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sábado, novembro 23, 2024

CPI da Covid tem dia conturbado e depoimento de Wajngarten será encaminhado ao MPF

O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz informou que enviará ao Ministério Público Federal o depoimento do ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten prestado à comissão. Wajngarten chegou a sofrer ameaça de prisão durante a reunião desta quarta da CPI, na qual depôs

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O depoimento de Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro, na CPI da Covid nesta quarta-feira, 12, durou mais de oito horas e foi marcada por declarações consideradas inverídicas, pedido de prisão, xingamentos e quebra de decoro parlamentar.

Depondo como testemunha, Wajngarten evitou fazer críticas ao governo de Jair Bolsonaro e foi alvo de reclamação do presidente da CPI, o senador Omar Aziz (PSD-AM), que chegou a suspender momentaneamente a sessão após o depoente não responder quem instruiu Bolsonaro com informações erradas, conforme o ex-ministro das Comunicações afirmou em entrevista à revista Veja.

“Não menospreze a nossa inteligência, ninguém aqui é imbecil”, disse Aziz após esquivas e respostas inconclusivas do depoente. “Você só está aqui por causa da entrevista na Veja. Se não fosse a entrevista, ninguém lembraria que você existe”, completou.

Wajngarten contrariou declarações que deu à revista Veja sobre a negociação de vacinas da Pfizer. Ele não respondeu quem instruiu o presidente Jair Bolsonaro com informações erradas, conforme afirmou em entrevista à revista. E também afirmou que documentos relativos à oferta ao governo está armazenado no computador da secretaria. À revista havia dito que tinha os documentos sob sua posse.

Wajngarten também não respondeu objetivamente se as declarações antivacina do presidente Jair Bolsonaro impactam a sociedade. Ele disse que o impacto se dá juntamente com outras fontes de informação e evitou tecer críticas diretas ao presidente. “Os atos do presidente pertencem a ele. Não posso imaginar o que passa pela cabeça dele quando ele fala isso. (As falas do presidente) têm impacto? Têm impacto, complementando com as outras fontes de informação.

Perguntado quem comanda as contas nas redes sociais do presidente Jair Bolsonaro, o ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten disse que as contas “pertencem a ele (presidente)”.

Contradições – Após Wajngarten se contradizer sobre declarações a respeito de atraso na compra de vacinas da Pfizer, senadores passaram a ameaçar retaliações. O relator Renan Calheiros afirmou que o ex-secretário poderia até mesmo ser preso caso fosse comprovado que ele mentiu à comissão.

À comissão, o ex-chefe da Secom deu declarações diferentes do que falou à revista. Por isso, Calheiros disse que vai pedir à revista o áudio completo da entrevista de Wajngarten em que o ex-chefe da Secom fala sobre a negociação dos contratos do governo com a farmacêutica Pfizer.

Renan disse que Wajngarten foge dos questionamentos da comissão. “Se mentiu, terá desprestigiado o Congresso Nacional, que é um péssimo exemplo. Vou cobrar a revista Veja, mas se ele mentiu a esta comissão, eu vou requerer a prisão do depoente”.

Mesmo após a advertência, o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten voltou a dar declarações contraditórias. Aos senadores, ele afirmou que o presidente Jair Bolsonaro não sabia de sua iniciativa de mobilizar diversos setores do País para a compra das vacinas da Pfizer.

Em entrevista à revista Veja, no entanto, ele afirmou que o mandatário havia te dado aval para negociar os imunizantes. Diante da situação, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) afirmou ao ex-chefe da Secom que é “melhor mentir à Veja do que à CPI”. “Aqui dá cadeia”, disse Vieira.

Essa não foi a primeira fala contraditória de Wajngarten. Se em entrevista à revista Veja, em abril deste ano, ele disse que houve “incompetência” e “ineficiência” do Ministério da Saúde no atraso das vacinas, nesta quarta ele evitou dar declarações sobre o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.

Diante de diversas contradições no depoimento do ex-secretário de Comunicação, o senador Renan Calheiros disse que vai pedir a prisão do empresário Fábio Wajngarten. “O espetáculo de mentira é algo que não vai se repetir e não pode servir de precedente, disse o relator da comissão. O pedido de prisão também foi feito pelo senador Fabiano Contarato (Rede-ES), que é professor de direito penal e delegado de polícia.

O pedido de prisão não foi acatado pelo presidente da CPI, senador Omar Aziz ao que Renan rebateu dizendo que se Wajngarten “sair ileso” da CPI, diante das mentiras que falou, a comissão irá abrir uma porta que depois terá dificuldade para fechar. “Na medida em que a gente não toma decisões diante do flagrante evidente, é óbvio que isso vai enfraquecendo a comissão”.

Omar rebateu a fala de Calheiros dizendo que não seria carcereiro de ninguém. “A CPI não deve ser um tribunal que ouve e condena. O pedido de prisão de Wajngarten pode ser feito posteriormente”.

Quebra de decoro – Em fala para criticar o pedido de prisão do ex-chefe da Secom, Fábio Wajngarten, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) chamou Renan Calheiros de “vagabundo” e disse que o relator da CPI da Covid está usando a comissão como “palanque”.

“Que a CPI busque colaborar com a vacina no braço do brasileiro. Salvar vidas. E não fazer de palanque como o senador Renan Calheiros tenta fazer aqui a todo o momento. Imagina a situação: um cidadão honesto ser preso por um vagabundo como o Renan Calheiros. Olha a desmoralização”, disse Flávio Bolsonaro.

Em seguida, o relator Renan Calheiros rebateu a acusação: “Vagabundo é você que roubou dinheiro”.

O filho do presidente Jair Bolsonaro ainda elogiou em sua fala o trabalho do presidente da CPI, senador Omar Aziz. “Pessoa equilibrada, ponderada, já entendeu que não pode deixar a CPI se transformar em um circo”.

O senador do Republicanos, que saiu em defesa do ex-chefe da Secom, disse que há contradições em outros depoimentos. “Mandetta mentiu aqui nessa mesa”, acusou ele, que depois afirmou que Aziz “salvou” a comissão ao não concordar com o pedido de prisão de Wajngarten.

Após a quebra de decoro, o presidente da CPI, Omar Aziz, interrompeu a sessão.

Falso testemunho – O presidente da CPI da Covid anunciou que a comissão irá remeter os autos do depoimento do ex-chefe da Secom ao Ministério Público para que o órgão tome providências sobre eventual cometimento do crime de falso testemunho. A ação acata à questão de ordem do senador Humberto Costa (PT-PE).

“Essa comissão parlamentar de inquérito acatou a questão de ordem formulada pelo excelentíssimo senador da República Humberto Costa no sentido de remeter os autos do depoimento testemunhal ocorrido na sessão de hoje pelo senhor Fábio Wajngarten ao Ministério Público para tomada de providência que o procurador responsável entender cabíveis no sentido de promover apuração e eventualmente a responsabilização, inclusive com aplicação de penas restritivas de direito pelo eventual cometimento do crime de falso testemunho perante essa comissão”, disse Aziz, logo após retomar a sessão desta quarta-feira. “É importante que o Ministério Público averigue se o depoente infringiu o Código Penal ao oferecer a esta CPI falso testemunho ou falsa perícia”.

Não agradou ninguém –  Omar Aziz disse ao ex-secretário Fábio Wajngarten que a prisão seria o “menor castigo” que ele vai sofrer na vida. “Porque hoje, aqui, você não ficou bem com ninguém. Você entregou um documento que nenhum de nós tínhamos conhecimento. Você não agradou o governo, não agradou a ninguém. Você vai sofrer”, afirmou ele.

“A vida machuca a gente. E a prisão não seria nada mais terrível do que você perder a credibilidade, você perder a confiança e você perder principalmente o legado que você construiu até agora. Por isso, eu lhe aconselho: quando vossa excelência for ser chamada para falar sobre o que aconteceu aqui hoje, procure falar a verdade, porque eu sei que as coisas não vão parar aqui. É natural. A CPI tem desdobramentos”, declarou o presidente da CPI.

Queiroga – Aziz disse que o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, vai voltar à comissão “porque mentiu muito”, até mais do que o ex-chefe da Secom Fábio Wajngarten. “Ele vai voltar e vai ter que dizer como é que ele diz que nunca é tarde, depois de 425 mil mortes”, afirmou. “Não é tarde para você, ministro, que não perdeu nenhum familiar, amigos”.

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Com informações O Estado de S.Paulo

Fotos: Jefferson Rudy/Agência Senado e Ariel Costa

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