Na sessão da Câmara Municipal de Manaus (CMM) desta segunda-feira (24), os vereadores discutiram a convocação do secretário municipal Sabá Reis para esclarecer o contrato de mais de R$ 15,5 milhões destinado ao crematório de animais na cidade. Durante as discussões, os parlamentares enfatizaram a importância de tornar o processo transparente e destacaram as prioridades da atual gestão municipal.
O requerimento em questão foi apresentado pelo vereador Rodrigo Guedes (PP) e pede esclarecimentos sobre o contrato. Conforme noticiado pelo O Convergente, na semana passada a Prefeitura de Manaus autorizou a contratação de uma empresa para serviços de cremação de animais. O edital foi formulado com requisitos que limitaram a participação de outras empresas, como a exigência de que o crematório estivesse situado em Manaus e tivesse realizado no mínimo 1.500 serviços de cremação anteriormente.
Após a leitura do requerimento, o líder do prefeito na CMM, vereador Eduardo Alfaia (Avante), argumentou que o tempo do secretário municipal Sabá Reis é limitado e que ele trabalha muito. O parlamentar se prontificou a encaminhar um protocolo para sanar as dúvidas.
“Gostaria de sugerir à base que derrubássemos o requerimento porque o secretário Sabá Reis é alguém que acorda muito cedo, que trabalha bastante. Retirá-lo desse tempo para vir à Casa e tirar informações, ele se coloca à disposição para enviar, inclusive, e farei questão de enviar essas informações do requerimento diretamente no protocolo da presidência para tentar sanar alguma dúvida”, disse.
O vereador Bessa (PSB) defendeu que é crucial que os vereadores estejam cientes sobre o contrato, destacando que a forma como é descrito não permitirá um controle eficaz dos serviços que serão prestados.
“A cidade de Manaus foi pega de surpresa com o volume de recursos investidos neste contrato […]. O que me deixa perplexo é o formato como isso foi feito. Temos o SOS Funeral e poderíamos fazer este crematório da mesma forma como é feito o SOS Funeral, porque do jeito que vai ser feito, não teremos controle”, argumentou.
Em outro ponto de vista, o vereador Capitão Carpê (PL) questionou a gestão municipal sobre suas prioridades, sugerindo que o valor destinado para a cremação poderia ter sido utilizado para construir um hospital veterinário para a cidade.
“A prefeitura municipal, sempre com suas prioridades, inverte o que é mais importante. Enquanto poderia estar investindo nos animais que estão vivos e precisando, como aqueles que estão em situação de rua […]. Poderia ter realizado esse grande feito de construir um hospital veterinário com este valor, mas não. A prefeitura municipal sempre com suas prioridades, investindo mais nos mortos do que nos vivos”, apontou.
O vereador William Alemão (Cidadania) também entrou na discussão, questionando a necessidade do alto investimento na cremação de animais e reforçando a importância da presença do secretário Sabá Reis na CMM.
“Qual a necessidade de hoje termos um investimento de mais de R$ 15 milhões para cremação de pets? Discordo totalmente do que disse o líder do prefeito, de que é um requerimento de simples informação. Sim! A população precisa receber essas informações. Não tenho palavras para expressar o quão indignado fico com uma notícia dessas […]. Não tem nada a ver com o horário que o secretário acorda ou com o trabalho que ele faz por Manaus, mas sim com o uso do dinheiro público”, defendeu.
Entenda
Na semana passada, a Prefeitura de Manaus autorizou a contratação de mais de R$ 15,5 milhões para a cremação de animais na cidade. Segundo a Comissão Municipal de Licitação, a empresa vencedora do certame prevê a realização de 7.500 remoções e cremações de animais conforme o objetivo da licitação. O valor unitário cotado foi de R$ 2.075 pelo serviço, pelo período de 12 meses.
A capital amazonense não possui sequer uma unidade de saúde especializada voltada para pets. Com o montante de R$ 15.562.500,00 previsto nesta contratação, poderia ser construído um hospital veterinário em Manaus. Este valor ultrapassa em mais de quatro vezes o custo do Hospital Público Veterinário do Amazonas, orçado em R$ 3,7 milhões.
O Convergente estabeleceu um prazo para resposta, mas não obteve retorno da pasta. Nesta segunda-feira (24), O Convergente entrou em contato com a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp), dirigida por Sabá Reis, para esclarecimentos sobre uma possível ida do secretário à Casa. Até a publicação desta matéria, não houve retorno. O espaço segue aberto para resposta.
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Por Camila Duarte
Ilustração: Marcus Reis
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