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sexta-feira, julho 5, 2024

PGR encaminha alegações finais sobre acusados por ataques de 8 de janeiro

Em relação à possibilidade de ANPP, pedido refere-se a 1.156 acusados de incitar atos e cujas penas previstas para crimes não ultrapassam 4 anos de reclusão

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O coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos (GCAA), Carlos Frederico Santos, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (14) alegações finais referentes a 45 denúncias apresentadas contra executores dos atos de 8 de janeiro. As petições rebatem os argumentos apresentados pelas defesas dos acusados e reforçam o pedido de condenação por cinco crimes, entre os quais, associação criminosa armada (artigo 288, parágrafo único), abolição violenta do Estado Democrático de Direito (artigo 359-L) e golpe de Estado (artigo 359-M).

Também nesta segunda-feira, o subprocurador-geral apresentou manifestação em pedido formulado pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB) no âmbito do Inquérito 4.921, para que seja oferecida a possibilidade de acordo de não persecução penal (ANPP) aos denunciados por incitação aos atos antidemocráticos. Ao todo, a PGR denunciou 1.156 pessoas que estavam acampadas em frente ao quartel-general do Exército, na capital federal, onde a maioria delas foi presa no dia seguinte aos episódios de vandalismo. As penas previstas para os crimes imputados aos envolvidos não ultrapassam 4 anos de reclusão, o que possibilita o fechamento de acordo entre os denunciados e o Ministério Público Federal.

Na manifestação, Carlos Frederico afirma que o MPF não se opõe ao oferecimento de acordo aos denunciados. Para isso, no entanto, é preciso que o STF reconheça a possibilidade formal da realização do ANPP nas ações penais referentes aos crimes descritos nas denúncias já recebidas pela Suprema Corte (de médio potencial ofensivo, em especial os que contam com a acusação firmada do art. 288 c/c o art. 286, parágrafo único, do CP).

O subprocurador-geral destaca que, com o avanço das investigações, não ficou comprovado que esses denunciados participaram de forma pessoal e direta dos atentados às sedes dos Três Poderes da República e ao Estado Democrático de Direito. “Nessa nova perspectiva, não há incongruência no posicionamento do titular da ação penal, justamente porque a modificação do cenário probatório e a dissipação das ameaças ao Estado Democrático de Direito permitem concluir que o Acordo de Não Persecução Penal pode se demonstrar como suficiente, no atual estágio, para a reprovação e prevenção dos crimes em análise”, afirma o coordenador do GCAA, em um dos trechos da manifestação.

Carlos Frederico ressalta, no entanto, que esse entendimento “não se aplica aos executores materiais dos crimes aos quais foram dirigidas imputações severas, como as previstas nos arts. 359-L (abolição violenta do Estado Democrático de Direito) e 359-M (Golpe de Estado) do Código Penal brasileiro, ou seja, aos crimes de grave potencial ofensivo”. Nesses casos, esclarece que os denunciados “não gozam dos benefícios de justiça penal negociada e contam com perspectiva de imposição de pena privativa de liberdade em regime fechado que pode chegar a 30 anos”. O cálculo considera a soma das penas previstas para todos os crimes imputados aos autores nas denúncias.

No documento, Carlos Frederico ressalta tem se consolidado tanto Supremo Tribunal Federal quanto no MPF o entendimento de que o acordo de não persecução penal é possível mesmo após o recebimento da denúncia, nos processos em curso quando da entrada em vigor do Pacote Anticrime, desde que estejam presentes os requisitos objetivos e subjetivos previstos em lei. Manifesta também que quanto ao pedido da OAB é importante que se faça a “análise do evento criminoso envolvendo os fatos e a circunstância que o geraram, de modo a revelar se o acordo é suficiente para a reprovação e prevenção do crime”.

Carlos Frederico pede que, caso a possibilidade de fechamento de ANPP seja aceita pela Suprema Corte, as ações penais que tiveram origem no Inquérito 4.921 sejam sobrestadas por 120 dias. O prazo destina-se à adoção das providências necessárias para viabilizar os acordos com aqueles que confessarem “formal e circunstancialmente a prática da infração penal nas quais estão incursos, bem como se enquadrarem nos demais requisitos legais”. O subprocurador-geral solicitou ainda que os réus sejam intimados para, caso queiram, entrem em contato com o MPF para a formalização do ANPP.

Íntegra da manifestação no Inquérito 4.921

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Fonte: MPF

Foto: Divulgação

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