Por Prof. MSc. Mourão Junior – Colunista do Portal Convergente
13 de agosto: Dia do Economista
Inteligência que move territórios
Em 13 de agosto de 1951, com a sanção da Lei nº 1.411, o Brasil reconheceu oficialmente a profissão de economista. Mais do que uma data no calendário, esse marco consolidou a importância de um ofício que opera nos bastidores do crescimento, que traduz a complexidade dos mercados e das políticas públicas em decisões que impactam diretamente a vida das pessoas.
🧠 “O economista é um analista estratégico, um profissional que interpreta cenários, cria modelos, avalia riscos e propõe caminhos. É quem transforma dados brutos em ação planejada.”
— Um pensamento, uma convicção, uma missão.
E se isso é verdade em qualquer canto do país, no Amazonas é ainda mais urgente.
A Amazônia, com toda sua riqueza natural e seus desafios logísticos, sociais e estruturais, precisa de mentes técnicas e corajosas. De profissionais capazes de pensar um modelo de desenvolvimento que preserve sem paralisar, que integre sem explorar, que multiplique oportunidades em vez de concentrar renda.
No Estado do Amazonas, o economista é mais do que um analista de mercado: ele é um arquiteto de alternativas. É quem formula políticas públicas sustentáveis, desenha cadeias produtivas na bioeconomia, calcula o impacto da Zona Franca no PIB regional e aponta caminhos para diversificar a matriz econômica sem perder de vista o capital ambiental e humano da região.
Mais do que isso: os economistas são verdadeiros embaixadores do desenvolvimento regional. Somos nós que recebemos os empresários, analisamos a viabilidade dos empreendimentos, estruturamos os projetos de incentivos para o CODAM, SUFRAMA e SUDAM. Cada aprovação técnica, cada parecer bem embasado, cada plano econômico bem desenhado representa mais empregos, mais renda, mais dignidade para a população amazônida.
O economista e a Zona Franca: cérebro, bússola e alarme
A Zona Franca de Manaus não é apenas um aglomerado de fábricas — é uma construção institucional complexa, sustentada por incentivos fiscais, marcos legais e estratégias econômicas que precisam ser pensadas com profundidade. E pensar é tarefa para economistas.
Se a indústria da ZFM é o músculo da economia regional, o economista é o cérebro que analisa, projeta e corrige os rumos. Somos nós que alertamos quando a balança comercial ameaça desequilibrar, que denunciamos a concentração de faturamento em poucos setores, que defendemos ajustes nos PPBs para alinhar tecnologia e geração de emprego.
💬 “Mais do que nunca, é hora de resgatar o protagonismo dos economistas nos conselhos deliberativos, nas decisões estratégicas para o futuro do Amazonas e da ZFM, nos gabinetes e fóruns onde se discutem os incentivos que moldam nosso destino. Não dá mais para terceirizar o pensamento sobre a Zona Franca. O desenvolvimento da Amazônia exige mais do que boas intenções — exige inteligência econômica aplicada.”
A bússola da ZFM precisa ser recalibrada constantemente — e quem entende de vetores de desenvolvimento, cadeias produtivas e impacto fiscal é o economista. Sem esse olhar técnico, a Zona Franca corre o risco de virar apenas um enclave de renúncia tributária, desconectado do futuro que o Brasil precisa construir para a Amazônia.
O Norte não pode ser nota de rodapé no PIB nacional
Historicamente, a Região Norte tem sido tratada como uma fronteira distante dos grandes centros econômicos. O protagonismo nacional ainda se concentra no eixo Sul-Sudeste, enquanto o Norte segue enfrentando desigualdades estruturais, ausência de infraestrutura e baixa densidade industrial.
É aqui que o economista entra como peça-chave: precisamos de gente que compreenda os números, mas que também enxergue além das planilhas. Que consiga transformar estatísticas em políticas públicas, dados em argumentos, e ideias em projetos viáveis.
Sem economistas comprometidos com a região, não há como mensurar impactos, corrigir desequilíbrios ou articular novos arranjos produtivos locais. O Norte não pode mais ser visto como extensão geográfica: ele precisa ser pensado como prioridade de Estado. E isso só acontece com economistas liderando esse movimento.
Guardiões da sustentabilidade com resultado
Todo mundo fala de sustentabilidade — mas poucos entendem que ela só se concretiza com planejamento técnico e viabilidade econômica. Bioeconomia, créditos de carbono, ativos florestais, logística verde… tudo isso precisa de economistas.
Sem um modelo econômico que funcione na prática, a floresta continua sendo apenas uma paisagem. É preciso mais do que slogans ambientais: é preciso transformar biodiversidade em desenvolvimento justo e permanente.
A Amazônia exige uma nova economia — e essa nova economia exige economistas capacitados, éticos e visionários.
CORECON-AM/RR e universidades: onde nascem os guardiões da Amazônia
Nenhum economista nasce pronto — ele é forjado no calor dos debates, nas análises de conjuntura, nas salas de aula onde teoria e realidade se enfrentam. E é nesse processo que as universidades e o CORECON-AM/RR cumprem um papel vital: formar, orientar e representar os profissionais que o Amazonas precisa.
As instituições de ensino superior não apenas ensinam teoria econômica — elas moldam a consciência crítica, social e territorial dos futuros economistas. É ali que se compreende que PIB não é só número, que política fiscal é ferramenta de justiça, e que desenvolvimento não pode ser importado: tem que ser construído, com olhar amazônico e soluções locais.
Já o CORECON-AM/RR, enquanto órgão de representação profissional, atua como ponte entre os economistas e a sociedade. Defende o exercício ético e técnico da profissão, fiscaliza e valoriza o conhecimento aplicado — e, mais do que nunca, se posiciona como defensor intransigente da Zona Franca de Manaus e do desenvolvimento regional com inteligência econômica.
É nos pareceres técnicos, nos fóruns públicos, nas audiências e nos conselhos que o Conselho Regional faz valer a voz dos que estudaram para pensar o Amazonas com responsabilidade.
Não há ZFM forte sem economistas preparados. E não há economistas preparados sem universidades engajadas e Conselhos atuantes. É dessa tríade — conhecimento, ética e representatividade — que nascem as soluções que a Amazônia merece.
Quando pensar é resistir – e transformar
O Dia do Economista não é apenas uma celebração de carreira. É um lembrete de que pensar o desenvolvimento é um ato político, técnico e profundamente necessário.
Num mundo onde o improviso virou política pública, o economista é resistência. É quem insiste na racionalidade, na projeção de cenários, na busca por eficiência sem abrir mão da justiça social. É quem sabe que sem planejamento, até o crescimento vira armadilha.
A Amazônia precisa de quem pense, sim. Mas acima de tudo, precisa de quem pense com e para ela.
Por Prof. MSc. Mourão Junior – Colunista do Portal Convergente
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