manacapuru fechou contratos milionários para construções de escolas.
Entre esses acordos estava um de quase R$ 30 milhões, onde o município firmou parceria com uma empresa marcada por obras inacabadas.
Tragédia
Nessa segunda-feira, 7, a cidade foi novamente o centro de noticiários. Por volta das 15h, um deslizamento de terra atingiu o Porto da cidade, formando uma cratera gigantesca que engoliu um flutuante, carros e destruiu parcialmente o porto do município.
Nove pessoas foram encaminhadas ao Hospital Regional Lázaro Reis, localizado no município, com escoriações.
Criança
Segundo a prefeitura de Manacapuru, seis pessoas estão desaparecidas, conforme relatos de familiares. Entre eles, uma criança identificada como Letícia Correa Queiroz, de apenas 6 anos de idade. A menina estava com os irmãos no flutuante da família quando o desastre deslizamento de terra aconteceu e arrastou a casa.
A Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP) e equipes da Defesa Civil do Amazonas e do Corpo de Bombeiras foram enviadas ao município. Mergulhadores e especialistas em salvamento em estruturas colapsadas também iniciaram os trabalhos no local.
Os trabalhos de resgate, que contam ainda com o apoio das polícias Civil e Militar, precisaram ser interrompidos no início da noite de ontem, por questões de segurança, mas foram retomados na manhã desta terça-feira (08/10).
Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), dos nove pacientes levados ao hospital do município, dois receberam alta, enquanto outros sete seguem em observação. Além disso, a estrutura das unidades de saúde na capital seguem prontas para receber possíveis feridos.
Outro lado
O Convergente entrou em contato com a Prefeitura de Manacapuru e solicitou um posicionamento sobre quais medidas tomadas pelo prefeito para evitar tais problemas e o que a prefeitura está fazendo para dar suporte às famílias afetadas pela tragédia dessa segunda-feira, 8. Até a publicação, sem retorno.
Por: Bruno Pacheco
Ilustração: Marcus Reis
Revisão: Letícia Barbosa
