A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, cobrou nesta quinta-feira, 28/4, a apuração sobre o estupro e a morte de uma menina indígena, da etnia Yanomami, de 12 anos. O fato ocorreu em uma comunidade na região de Waikás, em Roraima. Há relatos de que a adolescente foi morta depois de ter sido brutalmente estuprada por garimpeiros.
Em discurso na abertura de sessão do STF, Cármen Lúcia afirmou que as mulheres brasileiras, entre elas as indígenas, são vítimas de “descalabro de desumanidades”. O presidente do STF, Luiz Fux, classificou o caso como “gravíssimo”.
O Ministério Público Federal informou que está investigando o caso.
Caso – A morte da menina foi divulgada na noite da última segunda-feira, 25/4, pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, que também representa uma das figuras de liderança do povo.
Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Hekurari afirmou que, além da morte da menina, uma outra criança ianomâmi, de apenas três anos, desapareceu após cair no rio Uraricoera.
Ferocidade desumana – Na ocasião, Cármen Lúcia argumentou que mulheres têm sido alvo de “crueldade letal” e que esses crimes não podem virar apenas estatísticas.
“Essa perversidade, acho, senhor presidente, é a minha palavra, não pode permanecer como dados estatísticos, como fatos normais da vida. Não são. Nem podem permanecer como notícias”, disse a ministra.
“Não é possível calar ou se omitir diante do descalabro de desumanidades criminosamente impostas às mulheres brasileiras, dentre as quais mais ainda as indígenas, que estão sendo mortas pela ferocidade desumana e incontida de alguns”, completou ela.
A vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, afirmou que o Ministério Público está apurando o caso e que todas as medidas estão sendo tomadas para garantir os esclarecimentos dos fatos. Lindôra afirmou, ainda, que se solidariza com as palavras da ministra e que ficou sensibilizada.
“Foi assustador. Ainda mais se tratando de uma criança, o que nos deixa mais chocados”, comentou a procuradora, que ressaltou também a crescente violência e degradação contra mulheres. “Parece que virou um hábito”, concluiu.
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Da Redação com informações do G1
Foto: Divulgação