A maior apreensão de madeira da história do Brasil virou motivo de atrito entre a Polícia Federal e Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente do governo, Jair Bolsonaro.
O ministro foi na quarta-feira, 31/3, ao Pará, onde fez uma espécie de verificação da operação. Salles apontou falhas na ação e tem dito que há elementos para achar que as empresas investigadas estão com a razão.
Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o chefe da PF do Amazonas, Alexandre Saraiva, 50, diz que é a primeira vez que vê um ministro do Meio Ambiente se manifestar de maneira contrária a uma ação que visa proteger a floresta amazônica.
“É o mesmo que um ministro do Trabalho se manifestar contrariamente a uma operação contra o trabalho escravo”, afirma. A apuração do caso está sob seu comando.
Saraiva declarou que tudo que foi apreendido desde dezembro do ano passado, mais de 200 mil metros cúbicos de madeira, é produto de ação criminosa. Ele afirmou também que as empresas até agora não apresentaram documentos requisitados pela PF.
“É como se um carro fosse parado na estrada, a polícia pedisse o documento, e o condutor não tivesse em mãos ou entregasse um sobre um Fusca, quando estava dirigindo um Chevette”, afirmou o delegado, que concluiu seu doutorado sobre o tema em fevereiro.
“Se a documentação estiver dentro da lei, liberaremos a madeira na hora. A possibilidade disso acontecer, na minha opinião, é perto de zero”, emendou.
Há mais de dez anos ocupando cargos de superintendente na Polícia Federal (Roraima, Maranhão e Amazonas, agora), ele disse que as investigadas na ação não podem nem ser chamadas de empresas. “Trata-se de uma organização criminosa.”
“Na Polícia Federal não vai passar boiada”, disse, usando termo utilizado por Salles em reunião ministerial do ano passado.
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