No primeiro episódio do mês de abril da nova temporada do programa “Debate Político”, O Convergente recebeu, nesta terça-feira (2), o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto (PSDB), que falou sobre o atual cenário político amazonense. O programa é apresentado pela CEO da empresa, Érica Lima Barbosa, e exibido pela TV Rede Onda Digital, através do canal 8.2, e pelo canal do Youtube da Rede Onda Digital.
Durante o primeiro momento da entrevista, o ex-prefeito de Manaus falou sobre o atual posicionamento político dele, que passou a ser visto em manifestações e ao lado de políticos declarados bolsonaristas. Segundo Arthur Virgílio Neto, ele se considera aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas não bolsonarista.
“Eu não tenho essa história. Me considero aliado, não necessariamente bolsonarista […]. Se forçar a barra de me qualificar, eu me colocaria centro-direita”, afirmou. Ele ainda ressaltou que tinha a ideia de que a direita era enxergada como ruim, mas que sempre achou que todos os lados deveriam se fortalecer.
“Penso muito que a direita representava uma coisa muito ruim, que era a ditadura de 1964. Sempre achei que havia necessidade de se ter uma direita forte, centro-direita forte, esquerda forte, desde que eles se entendessem, como se entendem no Chile, por exemplo”, comentou.
Arthur Virgílio Neto também comentou sobre o embate que teve com o ex-presidente Bolsonaro, em 2020. Na época, o ex-mandatário disparou críticas ao ex-prefeito de Manaus devido ao agravamento da covid-19. O tucano chegou a entrar com uma queixa-crime no Supremo Tribunal Federal, acusando Bolsonaro de injúria e difamação.
“Não aceito desaforo de ninguém”, disse Arthur Neto no Debate Político. “Jamais me curvei para ninguém, bateu, levou. Na hora de escolher entre ele e Lula, eu escolhi ele”, pontuou.
Ainda segundo ele, a sua ida à manifestação na Avenida Paulista, em 25 de fevereiro – onde diversos apoiadores do antigo governo se reuniram -, foi para atender um chamado da população, que pedia por justiça e lutava em defesa da democracia.
“Eu não entendia que fosse uma opção minha, era um dever. O povo nas ruas pedindo justiça, democracia e eu não iria? Se eu não faltei as diretas, se eu não faltei nunca a nenhum compromisso que fosse cobrado pelo povo. Eu sou fiel ao povo”, disse.
Prefeitura de Manaus
De acordo com o ex-prefeito Arthur Virgílio Neto, ele entregou o município com um saldo positivo para o atual prefeito David Almeida (Avante). Durante o bate-papo, Arthur ainda alegou que não enxerga que existe uma organização das contas públicas.
“Para mim, a organização das contas públicas é essencial, não vejo que esteja tão organizado, não como deixei. Temo muito por um desajuste”, avaliou. O político ainda pontuou que enxerga um “negativismo” por parte de outros gestores municipais, em relação a obras que não foram feitas nos próprios mandatos.
“Aqui tem uma cultura que é meio negativista. Se foi fulano que fez, eu tenho que dizer que fui eu que fez ou dizer que tem defeito, como inventaram defeito no negócio [viaduto] do Manôa, que tinha o nome da minha mãe e de certa forma aquilo me ofendeu”, comentou.
Sobre as obras que ficaram para ser concluídas na atual gestão, o ex-prefeito destacou que o seu governo deixou orçamento para a conclusão. “Em 2020, deixei certas obras, uma faltava 8%, outra 2%, com dinheiro ao lado para pagar o final […], a maioria a gente concluiu, movimentamos a economia daqui porque tínhamos dinheiro para fazer e o dinheiro é fruto da organização e da confiança dos bancos […] Entreguei uma prefeitura com saldo de 800 milhões e espero que o prefeito atual faça um belíssimo trabalho e entregue uma coisa superior a que eu fiz”, revelou.
Câmara Municipal
Ainda de acordo com Arthur Virgílio Neto, atualmente, ele sente uma instabilidade na Câmara Municipal de Manaus, uma vez que existe uma divisão entre os parlamentares que seguem o prefeito de Manaus e outra segue o governador Wilson Lima (UB).
“Sinto que hoje a coisa mudou, sinto que tem um pessoal que segue a orientação do governador e um pessoal que segue a orientação do prefeito. Isso deixa, ao meu ver, um pouco mais instável da forma que eu governava”, disse.
Arthur Neto afirmou que, na sua época, reunia os vereadores para que os mesmos pudessem se tornar seus aliados a partir de ações ou obras que fossem da localidade de cada um.
“Eu tinha um apoio de consenso ao meu governo. Como eu prestigiava os vereadores? Eu dizia ‘é na sua área, vamos fazer tais obras, pode dizer que você me pediu’. Não precisava inventar emenda PIX para safadeza, bastava dizer ‘fulano, é sua área, vou começar tais obras’. Era uma forma que eu tinha para trazer para mim a maioria parlamentar”, explicou.
Eleições
Observando o cenário político, Arthur Virgílio Neto afirmou que ainda não decidiu quem será o seu candidato para o pleito de 2024. “Ainda não vi o cara. Vou examinar as pessoas e vou dar meu voto de cidadão, mas ainda não vi o cara”, disse.
A apresentadora Érica Lima Barbosa perguntou sobre alguns nomes que vão concorrer ao pleito e se lançaram pré-candidatos. O primeiro nome foi de Maria do Carmo Seffair (Novo), que foi suplente de Arthur na vaga para o Senado.
Na visão do ex-prefeito, a pré-candidata ainda precisa mostrar trabalho antes de se candidatar a cargos majoritários. “Eu tenho maior estímulo pessoal por ela. Não sei se é a vez dela para isso, ela tem que mostrar seu valor trabalhando, ela é uma pessoa que trabalha. Mas desejo sorte na caminhada”, pontuou.
Em relação a Amom Mandel (Cidadania), o político ressaltou que não ficou contente com o fato do deputado federal ter dito que não concorreria na eleição e depois ter mudado de ideia. “Não gostei dele ter dito que não era candidato, era e é. Isso me passa uma impressão de insegurança e imaturidade”, afirmou.
Arthur Neto ainda comentou que está com dúvidas em relação a Amom Mandel, uma vez que acredita não ser o momento dele. “Estou com muitas dúvidas de ser ele o homem certo para governar, controlando o governo, não se deixando controlar por pessoas em volta dele, algumas podem não ser muito corretas. Não sei se é o momento dele”, disse.
O ex-prefeito de Manaus ainda revelou que tem uma boa relação com a família do deputado federal, mas que acredita que o mesmo não tem tido um bom desempenho na Câmara Federal.
“Eu disse que ele tem que ter um bom desempenho dele como deputado federal e eu não estou vendo. Vejo que ele se distancia daquelas pessoas, por exemplo, ele fala que não é de governo nenhum e não assinou o impeachment do presidente Lula, na hora H ele não coloca a canela dele”, avaliou.
Jogo das Cartas
As avaliações dos pré-candidatos a prefeito de Manaus continuaram no tradicional Jogo das Cartas do Debate Político. A primeira imagem sorteada foi a do deputado estadual Roberto Cidade (UB), o qual Arthur Neto disse que também o ajudou a se eleger como presidente da Assembleia Legislativa.
“Eu não o conheço tanto, mas eu o conheço desde que ele não sabia o que era uma caminhada. […] Eu o ajudei a ser presidente da Assembleia, até contra a vontade do governador, que hoje é amigo dele. Ele sabe que foi na minha casa, com um telefonema, que se resolveu essa questão. […. Eu desejo que o tempo o amadureça, o prepare, e que o tempo o torne uma pessoa capaz de prestar grandes serviços ao estado”, disse Arthur Virgílio Neto.
Ao pegar a carta de David Almeida, o ex-prefeito de Manaus pontuou que possui uma boa relação com o atual chefe municipal, apesar de alguns embates no passado. “Tenho uma boa relação pessoal com ele. Fez algumas bobagens de ficar depreciando obras minhas, como se eu fosse um adversário dele, fui uma pessoa que ajudou bastante a eleição dele. […] Espero que ele faça um bom final de governo e entregue as contas bem ajustadas”, comentou.
Confira o programa na íntegra:
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Por Camila Duarte
Foto: Marcus Reis
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