O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita neste sábado, 21/1, os indígenas da terra Yanomami, a maior reserva indígena do país, localizada no estado de Roraima, que vem passando por uma crise de malária e grave desnutrição na reserva. Nesta semana, o Ministério da Saúde enviou equipes para fazerem atendimentos na região e realizar o resgate dos mais vulneráveis.
Os técnicos do Ministério da Saúde resgataram ao menos oito pacientes crianças, que estão em estado grave. Todas foram encaminhadas para a capital Boa Vista. Além disso, um recém-nascido yanomami, de 18 dias de vida, com quadro de pneumonia, recebeu atendimento médico e foi levado para Boa Vista. A mãe – que é da comunidade Loko – percorreu três horas até chegar na Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI), no polo base de Surucucu. O bebê chegou a ter cinco paradas cardíacas.
O presidente Lula da Silva disse, nesta sexta-feira, 20/1, ter recebido “informações sobre a absurda situação de desnutrição de crianças Yanomami” e o presidente já está em Roraima neste sábado, 21/1. “Chego agora pela manhã a Boa Vista e visitarei o hospital indígena e a Casa de Apoio à Saúde Indígena, onde conversarei com profissionais de saúde e povo Yanomami. Somaremos esforços na garantia da vida e superação dessa crise”, escreveu ele no Twitter.
O Ministério da Saúde disse que está realizando uma missão com o objetivo de elaborar um diagnóstico sobre a crise sanitária no território. A ideia é oferecer serviços de saúde aos mais de 30,4 mil indígenas que vivem em comunidades da região.
“Nos últimos anos, a população Yanomami passou por desassistência e dificuldade de acesso aos atendimentos de saúde. Casos de desnutrição e insegurança alimentar, principalmente entre as mais de 5 mil crianças da região, foram registrados”, disse o Ministério da Saúde.
“Profissionais de saúde relatam falta de segurança e vulnerabilidade para continuar os atendimentos, dificultando ainda mais a assistência médica aos indígenas”, informou.
Indígenas que vivem em comunidades isoladas geograficamente e de difícil acesso, no meio da Amazônia, sofrem com a falta de assistência regular de saúde. Enquanto isso, garimpeiros ilegais destroem a floresta em busca de ouro.
Atendimentos – Dentro da reserva, as equipes usam o polo de Surucucu como base para atender as pessoas que precisam de atendimento. O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, acompanha o trabalho. Ele é responsável por inúmeras denúncias de descaso na saúde, na região.
“Vimos crianças convulsionando com desnutrição, trouxemos para Surucucu e, hoje, foram removidas para Boa Vista.”
“Desde que chegamos aqui a equipe do Ministério da Saúde já enviou oito pacientes, crianças, em estado grave para Boa Vista”, afirmou Júnior.
Entre as comunidades atendidas estão Kataroa, Yaritopi e Xitei. O Ministério deve definir as ações imediatas que serão adotadas no território, além de fortalecer a atenção ofertada pelo Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami.
Além dos técnicos dentro da reserva, há equipes em Boa Vista. O trabalho é feito em conjunto com o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Yanomami, a Casa de Saúde Indígena (Casai), a Secretaria Estadual de Saúde de Roraima e a Secretaria Municipal de Saúde.
Crise na Saúde Yanomami – Com mais de 370 aldeias e quase 10 milhões de hectares que se estendem por Roraima, pela fronteira com a Venezuela e pelo o Amazonas, a reserva Yanomami enfrenta problemas tão grandes quanto a sua extensão territorial.
Ao todo, são 28 mil indígenas que vivem isolados geograficamente em comunidades de difícil acesso, mas que, em grande parte, já sofreram alguma intervenção de fora, com a ocupação de não indígenas, como é o caso dos garimpeiros – estimados em 20 mil.
Em novembro do ano passado, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) deflagraram a operação Yoasi, contra a fraude na compra de remédios destinados ao Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y), em Boa Vista.
O esquema criminoso deixou pelo menos 10 mil crianças indígenas sem medicamentos, apontam as investigações.
As investigações indicam que dois coordenadores de suas respectivas gestões firmaram o contrato com uma empresa para o fornecimento de 90 tipos de medicamentos. Entretanto, a companhia entregou menos de 30% do previsto.
O esquema teve a participação dos servidores ligados a eles e do dono da empresa contratada. A estimativa da PF é que esquema de desvio tenha movimentado R$ 600 mil.
—
Da Redação com informações g1
Fotos: Condisi-YY / Divulgação
Lamentável termos chegado nessa situação. Os povos originários precisam de atenção espacial e urgente! Isso é um grande pecado contra a humanidade. Nossa ancestralidade sendo violentada e a gente não sente por isso.