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sexta-feira, novembro 22, 2024

Mais do mesmo: Bolsonaro promete, mas não apresenta provas de fraudes eleitorais

Em quase duas horas de um discurso eleitoral na grade estatal, o presidente Jair Bolsonaro apresentou falas inconsistentes, repletas de fake news, de acusações contra o TSE e não apresentou provas que comprovem fraudes eleitorais, como afirmou que iria fazer na live desta quinta-feira, 29/7.

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Fazendo uso da TV estatal para fazer comício, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) discursou por quase duas horas, não apresentou provas concretas de fraude eleitoral e fez novos ataques ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O presidente havia convocado a imprensa com a promessa de que apresentaria provas quanto a possíveis irregularidades cometidas nas eleições de 2014 e 2018, ao final, no entanto, limitou-se a apresentar fake news e a afirmar que “não tem como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas”.

O presidente acusou o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso interferir no Legislativo. Segundo ele, “mente” quem afirma que a implementação do voto impresso é um retrocesso. Bolsonaro tem defendido fortemente que seja aprovada a adoção do voto impresso para as urnas eletrônicas com o objetivo de, segundo ele, garantir que as eleições de 2022 não sejam fraudadas.

“O que eu quero é democracia. Tantos me acusam de ser ditador, tantos me acusam de ser violento. Não somos uma república de bananas, tem alguns bananas nela. Quem quer a instabilidade de uma nação poderosa como a nossa? Somos um país forte. Não podemos aceitar na mão grande, no poder da força de alguns, alguém assumir o timão desse país e levá-lo para o caos, como assistimos na América do Sul”, disse aos gritos.

O presidente continuou dizendo ser uma mentira afirmar que a implantação do sistema de voto impresso é um retrocesso. “Por que a ferocidade do presidente do TSE em não querer discutir, falar sobre uma contagem pública de votos?”, disse Bolsonaro. “Onde quer chegar esse homem que preside o TSE? Quer a inquietação do povo, que movimentos surjam no futuro que não condizem com a democracia?”, acrescentou.

Por fim, Bolsonaro admitiu que não tem provas, apenas “indícios”. “Não temos provas, deixar bem claro, mas indícios que, eleições para senadores e deputados, podem acontecer a mesma coisa. Por que não?”, disse. “Não tem como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas, são indícios. Um crime se desvenda com vários indícios.”

Resposta do TSE – Ainda durante a live do presidente, o TSE divulgou uma extensa lista de informações em que rebateu, ponto a ponto, as alegações apresentadas por Bolsonaro questionando a integridade do sistema eleitoral.

Autoridades da Justiça Eleitoral e especialistas dizem não ser necessária uma mudança na urna eletrônica diante da confiabilidade do sistema brasileiro, que adota urnas eletrônicas há mais de 20 anos. O próprio Bolsonaro, alegam, tem sido eleito sucessivamente para cargos –deputado federal e presidente– por meio do voto em urna eletrônica.

A apuração dos votos das urnas eletrônicas pela Justiça Eleitoral é acompanhada presencialmente por representantes dos partidos envolvidos, além de outras autoridades como o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A contabilidade também pode ser acompanhada por quaisquer cidadãos por meio dos sistemas de auditoria dos votos.

O TSE também contesta a fala do presidente de que o sistema apresentaria a mesma tecnologia desde a sua criação, em 1996. Apesar do visual ser parecido com o da época, o tribunal disse que o software evoluiu significativamente desde então, ficando cada vez mais seguro.

A Justiça Eleitoral argumenta que as urnas, ao contrário do que alega o presidente, são sim auditáveis durante todo o processo. O sistema também não é hackeável, uma vez que em nenhum momento do processo de votação ele fica ligado a uma rede de computadores.

Alvo de constantes ataques de Bolsonaro, o presidente do TSE tem destacado a transparência do atual sistema e chamado de política a fala de quem diz haver fraude nas urnas eletrônicas. Barroso, que conversou com lideranças do Congresso, tem alertado para problemas com uma eventual mudança.

Mais cedo nesta quinta, sem citar nominalmente Bolsonaro, Barroso destacou que uma mentira deliberada tem dono e deve ser denunciada.

“A democracia é o regime em que há muitas verdades possíveis, mas a mentira deliberada tem dono e é assim que precisa ser adequadamente denunciada”, afirmou, durante evento de inauguração de uma sede na Justiça Eleitoral do Acre.

Na live, Bolsonaro também disse que iria encaminhar ao ministro da Justiça, Anderson Torres, informações sobre supostas irregularidades em urnas nas eleições de 2016 e 2018 para serem investigadas pela Polícia Federal.

Torres, que apareceu na transmissão posteriormente, também fez um breve relato de observações que seriam de peritos da PF sobre o atual sistema de votação. Em uma delas, há a sugestão de se adotar o voto impresso.

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Foto: Divulgação

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