Os deputados do PT Reginaldo Lopes (MG), Bohn Gass (RS), Gleisi Hoffmann (PR) e Alexandre Padilha (SP) enviaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) notícia-crime contra o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, pelo “apagão” de dados na pasta.
Há um mês, o Ministério da Saúde atribuiu a um ataque hacker um apagão de dados no sistema de registros relativos à pandemia. Ontem, o governo afirmou que a situação havia sido restabelecida, embora alguns sistemas ainda estejam fora do ar.
“O presidente da República e o seu ministro da Saúde, ora noticiado, continuaram a sabotar, de maneira racionalmente incompreensível, os esforços científicos de enfrentamento da doença, como se viu recentemente em relação às diversas tentativas, exitosas, de retardar a vacinação das crianças”, diz trecho do documento enviado ontem.
Os petistas afirmam que o apagão de dados pode ser proposital. “O apagão vigente nos sistemas informatizados do Ministério da Saúde podem ser, em tese, uma ação política, ideológica e negacionista deliberada, visando esconder a real situação sanitária existente no País.”
Os deputados alegam ao presidente do STF, ministro Luiz Fux, que Queiroga pode ter cometido os crimes de prevaricação, infração de medida sanitária preventiva e improbidade administrativa. Com isso, pedem que a Corte intime a PGR (Procuradoria-Geral da República) a instaurar inquérito.
Alerta da OMS – O apagão de dados sobre a expansão de infecções pela variante ômicron, no Brasil, deixa técnicos e cientistas da OMS (Organização Mundial da Saúde) alarmados. Membros do corpo de especialistas agência com sede em Genebra temem que, sem um controle e mapeamento da dimensão das contaminações pela variante, o Brasil possa entrar em uma nova fase de turbulência em relação à crise sanitária, com um impacto ainda nos países vizinhos.
De acordo com a OMS, na semana que foi concluída em 2 de janeiro de 2022, o mundo registrou uma taxa recorde de 9,5 milhões de casos de covid-19. Inédito, o número deve ser superado pelos registros já obtidos na semana que terminou neste fim de semana.
O problema, porém, é que o caso brasileiro acendeu um sinal de alerta na OMS e passou a ser usado internamente por alguns dos técnicos como “exemplo” de país onde o apagão está impedindo que o mundo tenha, de fato, uma percepção real da nova onda da covid-19.
“Há uma sensação de que o Brasil está voando no escuro”, alertou um dos cientistas na OMS, que pediu anonimato. Após a publicação da reportagem, o escritório da OPAS e da OMS no Brasil emitiu um comunicado, apontando que as declarações dos especialistas tinham caráter pessoal. “A afirmação não deve ser tratada como posicionamento institucional”, disse a OMS, em nota.
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Por Redação com informações do UOL
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